As exportações da China deram um salto inesperado no mês de março, com um crescimento de 12,4% em comparação ao mesmo período do ano passado. A corrida das empresas para despachar seus produtos antes que as novas tarifas dos Estados Unidos entrassem em vigor foi o principal motor dessa disparada. O número surpreendeu especialistas, que apostavam numa alta bem mais modesta, na casa dos 4,4%.
Enquanto as exportações brilharam, as importações andaram na contramão e caíram 4,3%, mostrando que o consumo dentro do país ainda está fraco. Essa queda no ritmo de compras internas acende um alerta vermelho para o governo de Pequim, que agora está pressionado a apresentar medidas para estimular a economia.
A tensão entre China e Estados Unidos aumentou no último mês, quando o governo de Donald Trump anunciou novas tarifas sobre produtos chineses. Algumas dessas tarifas chegam a assustadores 145%, com um acréscimo de 20% sobre itens ligados, segundo os americanos, ao comércio ilegal de fentanil. A resposta da China veio logo em seguida, com tarifas que podem chegar a até 125% sobre mercadorias dos Estados Unidos.
Mesmo diante desse clima tenso, o porta-voz da alfândega chinesa, Lu Daliang, adotou um tom otimista. “O céu não vai cair”, afirmou, numa tentativa de acalmar os mercados e reforçar a confiança na força da economia chinesa. Ele também destacou a resiliência das exportações e a capacidade do país de se adaptar a cenários difíceis.
A pressão das novas tarifas fez as empresas acelerarem embarques, especialmente de eletrônicos, antes que as taxas pesadas começassem a valer. Em paralelo, Washington decidiu suspender temporariamente as tarifas para produtos como smartphones e semicondutores, mas Trump deixou claro que essa isenção é só por enquanto. “Vamos conversar com as empresas”, disse ele, sem dar muitos detalhes.
Mesmo com o aperto vindo dos Estados Unidos, a China conseguiu aumentar suas vendas para o Sudeste Asiático. As exportações para o Vietnã cresceram 19%, e para a Tailândia, 18%. Esses países também foram impactados pelas tarifas americanas, mas temporariamente escaparam das punições.
Apesar da boa notícia em março, o futuro das exportações chinesas ainda é incerto. Analistas como os do banco Goldman Sachs estão prevendo um ritmo mais lento daqui pra frente. Eles inclusive reduziram a previsão de crescimento do PIB da China de 4,5% para 4%, apostando numa forte queda nas vendas para o mercado americano nos próximos meses.

A divulgação do PIB do primeiro trimestre deve acontecer ainda esta semana, e o clima é de expectativa. O Politburo, que é o alto comando do Partido Comunista Chinês, vai se reunir em abril para discutir possíveis estímulos à economia. A meta oficial de crescimento é de cerca de 5% para 2025, mas com a demanda interna fraca e a guerra comercial com os Estados Unidos pegando fogo, o desafio é enorme.
Enquanto isso, as empresas seguem tentando se adaptar a um cenário em constante mudança, equilibrando a busca por novos mercados e o risco de depender demais de parceiros instáveis.
#China #Exportações #EconomiaGlobal #TarifasTrump #GuerraComercial #Pequim #EstadosUnidos #CriseEconômica #Importações #MercadoInternacional #EstímuloEconômico #PIBChina