Uma novidade deve transformar o dia a dia de quem vive da agricultura orgânica em Campinas, no interior de São Paulo. Os velhos formulários de papel, que tomavam tempo e energia dos produtores para manter a certificação dos alimentos, estão com os dias contados. A Embrapa Territorial firmou uma parceria com a Associação de Agricultura Natural de Campinas (ANC) para lançar uma ferramenta digital que vai deixar tudo mais rápido, prático e eficiente.
A iniciativa foi apresentada em um encontro híbrido realizado no último dia 9 de abril, onde pesquisadores da Embrapa, como Gisele Freitas Vilela e Cristina Criscuolo, capacitaram os membros da ANC sobre o uso do novo sistema. Agora, ao invés de preencher manualmente dezenas de páginas com informações minuciosas sobre o cultivo e a propriedade, os agricultores poderão fazer tudo diretamente pelo celular.
Essa mudança é um alívio para muitos, como o produtor de frutas Issao Kumagai, que participa do processo coletivo de certificação, visitando outras propriedades e trocando experiências. “É uma coisa que facilita o preenchimento e agiliza também o processo de avaliação, fica mais prático”, comemorou.
Atualmente, o preenchimento dos chamados planos de manejo é obrigatório para manter o selo de produção orgânica. O produtor precisa informar detalhes como tipo e quantidade de sementes, métodos de controle de pragas, destino da produção, cuidados com o solo, uso da água e até o que foi feito com o lixo da plantação. Tudo isso passava pelas mãos em forma de papel agora, vai passar pelos dedos, em uma tela.
Segundo Milene Vasconcelos Amedi, secretária do Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac) da ANC, esse avanço já era uma necessidade dos mais de 100 agricultores ligados à associação. “São mais de 30 páginas preenchidas à mão. A digitalização já era uma demanda antiga, e vai ajudar demais no nosso trabalho”, contou.

Mas a novidade não para por aí. Além de facilitar a certificação, o novo sistema vai organizar um banco de dados com tudo que for informado pelos produtores. Isso significa que, com o tempo, será possível ter uma visão geral da produção, previsão de colheita e até entender melhor o perfil de quem planta, o que abre portas para melhorar a comercialização e até atrair investimentos para o setor.
O aplicativo foi desenvolvido de forma colaborativa com organizações como Orgânicos Sul de Minas e Comuna da Terra, de Ribeirão Preto. A ANC será a primeira a usar a versão final da ferramenta, que já passou por ajustes e melhorias.
De acordo com Gisele Freitas Vilela, o momento agora é de testar e colher resultados. “O que a ANC vai usar já é uma solução pronta, em outro nível de testagem. Precisamos que ela seja adotada de fato para que possamos continuar melhorando”, disse a pesquisadora da Embrapa.
O projeto que dá suporte à iniciativa envolve cinco centros de pesquisa da Embrapa — Agrobiologia, Clima Temperado, Gado de Leite, Solos e Territorial, além das Superintendências do Ministério da Agricultura e Pecuária nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. A intenção é que, em breve, produtores de todo o Sudeste e Sul do país também possam usar a mesma tecnologia.
A ANC, fundada em 1991, é referência no sistema participativo de garantia. Ao lado dos consumidores e dos próprios agricultores, ela busca manter a confiança na produção limpa e natural, valorizando o trabalho de quem cultiva respeitando a terra, a água e o meio ambiente.
Com essa transformação, o campo e a tecnologia se encontram em um passo importante para fortalecer ainda mais a agricultura orgânica no Brasil.
#agriculturaorganica #produtorbrasileiro #inovacaonocampo #tecnologianoagro #embrapa #apprural #campinas #saopaulo #comidasaudavel #certificacaoorganica #sustentabilidade #agricultorfeliz