O caso do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, ocorrido na última quarta-feira em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, não é apenas uma tragédia pessoal, mas também uma revelação das falhas sistêmicas que ainda assolam o atendimento às mulheres vítimas de violência no Brasil. Vanessa, uma profissional respeitada e admirada, foi brutalmente assassinada pelo ex-companheiro Caio Nascimento, mesmo após ter buscado ajuda nas autoridades e informado sobre o risco iminente de retornar para a casa onde o agressor a aguardava.
Em áudio divulgado nesta sexta-feira (14), Vanessa revela o pedido que fez à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) em Campo Grande, relatando a ameaça que corria ao voltar para sua residência. Ela solicitou que fosse acompanhada pela Patrulha Maria da Penha, uma medida prevista no protocolo de avaliação de risco, que deveria garantir sua segurança. No entanto, esse acompanhamento nunca ocorreu, e o pior se concretizou: a vida de Vanessa foi interrompida de forma cruel, deixando não só uma família devastada, mas também um país inteiro refletindo sobre as deficiências do sistema de proteção às mulheres.
O Ministério das Mulheres, ao tomar ciência da tragédia, imediatamente cobrou uma apuração rigorosa dos fatos. Em um ofício enviado à Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o órgão solicitou a abertura de um procedimento investigativo para analisar o atendimento prestado à vítima. Também requisitou que o Ministério Público tome providências sobre a omissão que culminou no assassinato de Vanessa. A indignação é clara: como, em um país onde o feminicídio é uma realidade alarmante, as estruturas de atendimento ainda falham em proteger quem busca ajuda?
O episódio revelou, mais uma vez, a fragilidade do sistema de proteção às mulheres em situação de violência. A atuação de órgãos como a Delegacia da Mulher e a Patrulha Maria da Penha, criados com o intuito de proteger as vítimas e prevenir tragédias, não pode ser vista como um mero protocolo a ser cumprido, mas como uma rede de segurança efetiva. Quando essa rede falha, o resultado é devastador, como ficou claro no caso de Vanessa.
Neste final de semana, uma equipe do Ministério das Mulheres viajará até Campo Grande para dialogar com os representantes da rede de atendimento local. O objetivo é reforçar a importância de políticas públicas eficientes e cobrar responsabilidade de todos os envolvidos. A tragédia de Vanessa Ricarte não pode ser esquecida e deve servir como um alerta sobre a necessidade urgente de melhorias no sistema de atendimento às mulheres vítimas de violência.
O feminicídio de Vanessa Ricarte é um grito de socorro que ressoa não apenas em Mato Grosso do Sul, mas em todo o país. A luta contra a violência de gênero precisa ser contínua, e cada falha no atendimento à vítima representa mais uma vida perdida.
A memória de Vanessa, como de tantas outras mulheres que perderam suas vidas pela violência doméstica, não pode ser apagada. Seu caso precisa ser mais do que uma manchete de jornal; precisa ser o motor de mudanças concretas, para que mais mulheres não sigam o mesmo destino trágico. O Brasil não pode mais tolerar a violência contra as mulheres.
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