Em um cenário global marcado por tensão e volatilidade, a sexta-feira foi de contrastes no mercado cambial brasileiro. Enquanto o mundo acompanhava com apreensão os desdobramentos do ataque de Israel ao Irã — movimento que elevou a aversão ao risco e impulsionou o dólar internacionalmente —, o Brasil seguiu na contramão. Por aqui, a moeda norte-americana chegou a operar em alta durante a manhã, mas perdeu força nas horas seguintes e encerrou o dia praticamente estável frente ao real.
O dólar à vista fechou cotado a R$ 5,5413, com leve baixa de 0,04% em relação à véspera. O comportamento destoante refletiu um movimento técnico interno de venda por parte de agentes do mercado que decidiram aproveitar as cotações mais elevadas do início do pregão para realizar lucros, o que amenizou os efeitos da instabilidade externa sobre o câmbio nacional.
Na semana, a divisa acumulou uma desvalorização de 0,52%, e no acumulado do ano, o dólar já recua expressivos 10,32% em relação ao real. O desempenho reflete não apenas fatores externos, mas também fundamentos internos, como a percepção de responsabilidade fiscal do governo brasileiro e os avanços no controle da inflação.
No mercado futuro, o dólar com vencimento em julho, o contrato mais líquido atualmente negociado na B3, apresentava leve alta de 0,04%, sendo cotado a R$ 5,5590 às 17h05. Mesmo com a oscilação pontual, o cenário da semana foi de firmeza do real frente à divisa norte-americana.
O ataque israelense ao território iraniano, ocorrido durante a madrugada, gerou preocupações quanto à escalada do conflito no Oriente Médio, região estratégica para a produção de petróleo. A resposta dos mercados foi imediata: os preços internacionais do petróleo dispararam e o dólar subiu frente a diversas moedas, principalmente de países emergentes. No entanto, no Brasil, a moeda americana enfrentou resistência.
Segundo analistas do mercado financeiro, a resiliência do real pode ser explicada, em parte, pela forte presença de exportadores aproveitando a valorização do dólar para fechar contratos de câmbio, injetando moeda estrangeira no mercado e favorecendo a taxa de câmbio local. Além disso, o real vem sendo impulsionado por fundamentos macroeconômicos que agradam investidores, como a trajetória de queda da inflação, uma política monetária relativamente conservadora e os esforços do governo federal para manter o equilíbrio das contas públicas.
No câmbio comercial, o dólar encerrou o dia com taxa de compra em R$ 5,541 e de venda no mesmo patamar. Já o dólar turismo foi cotado a R$ 5,57 na compra e R$ 5,75 na venda, mantendo-se dentro da faixa observada ao longo dos últimos dias.
Embora os acontecimentos no cenário internacional tenham potencial de desestabilizar os mercados, a tendência de médio prazo do câmbio no Brasil dependerá não apenas do contexto geopolítico, mas também da condução da política fiscal e monetária pelo governo federal. O comportamento do real tem demonstrado robustez diante de choques externos recentes, mas permanece vulnerável a surpresas negativas, especialmente se os conflitos no Oriente Médio se intensificarem ou se surgirem dúvidas sobre o compromisso fiscal do país.
Por ora, a estabilidade cambial observada nesta sexta-feira sugere que o mercado brasileiro segue atento, mas ainda confiante em fundamentos internos que, ao menos por enquanto, conseguem neutralizar a turbulência externa. A próxima semana deve manter os investidores em alerta, de olho nos desdobramentos diplomáticos e nas movimentações dos bancos centrais globais, especialmente o Federal Reserve, cujas decisões de juros seguem sendo um fator central para os fluxos cambiais internacionais.
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