No primeiro trimestre de 2025, a Eletrobras registrou um prejuízo líquido de R$ 81 milhões, revelando um cenário contábil impactado por fatores extraordinários e estratégicos, mas que também espelha os esforços da companhia em reestruturação e otimização após sua capitalização. O resultado, divulgado em balanço nesta semana, foi majoritariamente influenciado por uma revisão regulatória promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que impactou diretamente os ativos da Chesf, subsidiária vinculada à holding.
O ajuste promovido pela agência reguladora na base de ativos da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco, uma das maiores fornecedoras de energia da empresa, gerou um impacto contábil de R$ 952 milhões, valor que foi integralmente absorvido nos números do trimestre. Embora não represente uma perda financeira operacional direta, a revisão foi determinante para o resultado negativo registrado entre janeiro e março.
Mesmo diante desse cenário, a Eletrobras sustentou um discurso de confiança em sua trajetória de reequilíbrio. As despesas operacionais, classificadas como PMSO (pessoal, material, serviços e outros), registraram queda de 28% em relação ao último trimestre de 2024 e de 8% quando comparadas ao mesmo período do ano anterior. A direção da companhia afirma que o movimento é fruto de políticas de reestruturação interna, com readequação do quadro funcional e racionalização de processos administrativos e operacionais.
Um ponto de destaque positivo no relatório foi a redução do passivo relacionado aos empréstimos compulsórios. Esse tipo de dívida, originado por cobranças realizadas diretamente nas contas dos consumidores finais ao longo das décadas passadas para financiar a expansão do sistema elétrico nacional, vinha sendo objeto de litígios judiciais há anos. Desde a capitalização da Eletrobras, em 2022, o estoque dessa dívida vem encolhendo de forma constante. Somente nos três primeiros meses de 2025, houve uma redução de R$ 447 milhões em relação ao trimestre anterior. Na comparação anual, o recuo atinge R$ 2,9 bilhões, levando o montante atual a R$ 13,1 bilhões uma queda expressiva frente aos R$ 26,1 bilhões registrados antes do processo de capitalização.
Segundo o presidente da Eletrobras, Ivan Monteiro, o desempenho do primeiro trimestre reflete um novo momento para a companhia. Ele reforçou que o foco agora está na busca por maior eficiência operacional, sem abrir mão da segurança dos ativos, da integridade dos trabalhadores e da responsabilidade socioambiental. Monteiro destacou que as medidas em curso integram uma estratégia sólida de transformação e modernização da empresa, visando garantir sustentabilidade e crescimento nos próximos anos.
Apesar do resultado negativo, o período foi marcado por investimentos expressivos. A companhia destinou R$ 912 milhões a projetos estruturantes no setor energético nacional. Embora represente uma queda de 25% em relação ao mesmo período de 2024, o valor reflete, segundo a empresa, a finalização de grandes obras. Entre elas, destaca-se o parque eólico de Coxilha Negra, instalado em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, que entrou em operação no mês de abril com capacidade de geração de 302,4 megawatts. A iniciativa, que demandou um investimento total superior a R$ 2,4 bilhões, já começa a injetar energia limpa e renovável no sistema.
Outro projeto de grande porte em curso é o Linhão Manaus-Boa Vista, que está com 87% das obras concluídas e previsão de entrega para o segundo semestre de 2025. A linha de transmissão, que permaneceu paralisada por mais de uma década por entraves legais e questões ambientais, tem papel estratégico para a integração energética do país. Com sua conclusão, todos os estados brasileiros estarão finalmente conectados ao sistema interligado nacional. O projeto representa um investimento de R$ 3,3 bilhões e simboliza um avanço histórico na infraestrutura energética do Brasil.
Com o término de obras estratégicas e o avanço da reorganização administrativa, a Eletrobras busca consolidar sua posição como agente protagonista na modernização e sustentabilidade do setor elétrico brasileiro. A companhia aposta na credibilidade conquistada ao longo de sua história, aliada a uma governança mais eficiente e transparente, para superar os desafios e responder às exigências do mercado e da sociedade.
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