O governador João Doria (PSDB) anunciou nesta quinta-feira, 11, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, a ampliação de novas medidas restritivas para tentar frear os casos de contaminações e de mortes por covid-19 no estado de São Paulo. Entre as mudanças, está a proibição de eventos esportivos profissionais, cultos e missas em igrejas.
O comércio também terá regras mais rígidas. Lojas de material de construção, por exemplo, não poderão abrir. Demais lojas e restaurantes estão proibidas de operar com serviço de retirada presencial, apenas delivery (24h) ou drive-thru, das 5h às 20h.
Atividades administrativas não essenciais terão de instituir o teletrabalho de maneira obrigatória. Essa medida vale tanto para empresas privadas quanto para órgãos públicos.
As regras da chamada “fase emergencial” vão começam a valer na segunda-feira, 15, e valem até 30 de março.
As escolas estaduais também sofrerão mudanças, com adiantamento de férias por 15 dias. Já as escolas municipais e particulares terão autonomia para decidir se fecham ou não. Na rede estadual, merendas continuarão sendo servidas para os alunos que precisarem.
Também está ficará proibido do uso de parques e praias em todo o estado durante o período.
Além disso, o estado passará a adotar toque de recolher das 20h às 5h. O governo, no entanto, ainda não esclareceu no que ele se diferencia do toque de restrição, que já está em vigor, apenas adiantou que a fiscalização será ampliada.
Recomendações
O governo paulista ainda recomenda que as empresas façam o escalonamento do horário de entrada de funcionários da indústria, comércio e serviços, para evitar aglomerações no transporte público.
A recomendação é seguinte:
5h-7h: trabalhadores da indústria
7h-9h: trabalhadores de serviços
9-11h: trabalhadores do comércio
A gestão estadual ainda recomenda o uso de máscara em ambientes internos, inclusive entre familiares de residências diferentes.
A ampliação de regras mais rígidas foi necessária porque a sensação do centro de contingência do coronavírus no estado é que a atual fase vermelha, adotada no dia 6 de março, não diminuiu a circulação de pessoas, nem freou o avanço do coronavírus.
“Se não conseguirmos implantar as medidas, muita gente vai morrer. Mesmo com o melhor plano de saúde, o empreendedor com muito dinheiro na conta, também vai morrer. Não vai ter leito para todo mundo e os médicos vão ter de optar por quem ocupará os leitos”, disse João Gabbardo, coordenador do Centro de Contingência, durante a coletiva de imprensa.
Mais cedo, em um vídeo divulgado nas redes sociais, o governador já tinha adiantado que tomaria novas ações contra o vírus mesmo que custasse sua popularidade.
“O Brasil está colapsando e se nós não frearmos o vírus, não será diferente aqui em São Paulo”, afirmou Doria. “É a única forma, repito, é a única forma para tentarmos neste momento conter a aceleração das mortes”.
Mortes à espera de leitos
Com o agravamento da pandemia no estado, vários hospitais estão lotados na capital e no interior. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, até ontem, 1.930 pessoas com covid-19 esperavam por leitos no estado.
Ao menos 11 pacientes morreram em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, pela falta de vagas em UTI.
Na quarta-feira, o o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, admitiu que não será possível a abertura de novos leitos na velocidade necessária para suprir a demanda.
Na terça-feira, São Paulo registrou 517 mortes pelo novo coronavírus, um recorde de óbitos no estado desde começo da pandemia.