O ex-vereador de Campo Grande Cláudio Jordão de Almeida Serra Filho, conhecido como Claudinho Serra, foi preso na manhã desta quinta-feira, 5 de junho, no âmbito da quarta fase da Operação Tromper, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) em Campo Grande e Sidrolândia, no estado de Mato Grosso do Sul. A operação tem como foco o combate a uma sofisticada rede de corrupção, que envolve fraudes em licitações públicas e desvio de recursos destinados a obras municipais.
Claudinho Serra foi detido em seu apartamento, localizado no condomínio de alto padrão Platinum, na Rua da Paz, bairro Jardim dos Estados, em Campo Grande. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela Justiça de Sidrolândia e cumprido por agentes do Gaeco, que também realizaram buscas no local. A caminhonete utilizada pelos policiais foi posicionada dentro da garagem do prédio para garantir discrição e agilidade na condução do ex-parlamentar.
O advogado de Claudinho Serra, Tiago Bunning, acompanhou o cumprimento do mandado, mas declarou que ainda não teve acesso aos autos do processo para conhecer os fundamentos da nova ordem de prisão. “Muito me espanta, depois de 14 meses de uso de tornozeleira, uma nova prisão, sem que tenha havido qualquer violação ou prática de crime nesse período”, afirmou o defensor.
A investigação se refere ao período em que Claudinho Serra atuou como secretário de Fazenda do município de Sidrolândia, durante a gestão de sua sogra, a ex-prefeita Vanda Camilo. Segundo o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), ele seria o líder de um “esquema predatório” que desviava verbas públicas por meio de fraudes sistemáticas em processos licitatórios.
De acordo com as investigações conduzidas pelo Gaeco, além do ex-vereador, outras duas pessoas foram alvo de mandados de prisão preventiva: Carmo Name Júnior, assessor direto de Claudinho Serra, e Cleiton Nonato Corrêa, empresário proprietário da GC Obras de Pavimentação Asfáltica, empresa suspeita de participação ativa no esquema criminoso.
O juiz de Sidrolândia, Bruce Henrique dos Santos Bueno Silva, determinou as prisões com base nos indícios dos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em sua decisão, o magistrado ressaltou que as prisões são necessárias para assegurar a ordem pública e impedir a continuidade dos crimes investigados.
Além das prisões, a quarta fase da Operação Tromper cumpriu 29 mandados de busca e apreensão em diversos endereços relacionados aos investigados. Entre os alvos, constam ex-servidores municipais, empresários e membros de famílias politicamente influentes na região.
Entre os nomes citados estão Mariana Camilo Serra, esposa de Claudinho Serra; Arielle Sousa, ex-secretária de Esportes e esposa do vereador Cledinaldo Cotócio; Luiz Carlos Alves, ex-secretário de Saúde; e Jonas Kachorroski, engenheiro e ex-chefe do setor de planejamento urbano. A lista inclui ainda Ivanir Rosane Dischkaln Areco, conhecida como “Baixinha”, diretora de Planejamento; Cezar Pereira de Queiroz, conselheiro tutelar; Barbara Fabricio Liçarassa, ex-chefe de compras e licitações; e diversos outros ex-servidores e empresários vinculados à administração pública de Sidrolândia.
As investigações apontam que o esquema criminoso movimentou valores milionários por meio de contratos superfaturados e pagamentos indevidos a empresas ligadas direta ou indiretamente aos investigados. De acordo com o MPMS, o grupo utilizava empresas de fachada para simular concorrência em processos licitatórios e garantir o direcionamento dos contratos.
Claudinho Serra já havia sido preso anteriormente, em abril de 2024, na terceira fase da mesma operação. Na ocasião, permaneceu detido por 23 dias e foi liberado mediante medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica, cujo monitoramento se manteve até a presente data. Sua defesa alegou que, desde então, ele não cometeu nenhuma infração ou violação das medidas impostas pela Justiça.
Além de Claudinho, o assessor Carmo Name Júnior e o empreiteiro Cleiton Nonato Corrêa também foram presos nesta nova etapa da operação. A decisão judicial enfatizou que os três são figuras centrais no funcionamento da organização criminosa e que a liberdade deles poderia comprometer o andamento das investigações e a integridade das provas.
Outros alvos importantes da operação incluem empresários como Edmilson Rosa, da AR Pavimentação e Sinalização, e diversos ex-servidores da prefeitura de Sidrolândia, entre eles Marcus Vinícius Rossentini de Andrade Costa, Thiago Rodrigues Alves, e Janderson Coimbra. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em oficinas mecânicas e residências de ex-servidores, incluindo uma no bairro São Bento, em Sidrolândia.
A Operação Tromper teve início em 2023 e desde então vem desmantelando um esquema que, segundo os promotores, comprometeu de maneira grave a gestão pública em Sidrolândia, localizada a 71 quilômetros de Campo Grande. A cada nova fase, os investigadores aprofundam a identificação de participantes e o mapeamento dos fluxos financeiros ilícitos.
O Gaeco, em conjunto com o MPMS, reafirma o compromisso de combater o crime organizado e a corrupção na administração pública, destacando que as ações buscam não apenas punir os responsáveis, mas também recuperar os recursos públicos desviados e garantir que os serviços essenciais à população não sejam comprometidos pela má gestão e pela prática de ilícitos.
Por ora, os presos permanecem à disposição da Justiça, e novas diligências não estão descartadas, uma vez que as investigações continuam em andamento.
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