Na madrugada de um sábado ainda silencioso, enquanto o resto da cidade despertava lentamente, Pedro Juan Caballero, município encravado na fronteira entre o Paraguai e o Brasil, foi sacudido por uma megaoperação policial. O cenário lembrava uma ofensiva de guerra: sirenes, viaturas em comboio, helicópteros sobrevoando áreas estratégicas e agentes encapuzados executando mandados com precisão cirúrgica. A missão era clara e urgente: aprofundar as investigações sobre a chacina ocorrida em janeiro de 2024, em uma fazenda no distrito de Cerro Corá, que deixou seis trabalhadores mortos de forma brutal.
A ação foi deflagrada pelo Setor de Inteligência da Polícia Nacional do Paraguai (SIU), com apoio de agentes vindos diretamente de Assunção. Os policiais tinham como foco empresas pertencentes a um conhecido produtor rural da região, cuja identidade permanece sob sigilo oficial, embora fontes locais apontem para vínculos suspeitos entre o fazendeiro e organizações criminosas que atuam na faixa de fronteira. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos não apenas nas sedes das empresas do investigado, mas também em sua residência e em depósitos comerciais em bairros distintos da cidade.
Ao longo da manhã, moradores de Pedro Juan Caballero relataram intensa movimentação policial. Viaturas ocuparam os arredores da cidade, e equipes armadas circularam em pontos estratégicos. A operação foi conduzida com rigor e sob absoluto sigilo, e até o fechamento desta reportagem, a juíza encarregada do caso ainda não havia feito declarações públicas. Entretanto, nos bastidores do Judiciário e das forças de segurança, comenta-se que as investigações entraram em uma nova fase, com foco na articulação de grupos paramilitares, tráfico de armas, lavagem de dinheiro e execuções por encomenda.
O estopim para essa ação foi a chacina registrada na manhã de 22 de janeiro de 2024, em uma propriedade rural nos arredores de Pedro Juan Caballero. Pistoleiros fortemente armados, utilizando fardamentos semelhantes aos da polícia, invadiram a fazenda sob a falsa alegação de uma operação legal. Em poucos minutos, seis trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados. As vítimas foram encontradas amarradas, algumas apresentando sinais de tortura, com tiros disparados à queima-roupa. Os nomes das vítimas, posteriormente divulgados pelas autoridades, foram identificados como:
- Andrés González, 42 anos, capataz da fazenda
- Carlos Medina, 33 anos, tratorista
- Luis Fernández, 28 anos, auxiliar agrícola
- Víctor Acosta, 45 anos, motorista de transporte interno
- Eduardo Báez, 38 anos, vigilante
- Juan Carlos Ramírez, 31 anos, operador de máquinas
Além dos assassinatos, duas mulheres que trabalhavam na propriedade foram encontradas trancadas e em estado de choque dentro de um quarto. Ambas confirmaram que os agressores se identificaram como agentes do governo, antes de cometerem os crimes.

Desde aquele dia, o crime passou a ser investigado como uma execução premeditada, ligada possivelmente a acertos de contas entre grupos criminosos que atuam em território paraguaio, com ramificações no Mato Grosso do Sul, no lado brasileiro. Segundo promotores paraguaios, uma das hipóteses mais fortes é de que os trabalhadores foram mortos por engano ou como retaliação a ações de segurança que, nos meses anteriores, haviam apertado o cerco contra organizações envolvidas em tráfico de drogas, armas e contrabando.
O nome do fazendeiro investigado voltou à tona após denúncias anônimas e interceptações telefônicas apontarem supostas ligações com milícias armadas que disputam território na região da fronteira seca. A operação deste sábado buscou apreender documentos, registros bancários, computadores e celulares que possam confirmar o envolvimento do suspeito com os autores intelectuais da chacina.
Pedro Juan Caballero é há anos um epicentro de disputas violentas entre facções criminosas. A região, de vegetação densa e estradas secundárias de difícil acesso, favorece o tráfico e outras práticas ilegais. Nos últimos cinco anos, os índices de violência cresceram significativamente, e chacinas como a de janeiro não são mais eventos isolados, mas sintomas de uma crise estrutural de segurança pública que desafia os governos do Paraguai e do Brasil.
Enquanto a investigação prossegue, o clima entre os moradores da cidade é de insegurança. Famílias das vítimas clamam por justiça, e entidades de direitos humanos cobram transparência nas apurações e proteção a testemunhas. A chacina de Cerro Corá tornou-se um marco de horror que escancarou a fragilidade do controle estatal em áreas dominadas por interesses ilícitos e demonstrou que, por trás das cercas de fazendas aparentemente comuns, podem operar redes poderosas e letais.
O governo paraguaio declarou que manterá os esforços para combater o crime organizado na fronteira e que novos desdobramentos da operação ainda serão divulgados nas próximas semanas. A sociedade civil, por sua vez, aguarda que as vítimas não sejam esquecidas e que o rastro de sangue deixado na terra vermelha de Pedro Juan Caballero seja o início de uma resposta firme e duradoura contra a violência que sufoca a região.
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