Em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, moeda americana fecha a semana com leve queda, mas incertezas seguem no radar do mercado
O dólar encerrou a sexta-feira com leve recuo frente ao real, mas o alívio foi pontual. A tensão entre Estados Unidos e China continua em alta e segue assustando os investidores no mundo todo. A guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta ganhou um novo capítulo nesta semana, com retaliações pesadas de ambos os lados e impacto direto nas bolsas, nas commodities e, claro, nas moedas emergentes.
A moeda norte-americana caiu 0,49% nesta sexta e foi cotada a R$ 5,8698 no fechamento. Mesmo assim, acumulou uma leve alta de 0,54% na semana. Isso mostra que, apesar da queda pontual, o clima de instabilidade segue pressionando o câmbio.
A China anunciou um aumento drástico das tarifas sobre produtos dos Estados Unidos, que agora chegam a até 125%. Essa medida veio como resposta à decisão do presidente norte-americano Donald Trump de elevar as taxas sobre produtos chineses para um patamar recorde de 145%. O efeito dominó dessas decisões tem gerado pânico no mercado, provocando reações imediatas nos preços de commodities, nos investimentos e na confiança global.
Durante a manhã, o dólar chegou a bater R$ 5,81, na mínima do dia, e R$ 5,91, na máxima. O sobe e desce reflete exatamente a volatilidade que tomou conta do mercado. Investidores tentam entender qual será o próximo movimento dessa guerra comercial que parece não ter fim.
Os países emergentes, como o Brasil, sentem o impacto diretamente. O real foi beneficiado nesta sexta pelo desempenho positivo de outras moedas da América Latina, como o peso mexicano, o peso chileno e o rand sul-africano. A alta nas commodities como petróleo e minério de ferro ajudou a trazer algum respiro, mas nada que elimine a instabilidade da semana.
Mesmo com o dólar em queda, o valor do dólar turismo ainda assusta quem precisa comprar moeda para viajar: a venda chegou a R$ 6,105. É um valor alto que reflete o medo de uma recessão nos Estados Unidos, a perda de força da moeda americana e as expectativas de inflação crescente.
Analistas apontam que esse cenário pode ficar ainda mais complicado caso a guerra comercial continue. A dependência das empresas norte-americanas da produção chinesa, somada ao aumento dos custos com tarifas, pode gerar inflação e desaceleração econômica nos EUA. Segundo especialistas, isso faz com que o mercado comece a perder a confiança no “excepcionalismo americano”, ou seja, na ideia de que os EUA seriam um porto seguro para o capital.
No Brasil, os dados internos trouxeram um pouco de alívio. O Banco Central mostrou que a economia brasileira cresceu acima do esperado em fevereiro, puxada pelo setor agropecuário. Já o IBGE apontou uma desaceleração da inflação em março, com o IPCA chegando a 5,48% no acumulado de 12 meses. Esses dados deram fôlego ao real, mas o risco externo segue dominando o cenário.
Nesta sexta, o Banco Central brasileiro também interveio no mercado para conter oscilações e vendeu todos os 20 mil contratos de swap cambial ofertados, o que ajuda a reduzir a pressão sobre o dólar.
Mesmo assim, os analistas alertam: o clima é de cautela. Qualquer nova rodada de tarifas ou declarações agressivas entre Estados Unidos e China pode provocar mais turbulência. O investidor segue com os olhos atentos e o bolso na defensiva.
Enquanto isso, quem precisa de dólar para viajar, importar ou negociar continua à mercê dos ventos internacionais. E, pelo jeito, essa tempestade comercial ainda está longe de acabar.
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