Mato Grosso do Sul, 14 de junho de 2025
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Ex-ministro e ex-ajudante de Bolsonaro são presos por tentativa de fuga e obstrução de investigação

Polícia Federal aponta articulação para obtenção de passaporte português para Mauro Cid e levanta suspeita de plano de evasão do país; Gilson Machado é apontado como intermediador da ação

A Polícia Federal prendeu na manhã desta sexta-feira o ex-ministro do Turismo Gilson Machado, acusado de tentar interferir nas investigações que envolvem o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. De acordo com as autoridades, Machado teria atuado para facilitar a emissão de um passaporte português com o objetivo de viabilizar a saída de Cid do Brasil, configurando possível tentativa de obstrução da Justiça.

A investigação indica que o ex-ministro buscou o consulado de Portugal, localizado em Recife, cidade onde reside, no mês de maio deste ano. A ação, interpretada como uma tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, motivou a abertura de inquérito e a autorização judicial para sua prisão. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), existem elementos sugestivos de que Machado teria agido para frustrar a aplicação da lei penal, facilitando a fuga de Mauro Cid.

A atuação do ex-ministro foi interpretada pela Polícia Federal como uma manobra para evitar o encerramento da fase de instrução processual, prevista para ocorrer em breve. A PGR destacou que, embora o passaporte não tenha sido emitido, a tentativa em si já configura um ato de interferência indevida. A solicitação de medidas cautelares, como a prisão e a quebra de sigilos de Gilson Machado, foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Mauro Cid, por sua vez, também foi alvo de uma nova ordem de prisão nesta sexta-feira, relacionada ao mesmo suposto plano de evasão. A medida foi revogada pouco antes de ser executada, mas a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do militar. Cid já responde como réu na ação penal da chamada “trama golpista”, que investiga os atos que teriam sido planejados para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota eleitoral de 2022.

Em depoimentos anteriores, Cid havia firmado acordo de colaboração premiada com a PF e vinha prestando informações sobre o funcionamento da estrutura paralela supostamente montada no governo Bolsonaro, inclusive envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), além de investigações sobre as joias sauditas.

Foto: Valter Campanato

Gilson Machado, que foi titular da pasta do Turismo durante o governo Bolsonaro e mantém proximidade com o ex-presidente, declarou-se surpreso com as acusações. Segundo ele, a busca por atendimento no consulado português foi motivada por questões familiares, relacionadas à documentação de seu pai, e não por Mauro Cid. “Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai”, afirmou em entrevista.

Apesar da negativa, a Polícia Federal afirma que Machado já havia demonstrado interesse em serviços de assessoria para obtenção de cidadania portuguesa ainda em janeiro de 2023, pouco antes da primeira prisão de Mauro Cid. A cronologia dos fatos levantou suspeitas adicionais e embasou o pedido de prisão preventiva.

A Procuradoria-Geral da República pontuou que é necessário o aprofundamento das apurações para confirmar se houve, de fato, uma ação deliberada de obstrução, mas considerou que os indícios justificam a imposição de medidas restritivas. A nova frente de investigações reforça o cerco judicial em torno dos aliados mais próximos de Bolsonaro, que têm sido sistematicamente envolvidos em denúncias de crimes contra o Estado democrático de direito.

Além de Gilson Machado e Mauro Cid, outros 29 nomes foram denunciados pela PGR por envolvimento na organização de uma tentativa de golpe de Estado. As investigações continuam em curso, com novas diligências previstas para os próximos dias.

A repercussão das prisões deve intensificar o debate político sobre os desdobramentos do governo anterior e a responsabilização de seus principais articuladores. Especialistas apontam que o avanço nas investigações poderá trazer implicações eleitorais e jurídicas importantes para o futuro da direita brasileira.

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