A Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito que apurava a morte de uma idosa de 78 anos em Itajubá e apontou a própria filha da vítima, de 53 anos, como autora do crime. Segundo os investigadores, o assassinato foi planejado e teve motivação financeira. A suspeita foi indiciada por latrocínio (roubo seguido de morte) e fraude processual, e segue presa preventivamente.
O corpo da idosa foi encontrado no dia 4 de maio dentro da casa onde vivia, no bairro Medicina. No entanto, as autoridades estimam que a morte tenha ocorrido cerca de uma semana antes, em 27 de abril. A filha, que havia viajado para o litoral paulista, retornou à cidade e simulou surpresa ao encontrar o corpo em avançado estado de decomposição.
Exames realizados pelo Instituto de Criminalística apontaram que a vítima foi morta por asfixia provocada por clorofórmio. Após o assassinato, a suspeita tentou ocultar o crime: espalhou objetos inflamáveis, embebeu mantas com querosene e acendeu uma vela, tentando iniciar um incêndio controlado que destruísse o corpo. A estratégia falhou porque o fogo não se propagou como esperado.
Histórico de buscas revela plano premeditado
Durante a investigação, a polícia identificou um padrão de comportamento suspeito nos dias que antecederam o crime. A filha da vítima fez uma série de pesquisas na internet com termos como “como matar com clorofórmio”, “quanto tempo ele permanece no organismo” e “como carbonizar um corpo”.
“Ela apagou mensagens e conteúdos do celular para atrapalhar a apuração, mas conseguimos recuperar o histórico de buscas. Foi uma preparação detalhada, feita dias antes da morte da mãe”, afirmou o delegado Rodrigo Megale Anderi, responsável pelo caso.
Após o crime, já fora da cidade, ela ainda pesquisou por notícias de incêndio em Itajubá e por obituários locais, indicando que acompanhava o desfecho do próprio ato criminoso.
Disputa por dinheiro motivou o crime
Segundo a polícia, a filha se apossou de uma quantia em dinheiro que a mãe havia sacado antes de morrer, além de levar um talão de cheques e o carro da idosa. Um dos cheques, no valor de R$ 10 mil, foi preenchido, mas não chegou a ser compensado por suspeita de falsificação de assinatura. O carro foi vendido poucas horas depois do crime, em São Paulo, a um conhecido da investigada — que, segundo a polícia, não sabia da origem do veículo.
A mulher já havia se envolvido em disputas patrimoniais com a mãe, incluindo um boletim de ocorrência registrado em 2022 na Delegacia da Mulher. Herdeira de uma quantia expressiva após a morte do pai, um ex-promotor de Justiça, a filha teria gasto a fortuna em viagens e cirurgias estéticas. Com os recursos esgotados, voltou a morar com a mãe em fevereiro deste ano, e os conflitos se intensificaram.
Durante depoimento, ela negou ter matado a idosa, mas admitiu que ficou com o dinheiro e os bens, alegando que teriam sido entregues espontaneamente pela mãe. Nenhum outro familiar é investigado no caso.
Com o inquérito encerrado, a prisão temporária foi convertida em preventiva, e o Ministério Público já apresentou denúncia. O processo agora segue para julgamento.