Mato Grosso do Sul, 23 de junho de 2025
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Execução em Campo Grande revela passado conturbado e surpreende moradores do Jardim Aeroporto

Homem com histórico criminal e trajetória de superação é morto a tiros durante comemoração familiar; crime reacende alerta sobre violência urbana e passado mal resolvido
Foto: Osmar Veiga
Foto: Osmar Veiga

Haroldo dos Santos Gil, de 44 anos, foi executado a tiros no último sábado, 21 de junho, no bairro Jardim Aeroporto, em Campo Grande. O crime, que ocorreu em plena luz do dia e a poucos metros de uma conveniência onde amigos e familiares celebravam o aniversário de um ano do comércio, chocou a vizinhança e reacendeu as discussões sobre a violência urbana e os efeitos de um passado não superado.

Conhecido na região como ‘Ito Boby Italo’, Haroldo acumulava pelo menos 20 passagens pela polícia ao longo da vida, envolvendo crimes como tráfico de drogas, furtos e outras ocorrências. Apesar disso, pessoas próximas relatam que ele havia abandonado o mundo do crime há anos e, desde então, mantinha uma conduta pacífica, com discurso voltado à recuperação e à valorização da vida.

Execução silenciosa e ambiente de festa interrompido

O crime aconteceu em um trecho residencial e tranquilo do Jardim Aeroporto, a uma quadra do ponto comercial mantido pela filha de Haroldo presente que ele mesmo havia dado em sinal de recomeço. Segundo relatos de testemunhas, o homem foi surpreendido por indivíduos armados que chegaram em um veículo Fox de cor preta. Os disparos foram rápidos e certeiros. Logo após o ataque, os autores fugiram sem deixar pistas aparentes.

No local, o clima era de celebração. Amigos, parentes e moradores da vizinhança haviam se reunido para comemorar o aniversário da conveniência. Pouco antes de ser morto, Haroldo havia demonstrado alegria e distribuído sorrisos entre os presentes. Minutos depois, o silêncio foi rompido pelo estampido de tiros, seguido do desespero de quem presenciava o fim abrupto de uma vida marcada por altos e baixos.

“Ele estava muito feliz naquele dia. Era uma comemoração importante para ele e para a filha. Ninguém esperava por isso. Foi tudo muito rápido”, relatou um funcionário do estabelecimento, visivelmente abalado, que preferiu não se identificar. “Ouvi os tiros e corri para dentro. Quando saí, já era tarde.”

Passado marcado por violência e tentativas de recomeço

A trajetória de Haroldo não foi isenta de episódios trágicos. Em 2014, o homem foi alvo de uma tentativa de homicídio semelhante. Na ocasião, foi atingido por disparos de arma de fogo no tórax e no ombro enquanto estava em frente a um conjunto residencial. Apesar da gravidade dos ferimentos, sobreviveu após ser levado às pressas para a Santa Casa de Campo Grande. O autor daquele atentado também fugiu em um veículo — um Fiat Uno, conforme registros policiais.

Nos anos seguintes, Haroldo foi detido algumas vezes, principalmente entre 2015 e 2016, em operações relacionadas ao tráfico de drogas. Contudo, desde então, pessoas próximas afirmam que ele vinha levando uma vida mais tranquila, afastado de confusões, sem novas passagens policiais e engajado em proteger seus familiares dos caminhos tortuosos que ele próprio trilhara no passado.

“Ele era uma pessoa que tinha se transformado. Vivia dando conselhos pra gente, dizia para ficarmos longe das drogas, para cuidarmos da família. Sempre falava que tudo que tinha perdido foi por causa de escolhas ruins. Tinha consciência do que viveu”, comentou o funcionário da conveniência.

Vizinhança em choque e medo que permanece

Moradores do Jardim Aeroporto ainda tentam compreender o que motivou a execução. O silêncio dos vizinhos é marcado pela perplexidade. Para muitos, Haroldo representava uma figura já regenerada, cujos erros haviam sido deixados para trás. O barulho dos tiros, no entanto, trouxe à tona o temor de que antigos vínculos ou rivalidades mal resolvidas ainda possam assombrar a paz da comunidade.

“Eu estava vendo televisão quando ouvi os disparos. Levei um susto tremendo. Nem consegui sair de casa para ver o que tinha acontecido. A gente nunca espera que algo assim ocorra tão perto da gente”, disse uma moradora que vive a poucos metros de onde o crime foi registrado.

A Polícia Civil investiga o caso. A motivação ainda é incerta, mas as autoridades trabalham com a possibilidade de que a execução esteja ligada a conflitos antigos ou dívidas não quitadas. O histórico criminal da vítima e o tipo de execução reforçam essa linha de apuração.

Histórias interrompidas e reflexões que permanecem

A morte de Haroldo dos Santos Gil se soma a tantas outras histórias interrompidas por armas de fogo, em episódios que misturam passado conturbado e tentativas de redenção. A narrativa de um homem que, após anos imerso no mundo do crime, buscava recomeçar e construir um novo legado ao lado da família, acaba abruptamente em meio a tiros e silêncio.

Entre os que o conheciam de perto, fica a lembrança de alguém que, apesar das falhas do passado, demonstrava genuína vontade de fazer diferente. Para os moradores da região, permanece o medo, a sensação de insegurança e a dura realidade de que, mesmo entre os que tentam mudar, o peso das escolhas anteriores pode bater à porta a qualquer momento e cobrar, sem aviso, um preço final.

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