A repercussão foi imediata e negativa. A fala do presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, vereador Papy (PSDB), defendendo a ampliação de verbas públicas ao Consórcio Guaicurus como solução para os problemas crônicos do transporte coletivo, desencadeou uma onda de críticas nas redes sociais e reacendeu discussões antigas sobre a concessão do serviço na capital sul-mato-grossense.
A declaração veio em meio à atuação da CPI instaurada para investigar o contrato de concessão, que tem sido alvo de denúncias por ineficiência, precariedade da frota, má prestação do serviço e descumprimento de obrigações contratuais. No entanto, ao invés de apontar para sanções, responsabilizações ou revisão do contrato, Papy sugeriu o aumento da participação financeira do poder público no sistema, o que revoltou milhares de usuários.
O Consórcio Guaicurus já é beneficiado por incentivos consideráveis. Apenas neste ano, a previsão é de que receba R$ 64 milhões entre subsídios e isenção do ISS (Imposto Sobre Serviços). Ainda assim, a população convive diariamente com ônibus velhos, atrasos, veículos sem ar-condicionado e superlotação, gerando sensação de abandono e descrença no serviço público.
“Inimigo do povo” foi a definição dada por um internauta, entre centenas de manifestações publicadas nas páginas do Jornal Midiamax. Outra crítica, feita por Claudimar Souza Feitosa, questionou: “Pede pra ele tirar do bolso dele e dar se ele tá com dó”. Já a moradora Aniban Luna ironizou a proposta: “É dar dinheiro para o consórcio e tirar do povo né vereador? Na próxima eleição a gente vai analisar essa sugestão”.
Cláudia Mariana Vitorino também se manifestou: “Uma palhaçada isso. Já tomam tanto dinheiro e ainda tem que dar mais. Para uma empresa que não faz nada e não tem ônibus de qualidade”. O tom da indignação é recorrente nos relatos. Júlio Cezar Lopes Prieto sugeriu o rompimento do contrato: “Encerrar o contrato é a melhor coisa. Quem depende do transporte público sofre com ônibus caindo aos pedaços e nada fazem para melhorar. Já gastaram mais de R$ 100 mil com essa CPI e agora querem dar mais dinheiro ao consórcio. É pouca vergonha”.
A leitora Lilian Araújo da Silva defendeu abertura de nova licitação: “A solução seria abrir licitação para outras empresas de transporte, acabando com essa máfia do transporte público”. Maria Almeida, em linha semelhante, escreveu: “Deveria abrir concorrência para baratear o custo. Por ter só uma empresa eles deitam e rolam com a população”.
Diante da avalanche de críticas, o vereador Papy tentou minimizar o impacto de suas palavras. “Críticas fazem parte. Falta um pouquinho de esclarecimento a respeito dessa ideia”, afirmou. Disse ainda que a CPI atingiu seu objetivo de esclarecer o contrato e que sua intenção é melhorar o transporte da cidade. Segundo ele, não se trata de repasse direto ao consórcio, mas de uma possível participação pública na gestão do sistema, com base na diferença entre a tarifa técnica (de até R$ 8) e o valor pago pelos passageiros.
“É equivocado dizer que existe dinheiro para o Consórcio. Hoje a tarifa técnica é de 7, 8 reais pelo contrato, mas não dá para cobrar isso da população. Parte disso o município tem que arcar, está previsto em contrato. Algumas pessoas não compreenderam bem o que eu disse”, concluiu.
A polêmica reacende o debate sobre o monopólio do transporte público em Campo Grande, a eficácia dos contratos públicos e a responsabilidade do Legislativo diante da precarização dos serviços essenciais. Com a proximidade do período eleitoral e a intensificação das cobranças sociais, as declarações de figuras públicas, como a de Papy, ganham peso simbólico e político, especialmente quando contrastadas com a realidade de milhares de trabalhadores que dependem do transporte coletivo todos os dias.
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