Uma investigação meticulosa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul desvendou, na tarde de quinta-feira, 15 de maio, uma verdadeira fábrica clandestina de bebidas alcoólicas falsificadas em pleno coração de Campo Grande. A ação, conduzida por agentes da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra as Relações de Consumo (DECON), culminou na prisão em flagrante de um homem de 31 anos, apontado como líder de um esquema que movimentava milhares de reais por semana e colocava em risco direto a saúde dos consumidores.
O laboratório da fraude funcionava dentro de uma residência no bairro Jardim Eliane, adaptada para a produção, envase e distribuição de bebidas adulteradas, especialmente whisky nacional e importado. A produção era acompanhada da aplicação de selos públicos falsificados que imitavam os da Receita Federal, com o objetivo de conferir aparência de legalidade aos produtos, os quais eram vendidos em larga escala em diversos pontos comerciais da capital sul-mato-grossense.
Segundo levantamento da DECON, o suspeito conseguia escoar aproximadamente 72 garrafas adulteradas por dia em dias úteis, alcançando até 200 unidades nos finais de semana. A estimativa é de que o esquema rendia ao falsificador um lucro médio de R$ 20 mil por semana. Todo o aparato criminoso estava montado com sofisticado equipamento de envase, lacres, rótulos e tampas de marcas reconhecidas no mercado.
Durante o cumprimento do mandado, os agentes apreenderam 87 garrafas já prontas para venda, contendo suposto whisky de marcas internacionais, além de 68 garrafas vazias parte delas importadas e com etiquetas irregulares oriundas do Paraguai. Também foram encontrados 551 selos falsificados, quatro garrafas PET contendo líquidos aromatizantes, 160 tampas, 116 dosadores, soprador térmico e diversos materiais de falsificação. Além do material usado no crime, foram apreendidos itens de luxo, como pulseiras de ouro, relógios caros, uma motocicleta Kawasaki e um automóvel BMW, que indicam o padrão de vida elevado do acusado, custeado possivelmente com os lucros da atividade ilegal.
As investigações se intensificaram após denúncias e apreensões anteriores em estabelecimentos comerciais nos bairros Moreninhas, Centenário e Carandá Bosque. Laudos periciais preliminares demonstraram que as bebidas adulteradas utilizavam líquidos de origem desconhecida, misturados com corantes, álcool industrial e essências aromatizantes, que simulavam sabor de whisky. A embalagem era lacrada com precisão para enganar até mesmo os consumidores mais atentos.
O delegado responsável pela investigação destacou que, além do crime de falsificação, o caso representa uma grave ameaça à saúde pública. “O consumo desse tipo de bebida pode causar intoxicações severas, incluindo cegueira, insuficiência hepática e até a morte. Estamos lidando com produtos que contêm substâncias tóxicas não próprias para o consumo humano”, explicou.
Especialistas em toxicologia confirmam os perigos. O uso de álcool metílico, por exemplo, é comum em esquemas clandestinos e pode provocar desde náuseas e vômitos até lesões neurológicas irreversíveis. Casos de intoxicação já foram registrados em outros estados do país envolvendo bebidas adulteradas com solventes, desinfetantes e conservantes industriais.
As autoridades sanitárias alertam para a importância de o consumidor observar cuidadosamente o selo fiscal, a presença de informações em português nos rótulos e a origem do produto. Bebidas com tampas frouxas, cheiro atípico ou embalagem mal conservada devem ser imediatamente descartadas e comunicadas à vigilância sanitária.

A polícia apura agora quem eram os fornecedores de matéria-prima e quais comerciantes estariam adquirindo essas bebidas. Os receptadores podem responder por indução ao erro do consumidor, crime previsto no Código de Defesa do Consumidor, além de receptação qualificada, com penas que podem ultrapassar oito anos de prisão.
O suspeito já havia sido alertado por outros envolvidos de que estava sendo monitorado, o que o levou a trocar de endereço e a tentar se desfazer dos veículos utilizados no transporte das bebidas. Apesar das precauções, ele acabou surpreendido em flagrante. As investigações continuam e não se descarta a existência de outras fábricas clandestinas com estrutura similar em bairros periféricos da cidade.
A DECON reforça que denúncias anônimas podem ser feitas por telefone ou pelos canais digitais da Polícia Civil, contribuindo para o desmonte de outros esquemas que, assim como este, colocam em risco a vida de milhares de pessoas.
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