O mercado do arroz segue em ritmo lento, com os produtores ainda cautelosos e avaliando os impactos das recentes movimentações de exportação. Apesar da estabilidade nos preços, há incertezas sobre o futuro das negociações. “A principal dúvida é se esses novos negócios vão abrir caminho para um ciclo de vendas mais amplo ou se são apenas episódios isolados”, explica o analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
Um dos fatores que movimentaram o setor foi a entrada de uma trading no mercado, comprando arroz na faixa de R$ 82 por saca de 50 quilos, posto no Porto de Rio Grande. Esse preço gerou um certo interesse, especialmente entre os produtores do Litoral e da Zona Sul do Rio Grande do Sul. “Depois dos custos logísticos, esses produtores ainda conseguem uma liquidez razoável, recebendo cerca de R$ 80 por saca”, pontua Oliveira.
Porém, o cenário é menos favorável para os produtores da Fronteira Oeste. “O custo do frete gira em torno de R$ 9 por saca, e somado a outros descontos do processo, reduz significativamente o valor final recebido, que fica em torno de R$ 71 por saca”, exemplifica o consultor.
Com a colheita praticamente encerrada nas principais regiões produtoras, como a Fronteira Oeste gaúcha, as exportações desempenham um papel crucial no equilíbrio entre oferta e demanda. “Historicamente, esse período atrai um maior interesse das tradings internacionais, que buscam oportunidades de compra no Brasil”, destaca Oliveira.
Apesar dessa reação momentânea do mercado, ainda há fatores de pressão que devem ser monitorados. Um dos principais desafios é a forte oferta de arroz no Mercosul, com países vizinhos como Paraguai e Uruguai competindo por compradores internacionais. Esse fator pode limitar a valorização do arroz brasileiro no mercado externo.
Além da concorrência externa, a oscilação do dólar também influencia a atratividade do arroz brasileiro no mercado internacional. Caso o real se desvalorize frente à moeda americana, as exportações podem ganhar fôlego e gerar um impacto positivo nos preços internos. No entanto, uma valorização do real pode prejudicar a competitividade do produto nacional.
Outro fator relevante para o setor é o consumo interno, que ainda não apresenta sinais de crescimento significativo. Mesmo com uma leve recuperação econômica, a demanda doméstica não tem sido suficiente para impulsionar os preços. “O varejo segue pressionando por valores mais baixos, o que afeta a margem de lucro dos produtores”, aponta Oliveira.
Atualmente, o preço médio da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista), principal referência nacional, encerrou a quinta-feira (27) cotado a R$ 79,37. O valor representa uma queda de 1,75% em relação à semana anterior. Quando comparado ao mesmo período do mês passado, a retração é de 13,75%, e em relação a 2024, a desvalorização acumulada chega a 21,77%.
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