Mato Grosso do Sul, 2 de julho de 2025
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Dólar cai mais de 12% e ibovespa tem melhor desempenho desde 2016 no primeiro semestre de 2025

Especialistas destacam influência do cenário internacional no fluxo de capital estrangeiro, mas alertam para desafios fiscais que ainda afetam o país

O primeiro semestre de 2025 trouxe surpresas significativas para o mercado financeiro brasileiro, com o dólar registrando uma queda expressiva de 12,08%, fechando cotado a R$ 5,433, e o Ibovespa alcançando seu melhor desempenho desde 2016, renovando máximas históricas. Essa reversão acontece em meio a um contexto internacional marcado por incertezas políticas e econômicas, mas também por oportunidades que atraíram investimentos para o Brasil.

No fim do ano passado, o dólar chegou a bater R$ 6,26, valor nominal recorde desde a implantação do real, e a expectativa de juros futuros indicava uma taxa Selic de até 17%, refletindo um ambiente de aversão ao risco e instabilidade. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, permanecia abaixo dos 120 mil pontos, sinalizando desconfiança dos investidores. No entanto, entre dezembro de 2024 e junho de 2025, o quadro mudou consideravelmente.

Esse movimento está intimamente relacionado às oscilações do cenário externo, especialmente com o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e os conflitos emergentes no Oriente Médio, que geraram volatilidade global. Apesar dessas turbulências, o mercado brasileiro conseguiu se reerguer. Levantamento da consultoria Elyas Ayta aponta que o Ibovespa teve seu melhor desempenho em um primeiro semestre desde 2016, um marco importante diante do contexto adverso.

Além disso, os investidores reajustaram suas expectativas para a taxa de juros no Brasil. A curva de juros para dezembro de 2025 caiu de 17% para cerca de 14,93%, indicando um certo otimismo com a perspectiva de desaceleração do ciclo de alta da Selic promovido pelo Banco Central.

Entretanto, apesar desses avanços, a questão fiscal ainda é vista como um entrave para o mercado. Especialistas alertam que o cenário interno permanece incerto e que o governo e o Congresso precisam avançar no diálogo para garantir estabilidade. A incerteza em relação à dívida pública e a recente elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) criaram desconfiança entre os investidores, afetando a confiança no país.

A trajetória do dólar em 2025 pode ser dividida em dois momentos: antes e depois da posse de Donald Trump, em 20 de janeiro. Durante sua campanha, Trump adotou uma postura protecionista, ameaçando impor tarifas a parceiros comerciais, o que gerou apreensão e valorizou o dólar, já que se esperava que o Federal Reserve elevasse juros para conter a inflação. No entanto, com o início do mandato, Trump adotou uma posição mais moderada, o que fez o dólar recuar parte dos ganhos obtidos no fim de 2024.

A volatilidade continuou em fevereiro, quando o presidente americano anunciou tarifas contra México, Canadá e China, dando início a uma série de idas e vindas nas negociações comerciais globais. Em abril, um aumento abrupto nas tarifas – conhecido como “tarifaço” foi pausado dias depois, assim como a escalada das tensões entre Washington e Pequim, interrompida em maio.

Para Luan Aral, especialista em câmbio da Genial Investimentos, essa imprevisibilidade afetou a confiança nos ativos americanos, provocando uma realocação de investimentos para mercados emergentes, como o Brasil. “Se tem uma coisa que o investidor preza é previsibilidade, e, nesse momento, o investidor não consegue prever os próximos meses nos Estados Unidos”, observa. Outro fator que pesa para essa movimentação é o aumento esperado da dívida americana, com um projeto de lei que deve acrescentar trilhões de dólares à dívida nacional, aumentando as dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal do país.

No Ibovespa, as maiores altas do primeiro semestre refletem setores variados, com destaque para a Cogna, que registrou valorização de 162,9%. Também se destacaram Assaí (+99,16%), Yduqs (+96,94%), Direcional (+75,85%) e CVC (+70,29%). Marcel Andrade, chefe da área de soluções de investimento da SulAmérica Investimentos, comenta que as ações ligadas à economia doméstica, sensíveis às taxas de juros, conseguiram se recuperar diante da perspectiva de fim do ciclo de alta da Selic. Setores como energia elétrica e bancos também apresentaram desempenho positivo.

Para Zanlorenzi, do BTG, a resiliência das empresas e seus indicadores microeconômicos têm sustentado a alta da bolsa, mesmo em um ambiente restritivo. “As empresas estão mostrando resultados sólidos, o que ajuda a manter o interesse dos investidores”, afirma.

Mesmo com esses avanços, o cenário fiscal ainda preocupa. O mercado vê com ceticismo a possibilidade de solução rápida para os desafios fiscais, especialmente diante dos embates entre Executivo e Legislativo. Grübler, da AWM, alerta para os riscos caso a incerteza persistam, o que poderia causar dispersão nos investimentos em ativos de risco no país. “Precisamos que os poderes conversem mais e cheguem às mesmas conclusões”, conclui.

O primeiro semestre de 2025, portanto, destaca-se pela combinação entre um cenário externo complexo e a capacidade do mercado brasileiro em atrair capital e recuperar valor, mesmo diante das incertezas internas. O desafio para os próximos meses será manter essa trajetória positiva, superando os obstáculos fiscais e garantindo confiança aos investidores.

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