Mato Grosso do Sul, 6 de junho de 2025
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Dólar encerra o dia em alta a R$ 5,64, contrariando tendência global, com foco em pacote fiscal e cenário político interno

Moeda norte-americana sobe apesar de movimento de baixa no exterior, em meio a tensões políticas no Brasil e negociações comerciais entre Estados Unidos e China
(Foto: Dimas Ardian/Bloomberg
(Foto: Dimas Ardian/Bloomberg

O dólar à vista encerrou esta quarta-feira cotado a R$ 5,6450, com avanço de 0,14% em relação ao fechamento anterior. A valorização ocorreu na contramão do mercado internacional, onde a moeda norte-americana perdeu força frente à maioria das demais divisas. O movimento interno foi influenciado pelas incertezas em torno do pacote fiscal em discussão no Congresso Nacional e pela divulgação de uma nova pesquisa apontando queda na popularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante o início da sessão, o dólar chegou a se aproximar da marca de R$ 5,60, refletindo um maior apetite por risco nos mercados globais. Contudo, ao longo do dia, a moeda norte-americana retomou fôlego diante do real, impulsionada pelas expectativas quanto ao encaminhamento do pacote fiscal, que visa substituir o polêmico aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Na terça-feira, o dólar havia fechado em baixa de 0,65%, a R$ 5,6373, acumulando no ano perdas de 8,64%. O dólar comercial encerrou a sessão com cotação de compra e venda a R$ 5,645. Já o dólar turismo foi negociado com preços de venda a R$ 5,672 e compra a R$ 5,852.

Cenário internacional aponta tendência de baixa para o dólar, mas Brasil se descola

No cenário internacional, o dólar apresentou queda de 0,12%, com o índice que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta de seis divisas recuando para 99,041 pontos. O movimento global de baixa decorreu da expectativa de que um possível telefonema entre o ex-presidente norte-americano Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping pudesse amenizar as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

A Casa Branca havia sinalizado, na terça-feira, que Trump e Xi poderiam dialogar ainda nesta semana, poucos dias após a troca de acusações entre os dois países acerca do alegado descumprimento de um acordo firmado no mês anterior, que visava a redução de tarifas e restrições comerciais.

O ambiente global também refletiu otimismo em relação ao avanço das negociações comerciais dos Estados Unidos com outros parceiros econômicos, com Trump tendo estabelecido esta quarta-feira como prazo final para que os países apresentassem suas “melhores ofertas” e evitassem a aplicação de tarifas mais elevadas a partir de julho.

No entanto, o endurecimento da política comercial dos Estados Unidos seguiu preocupando os mercados, especialmente após Trump assinar um decreto que dobrou as taxas sobre importações de aço e alumínio para 50%. A decisão adicionou um elemento de cautela às operações financeiras internacionais.

“A economia norte-americana segue pressionada com as falas e tomadas de decisão de Trump e, com isso, os mercados emergentes acabam se beneficiando”, analisou Lucélia Freitas, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.

Além disso, dados divulgados pelo setor privado indicaram uma desaceleração do mercado de trabalho nos Estados Unidos. O relatório da ADP apontou a abertura de apenas 37 mil vagas em maio, número significativamente abaixo da expectativa de 110 mil empregos, conforme levantamento da agência Reuters. Ainda nesta quarta-feira, o Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) divulgaria sua pesquisa sobre o desempenho do setor de serviços no mesmo período.

Fatores internos reforçam movimento de valorização do dólar no Brasil

Apesar do ambiente internacional favorável a moedas emergentes, o real não conseguiu acompanhar o movimento de valorização frente ao dólar, em virtude de fatores domésticos que adicionaram instabilidade ao mercado financeiro brasileiro.

Entre os principais pontos de atenção esteve a tramitação do pacote fiscal, que busca alternativas ao recente decreto que elevou as alíquotas do IOF. A elevação do imposto, proposta pelo Ministério da Fazenda, gerou críticas intensas e resistência dentro do Congresso Nacional, levando o governo a negociar um novo conjunto de medidas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou apoio aos esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e dos líderes do Congresso para encontrar soluções consensuais que preservem o equilíbrio fiscal sem onerar excessivamente a sociedade. Haddad, por sua vez, declarou que as novas propostas serão divulgadas apenas após reunião com lideranças partidárias, prevista para ocorrer no próximo domingo.

O ambiente político foi ainda impactado pela divulgação de uma nova pesquisa de opinião que apontou queda na popularidade do governo, fator que elevou o grau de incerteza quanto à capacidade de articulação do Executivo para aprovar as medidas fiscais necessárias.

Em meio a esse contexto, o Banco Central realizou na manhã desta quarta-feira dois leilões simultâneos de linha, consistentes na venda de dólares com compromisso de recompra, totalizando uma oferta de até US$ 1 bilhão. A medida buscou fornecer liquidez ao mercado cambial e suavizar a volatilidade da moeda.

Expectativas para os próximos dias

O comportamento do dólar frente ao real nos próximos dias seguirá condicionado tanto pela evolução das negociações fiscais em Brasília quanto pelos desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos. A possibilidade de um entendimento entre Washington e Pequim, que contribua para reduzir as tensões comerciais globais, pode reforçar o apetite por risco e beneficiar moedas de países emergentes, como o Brasil.

Internamente, a capacidade do governo de construir consenso em torno do novo pacote fiscal será determinante para conter a pressão cambial e garantir a estabilidade dos mercados financeiros.

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