O dólar comercial encerrou a quinta-feira, 4 de julho, em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,4047 para venda, marcando o menor patamar desde 24 de junho de 2024, quando havia encerrado o dia a R$ 5,3904. A valorização do real frente à moeda norte-americana se deu em meio a um cenário misto, no qual dados robustos do mercado de trabalho dos Estados Unidos foram contrabalançados por um consistente fluxo de entrada de recursos estrangeiros para investimentos em portfólio no Brasil.
Desde as primeiras horas da manhã, os mercados operavam com atenção redobrada ao relatório payroll, principal termômetro da geração de empregos nos Estados Unidos, que revelou a criação de 147 mil vagas fora do setor agrícola em junho. O resultado superou a expectativa dos analistas, que previam 110 mil novos postos. Com isso, os rendimentos dos Treasuries os títulos do Tesouro americano avançaram e, inicialmente, o dólar ganhou força globalmente.
No entanto, o fortalecimento da moeda foi temporário. No Brasil, a entrada de capital estrangeiro, sobretudo direcionado ao mercado de ações, inverteu a tendência. Por volta das 9h51, após a divulgação do payroll, o dólar chegou a atingir a máxima do dia em R$ 5,4485, em alta de 0,54%. Mas, ao longo da sessão, o fluxo de entrada de recursos externos direcionou o mercado para o terreno negativo.
“O dólar subiu com o payroll, mas caiu com o fluxo de estrangeiros, ficando praticamente no zero a zero. No fim do dia, prevaleceu o sinal negativo”, avaliou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora. A percepção geral é de que, embora o relatório americano tenha sido positivo, os investidores seguem atentos à possibilidade de cortes de juros nos Estados Unidos, o que reduz a atratividade do dólar frente a moedas emergentes.
Com os mercados norte-americanos encerrando suas operações às 14h (horário de Brasília) e permanecendo fechados nesta sexta-feira devido ao feriado da Independência dos Estados Unidos, a liquidez foi reduzida, contribuindo para um comportamento mais volátil e técnico da moeda.
Ainda assim, os juros futuros passaram a precificar apenas 80% de chance de corte da taxa básica pelo Federal Reserve em setembro, abaixo dos 98% registrados antes da divulgação dos dados. A possibilidade de redução em julho foi praticamente descartada pelos operadores, diante da força demonstrada pelo mercado de trabalho norte-americano.
No mercado futuro da B3, o dólar com vencimento em agosto o mais líquido no momento caía 0,39% às 17h04, sendo negociado a R$ 5,4410. No acumulado de 2024, o dólar à vista registra uma queda de 12,53%, refletindo o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e o apetite de investidores estrangeiros por ativos brasileiros.
A taxa básica de juros brasileira (Selic), atualmente em 15%, continua sendo um importante atrativo para o capital estrangeiro, sobretudo diante das incertezas em relação à política monetária nos Estados Unidos. A manutenção de uma taxa elevada no Brasil favorece a entrada de dólares para aplicações financeiras, contribuindo para a valorização do real.
Durante a manhã, o Banco Central do Brasil realizou a operação diária de rolagem de contratos de swap cambial tradicional e vendeu integralmente a oferta de 35 mil contratos. A atuação, considerada técnica, visa evitar distorções no mercado cambial sem necessariamente interferir diretamente na tendência da moeda.
No cenário externo, o dólar manteve-se forte frente a outras moedas globais. Às 17h12, o índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana em relação a uma cesta de seis divisas principais, registrava alta de 0,45%, sendo cotado a 97,188 pontos.
Os valores praticados no fechamento da sessão apontaram o dólar comercial a R$ 5,412 para compra e R$ 5,413 para venda. Já o dólar turismo estava cotado a R$ 5,451 para compra e R$ 5,631 para venda.
A leitura dos analistas é de que, apesar das variações de curto prazo causadas por fatores externos como o payroll e os Treasuries, a tendência do dólar no Brasil segue influenciada pelo fluxo positivo de recursos e pela expectativa de continuidade do diferencial de juros favorável.
O mercado permanece atento à agenda econômica dos próximos dias, especialmente aos desdobramentos da política monetária nos Estados Unidos e às movimentações fiscais no Brasil. Até lá, a valorização do real pode continuar encontrando suporte no interesse de investidores estrangeiros, que veem na economia brasileira oportunidades atrativas mesmo em meio ao ambiente global incerto.
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