O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (2/4) um pacote de tarifas sobre produtos importados, em uma tentativa de impulsionar a economia americana e reduzir a dependência de produtos estrangeiros. O Brasil está entre os países afetados e terá uma tarifa fixa de 10% sobre seus produtos enviados ao mercado norte-americano.
A medida faz parte de uma política mais ampla do governo Trump, que tem adotado uma postura protecionista nas relações comerciais internacionais. O tarifaço também afeta outros países, incluindo Reino Unido, Cingapura, Chile, Austrália e Turquia, que também sofrerão com a taxação de 10%. Enquanto isso, setores específicos, como o de automóveis, serão ainda mais impactados, com tarifas de até 25%.
No pronunciamento em que anunciou a medida, Donald Trump destacou que a política de tarifas visa proteger a indústria americana e garantir empregos para os trabalhadores locais. “Os Estados Unidos estão cansados de ser explorados. A partir de agora, os países que impõem barreiras contra nós vão sentir o impacto das nossas próprias tarifas”, declarou Trump.
Reação do Brasil e medidas de retaliação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se posicionou contra a decisão de Trump e afirmou que o Brasil buscará contestar a medida junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). Lula também indicou que, caso a reclamação formal não tenha efeito, o governo brasileiro pode adotar tarifas de retaliação sobre produtos norte-americanos.
No Congresso Nacional, parlamentares discutem medidas para proteger o mercado brasileiro das decisões unilaterais dos Estados Unidos. O Senado aprovou o Projeto de Lei da Reciprocidade Econômica, que prevê sanções contra países que imponham barreiras comerciais ao Brasil. Entre as medidas previstas no projeto estão:
- Adoção de tarifas extras sobre produtos importados dos EUA;
- Suspensão da concessão de patentes de empresas norte-americanas;
- Revisão dos acordos comerciais assinados entre Brasil e Estados Unidos.
O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), autor da proposta, defendeu uma postura firme diante do tarifaço de Trump. “O Brasil não pode aceitar passivamente esse tipo de medida. Precisamos reagir para proteger nossa economia e nossos empregos”, afirmou.
Outros países também reagem ao tarifaço de Trump
A decisão do governo americano também provocou reações em outros países afetados. O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, declarou que o tarifaço prejudica a histórica parceria comercial entre os dois países e que o Canadá pode responder com suas próprias tarifas sobre produtos dos EUA. Já a presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que seu governo estuda maneiras de minimizar os impactos da medida sobre os trabalhadores mexicanos, evitando uma guerra comercial direta com Washington.
Na Europa, a União Europeia classificou a medida de Trump como “prejudicial ao comércio global” e está avaliando uma retaliação econômica. Emmanuel Macron, presidente da França, declarou que a UE não aceitará imposições comerciais unilaterais dos Estados Unidos. O bloco europeu cogita adotar tarifas sobre produtos norte-americanos no valor de até 26 bilhões de euros (aproximadamente R$ 160 bilhões).
Tarifaço de Trump por países
País | Tarifas impostas aos EUA (%) | Tarifa recíproca aplicada pelos EUA (%) |
---|---|---|
China | 67% | 34% |
União Europeia | 39% | 20% |
Vietnã | 90% | 46% |
Taiwan | 64% | 32% |
Japão | 46% | 24% |
Índia | 52% | 26% |
Coreia do Sul | 50% | 25% |
Tailândia | 72% | 36% |
Suíça | 61% | 31% |
Indonésia | 64% | 32% |
Malásia | 47% | 24% |
Camboja | 97% | 49% |
Reino Unido | 10% | 10% |
África do Sul | 60% | 30% |
BRASIL | 10% | 10% |
Bangladesh | 74% | 37% |
Impacto no Brasil e no Mercado Financeiro
A nova taxação pode prejudicar setores da economia brasileira que dependem do mercado norte-americano, como o de aço, alumínio e agronegócio. Exportadores temem que a medida de Trump reduza a competitividade dos produtos brasileiros nos Estados Unidos, afetando empregos e investimentos no país.
No mercado financeiro, os impactos foram imediatos. O dólar fechou em alta de 1,7%, atingindo R$ 5,30, enquanto o índice Ibovespa caiu 2,3%, refletindo a preocupação dos investidores com possíveis perdas para as exportações brasileiras.
Diplomatas brasileiros já foram enviados a Washington para tentar negociar a exclusão do Brasil de algumas das tarifas impostas. O governo também avalia estreitar relações comerciais com outros países para reduzir a dependência do mercado norte-americano.
Nos próximos dias, a tensão entre Brasil e Estados Unidos pode aumentar, e novas medidas podem ser adotadas para tentar reverter os impactos do tarifaço. O futuro das relações comerciais entre os dois países segue incerto.
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