Mato Grosso do Sul, 18 de abril de 2025
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Enquanto Mato Grosso do Sul sofre com seus problemas, parlamentares mandam milhões para fora do estado

Deputados e senadoras eleitos para defender o povo sul-mato-grossense usam emendas para beneficiar projetos em outros estados
Imagem - Divulgação
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Enquanto o povo de Mato Grosso do Sul enfrenta dificuldades nos hospitais, estradas esburacadas, escolas precisando de melhorias e produtores rurais lutando por apoio, alguns dos parlamentares eleitos para defender os interesses da população no Congresso Nacional estão, na verdade, cuidando de outras freguesias. Isso mesmo. Em vez de priorizar quem os colocou no poder, resolveram usar dinheiro público para financiar projetos em estados onde sequer pediram voto.

Levantamento recente revelou que os deputados federais Marcos Pollon e Rodolfo Nogueira, ambos do PL, junto com as senadoras Soraya Thronicke (Podemos) e Tereza Cristina (PP), enviaram juntos mais de R$ 11,8 milhões em emendas para fora de Mato Grosso do Sul nos anos de 2023 e 2024. Esse tipo de atitude, embora não seja considerado ilegal, entrou no radar do Supremo Tribunal Federal, que já colocou limites nesse tipo de repasse.

A prática virou polêmica porque, ao serem eleitos por um estado, os deputados e senadores têm a obrigação de representar os interesses da sua base eleitoral. Mas o que se vê, na prática, são milhões sendo direcionados para São Paulo, Rio de Janeiro e outros lugares, enquanto cidades sul-mato-grossenses seguem esperando melhorias que nunca chegam.

O caso mais simbólico é o da senadora Soraya Thronicke. Em 2023, ela enviou nada menos que R$ 8 milhões para uma ONG do Rio de Janeiro chamada Instituto de Desenvolvimento Socioambiental (IDS), que atua com projetos de agricultura familiar. Segundo Soraya, a justificativa era ajudar na “profissionalização e comercialização da produção” dos agricultores. A ONG chegou a realizar feiras em Mato Grosso do Sul, mas o grosso do dinheiro ficou mesmo no Rio.

Como se não bastasse, a senadora ainda mandou R$ 500 mil para o Fundo Estadual de Saúde de São Paulo. Tudo isso enquanto hospitais e postos de saúde de municípios do interior do seu estado enfrentam falta de estrutura, médicos e medicamentos.

Já o deputado Marcos Pollon, em agosto de 2024, enviou R$ 1 milhão para uma empresa de São Paulo produzir uma série documental chamada “Heróis Nacionais”. Segundo ele, é um projeto “cultural e conservador” para contar histórias do Brasil. O curioso é que ele foi o que mais destinou verba para esse projeto, enquanto outros deputados do próprio PL, como Delegado Ramagem e Bia Kicis, mandaram valores bem menores.

Rodolfo Nogueira também entrou na lista. Em abril do ano passado, ele destinou R$ 1 milhão para o Fundo Estadual de Saúde de São Paulo. A justificativa? Até agora, nenhuma explicação clara que mostre como isso ajuda quem mora em Dourados, Ponta Porã, Três Lagoas ou qualquer outro município de Mato Grosso do Sul.

Tereza Cristina, por sua vez, repassou R$ 1,37 milhão para São Paulo em três emendas diferentes. Uma foi em 2023 e as outras duas em 2024. Em nenhum dos casos ficou evidente qual o benefício real que esse dinheiro trouxe para o estado que ela representa no Senado.

O problema vai além da falta de compromisso. Esse tipo de comportamento político escancara uma prática antiga de usar o cargo para fortalecer alianças políticas em outros estados ou apoiar projetos pessoais, em vez de investir em demandas reais e urgentes da população que vive e trabalha em Mato Grosso do Sul.

O Supremo Tribunal Federal já se posicionou sobre esse tipo de situação e, desde agosto de 2023, proibiu o uso de emendas individuais do tipo Pix para fora da base eleitoral do parlamentar. Esse tipo de emenda permite o repasse direto de dinheiro público, sem exigência prévia de explicação ou fiscalização antecipada. Na prática, virava uma “porteira aberta” para o dinheiro sair livremente do estado de origem.

Segundo dados levantados por veículos nacionais, apenas no último ano, mais de R$ 252 milhões foram enviados por parlamentares para estados onde não foram eleitos. Em quatro anos, esse número chega a R$ 550 milhões. De Mato Grosso do Sul, os R$ 11,8 milhões enviados por quatro parlamentares ajudam a inflar essa conta absurda.

Enquanto isso, moradores de cidades pequenas no Pantanal, na fronteira e no interior seguem esperando o mínimo: uma estrada decente, um posto de saúde funcionando, uma escola com estrutura e um hospital equipado. Mas parece que os representantes do estado no Congresso têm prioridades bem diferentes daquelas que prometeram nas campanhas.

Fica o questionamento: até quando os sul-mato-grossenses vão ser esquecidos pelos seus próprios representantes? Quando é que o voto do povo vai, de fato, ser respeitado com ações concretas dentro do nosso estado?

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