Mato Grosso do Sul, 17 de março de 2025
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Ex-coordenador da Apae é preso ao tentar fugir do Brasil com milhões de reais desviados

Paulo Henrique Muleta Andrade tentou ocultar patrimônio e obstruir investigações sobre desvio de verba pública ao tentar obter empréstimo milionário para fugir para a Europa.
Foto usada por Paulo Henrique em perfil na internet (Foto: reprodução / redes sociais)
Foto usada por Paulo Henrique em perfil na internet (Foto: reprodução / redes sociais)

Em mais um capítulo de um escândalo que envolveu grandes desvios de dinheiro público, Paulo Henrique Muleta Andrade, ex-coordenador da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), foi preso nesta segunda-feira (10), pela segunda vez, após tentar obstruir a investigação que apura o desvio de mais de R$ 8 milhões da entidade. Ele estava com R$ 412.400,00 investidos em sua conta bancária, mas tentou transferir R$ 411 mil para terceiros, o que chamou a atenção das autoridades. A ação de hoje faz parte das investigações do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que continuam em andamento.

O ex-coordenador tentou usar esse dinheiro para fugir do Brasil, tendo inclusive solicitado autorização judicial para viajar à Espanha e participar de um casamento. Contudo, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul demonstrou que as ações de Andrade indicam um plano claro de fuga. Em mensagens enviadas a um contador, o ex-coordenador teria comentado sobre a possibilidade de obter um empréstimo milionário para deixar o país e escapar da investigação, afirmando “ver se pego um empréstimo milionário e fujo do Brasil”. A defesa de Andrade ainda não se manifestou publicamente, mas a situação do investigado é cada vez mais complicada, com os indícios de fraude e lavagem de dinheiro aumentando.

O caso de Andrade é apenas a ponta do iceberg. As investigações começaram em 2021 e envolvem um esquema de desvio de dinheiro da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que destinava recursos para o tratamento de pacientes ostomizados na Apae. Junto a empresários e outros agentes públicos, Paulo Andrade teria utilizado empresas de fachada para simular vendas e repasses para a rede pública de saúde. O valor desviado ultrapassa os R$ 8 milhões, e, segundo o Gaeco, a operação tem revelado uma série de fraudes em licitações.

O ex-coordenador já havia sido preso anteriormente, em novembro de 2023, durante a deflagração da Operação Turn Off, que descobriu fraudes em licitações e contratos envolvendo o setor de saúde pública em Campo Grande. Na ocasião, foram presos outros envolvidos no esquema, incluindo empresários e ex-servidores públicos, o que evidenciou a complexidade do caso.

Durante essa operação, foi possível detectar que o desvio de verbas era bem articulado, com o envolvimento de diversas empresas de fachada que haviam sido registradas especificamente para simular transações comerciais que, na realidade, não existiam. O golpe envolvia a manipulação de documentos falsificados, contratos fraudulentos e a execução de contratos superfaturados para a venda de materiais e serviços médicos que nunca foram entregues. Como resultado, diversos pacientes e usuários da Apae foram prejudicados, já que os recursos públicos não chegaram a ser aplicados corretamente.

O mais recente episódio, que levou à prisão de Paulo Andrade, envolve a tentativa de ele transferir valores antes de ser investigado mais a fundo. Além disso, o Gaeco revelou que, antes de sua prisão, o ex-coordenador tentou se desfazer de R$ 500 mil para impedir o bloqueio da conta e ainda solicitou cidadania italiana para facilitar sua fuga para o exterior.

A Apae, por meio de nota, reiterou que não tem qualquer envolvimento com as irregularidades e que está colaborando com as investigações, reforçando seu compromisso com a ética e transparência em sua gestão. A instituição afirmou ainda que, apesar de ter sido vítima dos desvios, mantém sua dedicação ao atendimento das pessoas com deficiência, assegurando que os recursos desviados não foram utilizados de forma alguma em benefício da entidade. A Apae também afirmou que tomará todas as medidas legais possíveis para garantir que os responsáveis por esses crimes sejam punidos de acordo com a lei.

Com a prisão de Paulo Andrade, as autoridades agora concentram seus esforços em seguir a trilha do dinheiro e localizar outros envolvidos no esquema de fraude e desvio de verbas. O Gaeco segue investigando e realizando ações para combater a corrupção e garantir que os responsáveis por essa situação sejam devidamente punidos.

Além disso, o Ministério Público tem se comprometido a monitorar rigorosamente todas as movimentações financeiras relacionadas ao caso, com o objetivo de identificar outros envolvidos e bloqueando quaisquer tentativas de ocultação de patrimônio ilícito. De acordo com o promotor responsável, é possível que outros membros da rede de corrupção sejam identificados e responsabilizados pelos prejuízos causados.

O ex-coordenador também é investigado em outros processos, relacionados a fraudes em contratos públicos e lavagem de dinheiro. As investigações apontam que a atuação de Andrade pode ter se estendido para diversas outras áreas, envolvendo empresas fictícias que estavam se beneficiando de contratos superfaturados. Caso seja comprovada a extensão dos crimes, o valor desviado poderá ser ainda maior do que o inicialmente identificado.

A prisão de Andrade também serve de alerta sobre a necessidade de vigilância constante sobre entidades que lidam com recursos públicos, especialmente aquelas que atendem a populações vulneráveis, como pessoas com deficiência. A luta contra a corrupção e a impunidade continua, e o trabalho do Ministério Público e do Gaeco tem sido fundamental para desmantelar essas redes de desvio de dinheiro público e garantir que a justiça seja feita.

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