Mato Grosso do Sul, 1 de junho de 2025
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Dólar dispara e atinge R$ 5,72 em meio a tensões comerciais e incertezas fiscais no Brasil

Atritos entre Estados Unidos e China, além de disputas internas no mercado brasileiro, impulsionam valorização da moeda norte-americana no encerramento de maio

O dólar encerrou a sexta-feira, 30 de maio, com uma valorização expressiva, atingindo R$ 5,72, em um contexto marcado por tensões comerciais globais, incertezas sobre a política fiscal brasileira e a disputa pela formação da taxa Ptax no fim do mês. O avanço da moeda norte-americana reflete não apenas o cenário externo, mas também pressões típicas do mercado doméstico em momentos decisivos como o fechamento da referência cambial.

A alta do dólar à vista foi de 0,96%, encerrando o dia cotado a R$ 5,7205. No acumulado da semana, a moeda subiu 1,30%, enquanto no mês de maio a valorização foi de 0,78%. Na B3, o dólar para liquidação em julho — que passou a ser o contrato mais negociado — apresentou avanço de 0,83%, alcançando R$ 5,7530 às 17h05.

A cotação do dólar comercial fechou com compra e venda a R$ 5,720, enquanto no dólar turismo a venda ficou em R$ 5,678 e a compra em R$ 5,858.

O ambiente internacional foi determinante para a trajetória da moeda nesta sessão. A retórica combativa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu os temores de uma escalada na disputa comercial com a China. Em declaração incisiva, Trump acusou a China de ter “violado totalmente” o acordo tarifário firmado com os Estados Unidos. O recrudescimento das tensões comerciais gerou incertezas nos mercados globais e fortaleceu o dólar em relação a diversas moedas, incluindo o real.

O episódio mais emblemático foi a decisão de um tribunal federal de apelações dos Estados Unidos que restabeleceu as tarifas impostas por Trump, após uma reversão da Corte de Comércio Internacional, que havia suspendido as mesmas tarifas no dia anterior. A corte justificou sua decisão anterior alegando que o presidente teria extrapolado sua autoridade, usurpando prerrogativas que cabem ao Congresso. A batalha judicial sinaliza um prolongamento das incertezas sobre o futuro das tarifas e das relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Em outro movimento que adicionou instabilidade ao mercado, Trump afirmou que a China não cumpriu um acordo celebrado recentemente, no qual ambos os países haviam se comprometido a reduzir tarifas por um período de 90 dias. A percepção de que a Casa Branca mantém determinação em aplicar as tarifas, mesmo diante de obstáculos judiciais, reforçou a aversão ao risco nos mercados internacionais.

Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, destacou: “Há uma leitura de que a Casa Branca está determinada a aplicar essas tarifas. Mesmo que a ordem judicial seja revertida, há a percepção de que o governo norte-americano utilizará outros mecanismos legais para sustentar a imposição dessas taxas.”

Os dados divulgados pelo governo dos Estados Unidos sobre o índice de preços de gastos com consumo (PCE), indicador preferido de inflação do Federal Reserve, também influenciaram o mercado. O PCE registrou alta de 0,1% em abril, após permanecer estável em março. Na comparação anual, houve desaceleração para 2,1%, ante 2,3% em março. Embora os números tenham vindo em linha com as expectativas, eles reforçaram a perspectiva de que o Fed manterá as taxas de juros inalteradas no curto prazo, com possível corte apenas em setembro.

No cenário doméstico, o fechamento da taxa Ptax contribuiu para a volatilidade. A Ptax, calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, serve como parâmetro para liquidações de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros atuam intensamente para direcionar a taxa a níveis que favoreçam suas posições, acirrando os movimentos de compra e venda no mercado de câmbio.

Além disso, o mercado local reagiu à divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro referente ao primeiro trimestre de 2025. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia nacional cresceu 1,4% entre janeiro e março, em comparação com o trimestre anterior. Na comparação anual, o avanço foi de 2,9%, abaixo da expectativa de 3,2% apurada em pesquisa da Reuters.

A agropecuária destacou-se como o principal motor da expansão econômica, com crescimento de 12,2% no período, respondendo por aproximadamente 6,5% do PIB. O desempenho robusto do setor amenizou as preocupações quanto a uma desaceleração mais intensa da economia brasileira.

Em função dos resultados do PIB e das pressões inflacionárias, as apostas majoritárias do mercado indicam que o Banco Central manterá a taxa Selic em 14,75% ao ano na próxima reunião de política monetária em junho. A expectativa é de pausa na trajetória de alta, após a elevação de 0,5 ponto percentual realizada neste mês.

O comportamento do mercado cambial brasileiro permanece, portanto, fortemente atrelado ao ambiente externo, especialmente às decisões da política comercial dos Estados Unidos e às sinalizações do Federal Reserve. Internamente, o panorama fiscal e os dados econômicos seguem no radar, com potencial para influenciar a trajetória da moeda nos próximos meses.

A combinação de fatores externos e domésticos reforça a cautela entre investidores e analistas, enquanto o dólar continua a oscilar em patamares elevados, refletindo a instabilidade que permeia a economia global e brasileira.

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