Mato Grosso do Sul, 2 de julho de 2025
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Fábio Trad rompe com PSD e reafirma compromisso com a democracia em meio a guinada à direita

Jurista e ex-deputado sul-mato-grossense deixa partido após uma década e denuncia afastamento da sigla dos princípios democráticos
Imagem - Campo Grande News/Reprodução
Imagem - Campo Grande News/Reprodução

Fábio Trad, ex-deputado federal e uma das vozes mais respeitadas da política de Mato Grosso do Sul, anunciou nesta quarta-feira, 2 de julho, seu desligamento do Partido Social Democrático (PSD), após uma jornada de dez anos marcada por lealdade partidária, atuação técnica e defesa intransigente dos princípios democráticos. A decisão, tornada pública por meio das redes sociais, teve tom de ruptura ideológica e foi acompanhada de críticas diretas ao reposicionamento da sigla em direção à direita do espectro político.

“Há momentos em que o contexto político exige escolhas claras. O mundo mudou, o Brasil também. O espaço para o espectro do centro estreitou-se até desaparecer. Hoje, ou se é cúmplice do extremismo de direita, ou se está ao lado do Estado Democrático de Direito. Eu escolho a democracia com clareza e sem ambiguidades”, afirmou Trad, ao comunicar sua saída em nota oficial.

A mensagem, direta e contundente, ecoou nos bastidores de Brasília e nas estruturas políticas do Mato Grosso do Sul, estado onde Trad construiu sua carreira como advogado criminalista e parlamentar. Segundo ele, a decisão foi amadurecida ao longo dos últimos meses e comunicada pessoalmente ao irmão, o senador Nelsinho Trad, e ao presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. “Nelson compreendeu e achou que estou correto”, revelou.

Entre o Direito e a política: a trajetória de Fábio Trad

Formado em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com mestrado em Direito Penal, Fábio Trad é filho do ex-prefeito de Campo Grande, Nelson Trad, e integrante de uma das famílias mais influentes do cenário político sul-mato-grossense. Antes de ingressar na vida parlamentar, destacou-se como advogado criminalista e professor universitário, conhecido por sua atuação firme em defesa das garantias constitucionais e dos direitos humanos.

Sua carreira política teve início em 2010, quando foi eleito deputado federal pelo então PMDB. Posteriormente, migrou para o PSD, onde permaneceu por uma década. Na Câmara dos Deputados, construiu uma reputação de seriedade, equilíbrio e preparo técnico, tendo sido um dos articuladores da reforma do Código de Processo Civil e defensor aguerrido do combate à corrupção dentro dos limites legais e democráticos.

Nos corredores da Câmara, era respeitado inclusive por adversários ideológicos. Sua oratória elegante, sua capacidade de articulação e seu senso de justiça o destacaram em comissões como a de Constituição e Justiça, uma das mais importantes do Congresso Nacional.

Bastidores da decisão e críticas ao extremismo político

Fontes próximas a Fábio Trad revelam que sua saída do PSD vinha sendo cogitada desde o início de 2024, quando a legenda passou a flertar com pautas mais conservadoras e se aproximar de figuras ligadas ao campo ideológico da extrema-direita. A gota d’água teria sido, segundo interlocutores, o apoio velado de membros do partido a discursos antidemocráticos e de desinformação institucional.

Trad, que sempre manteve posição moderada e afinada com os princípios republicanos, teria considerado incompatível permanecer numa agremiação que, segundo ele, “progressivamente se distancia do humanismo e da razão democrática”. A decisão se fortaleceu após conversas com lideranças do campo progressista e acadêmicos que o incentivaram a assumir postura pública mais firme diante da polarização.

“Não se trata apenas de política, mas de valores. Não me movo por cargos ou conveniências, mas por convicções. E não posso, por coerência com minha biografia, silenciar diante de posturas que ameaçam o pacto constitucional de 1988”, teria dito a aliados próximos, em reuniões recentes.

Silêncio sobre futuro partidário, mas afirmação de princípios

Apesar das especulações sobre seu futuro político, Fábio Trad ainda não anunciou filiação a uma nova legenda. Nos bastidores, nomes como PT, PSB, Rede Sustentabilidade e PDT são ventilados como possíveis destinos, especialmente pela afinidade programática. Questionado sobre candidatura futura, ele limitou-se a dizer que “o momento é de reconstrução ética da política”.

A decisão de romper com o PSD surge num momento em que o campo democrático busca rearticular lideranças moderadas capazes de promover diálogo, reconstrução institucional e enfrentamento ao discurso de ódio que se disseminou nos últimos anos.

Compromisso com o Estado de Direito e apelo à consciência política

A saída de Fábio Trad não é apenas um movimento individual. É, sobretudo, um manifesto político contra o avanço de ideias autoritárias e uma convocação à sociedade civil para que recupere o valor da política como instrumento de transformação social. Em sua nota pública, Trad reafirma que continuará atuando na esfera pública, onde sua formação jurídica e seu histórico de atuação lhe conferem autoridade moral e técnica.

“Democracia não é apenas um sistema de governo. É um compromisso cotidiano com o respeito à diversidade, ao diálogo e à dignidade humana. Em tempos sombrios, é preciso coragem para reafirmar esse compromisso”, concluiu o ex-parlamentar.

Enquanto observa os desdobramentos de sua decisão, Fábio Trad permanece no cenário político como uma figura que inspira reflexão, equilíbrio e o apelo à razão em um país ainda marcado pela polarização.

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