Na última sexta-feira (28), o dólar fechou com uma leve alta, mantendo-se praticamente estável frente ao real, mas registrando uma elevação de 0,82% na semana. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 5,75, com os investidores aguardando o impacto das novas tarifas de importação dos Estados Unidos, que devem ser aplicadas na próxima semana.
A cotação do dólar comercial teve um pequeno aumento de 0,13%, fechando acima dos R$ 5,75. Durante o dia, o dólar para abril, que é o mais negociado no Brasil, subiu 0,33%, sendo cotado a R$ 5,7635. Na quinta-feira, a moeda também registrou alta de 0,44%, fechando a R$ 5,7580.
Além disso, os valores do dólar turismo também sofreram variação. A cotação de compra ficou em R$ 5,812 e a de venda, em R$ 5,992. Esse movimento de alta no mercado cambial reflete um clima de expectativa diante das negociações comerciais internacionais.
O que aconteceu com o dólar hoje?
O mercado de câmbio foi marcado por perdas de diversas divisas emergentes, especialmente das latino-americanas, com os investidores demonstrando receio sobre os próximos passos econômicos dos Estados Unidos. O anúncio das novas tarifas de importação dos EUA, prometido para a próxima quarta-feira (2 de abril), deixou os mercados financeiros apreensivos. Além disso, cresceu o temor de uma desaceleração econômica mais acentuada nos EUA, somada a uma inflação persistente acima das metas do Federal Reserve.
De acordo com Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group, o mercado já está se preparando para um ambiente mais desafiador com o anúncio das tarifas e a expectativa de retaliações comerciais de outros países. “Hoje, vemos um movimento de aversão ao risco mais forte, com uma postura mais defensiva dos investidores, o que acaba prejudicando as moedas emergentes”, afirmou.
A aversão ao risco também afetou o mercado de juros dos EUA, refletindo na queda das taxas dos Treasuries. No entanto, essa movimentação teve um impacto mais leve no mercado cambial brasileiro. O real ainda se manteve relativamente forte, ajudado pelo custo elevado da Selic, que torna o carregamento de posições em dólar mais caro.
O otimismo com a geração de empregos no Brasil, com a divulgação do Caged de fevereiro, também contribuiu para o desempenho da moeda brasileira. Foram registradas 431.995 vagas de trabalho no período, superando as expectativas do mercado, que previam 330 mil novas vagas.
Contudo, o economista Miraglia destaca que a manutenção do real ainda depende de fatores técnicos e do comportamento da política econômica do Brasil. “Se houver uma piora na percepção do risco fiscal e político, isso pode levar a uma desvalorização do real, o que torna mais provável que o dólar suba em relação ao real até o final do ano”, afirmou.
No cenário internacional, o índice DXY, que mede a força do dólar contra outras moedas fortes, caiu cerca de 0,30%, e a taxa dos Treasuries de 10 anos também recuou mais de 2%, indicando uma menor confiança no mercado de títulos do governo dos EUA. A inflação nos Estados Unidos continua a ser um tema central, com o índice de preços de consumo (PCE) mostrando uma elevação nos gastos com bens e serviços, o que reforça as preocupações sobre o aumento dos custos no país.
Com o mercado aguardando ansiosamente as decisões do Federal Reserve e o impacto das tarifas, a próxima semana promete ser decisiva para as moedas globais e pode trazer novas volatilidades para o mercado cambial brasileiro.
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