A Faixa de Gaza voltou ao centro de um intenso debate geopolítico depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o território palestino poderia ser “entregue aos EUA por Israel” após o fim da guerra contra o Hamas. A declaração foi feita nesta quinta-feira (6), alimentando ainda mais a tensão em uma região já devastada pelo conflito.
O que Trump propõe para Gaza?
Durante uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na última terça-feira (4), Trump sugeriu que os Estados Unidos assumiriam o controle de Gaza, conduzindo um processo de reconstrução massivo. Ele ainda destacou que os palestinos poderiam ser realocados para outros países da região, como Jordânia e Egito.
Na quarta-feira (5), o Secretário de Estado americano, Marco Rubio, tentou minimizar a fala do presidente, alegando que a proposta dizia respeito apenas à reconstrução do território e que a população poderia ser deslocada temporariamente durante esse período. No entanto, nesta quinta, Trump reafirmou a ideia em uma postagem nas redes sociais, afirmando que “quando Gaza fosse entregue”, os palestinos já teriam sido reassentados “em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas na região”.
O presidente americano também garantiu que não seria necessário o envio de tropas dos EUA para o território. Porém, anteriormente, ele não havia descartado essa possibilidade, levantando questionamentos sobre a real intenção de Washington na região.
Reações internacionais: rejeição e indignação
A proposta de Trump gerou revolta imediata entre líderes mundiais e na própria população palestina. A ideia de retirar os moradores de Gaza e entregar o território para os Estados Unidos foi classificada como inaceitável, tanto do ponto de vista político quanto humanitário.
Em Gaza, os palestinos afirmaram que não sairão de sua terra natal, independentemente do estado de destruição do território. Muitos relembraram o êxodo forçado de 1948, quando mais de 700 mil palestinos foram expulsos de suas casas durante a criação de Israel.
“Vivemos sob bombardeio por um ano e meio. Depois de todo esse sofrimento, fome, bombardeio e morte, não deixaremos Gaza facilmente. Preferimos o inferno de Gaza ao paraíso de qualquer outro país… Se nos derem todo o dinheiro do mundo, não deixaremos esta terra”, afirmou um morador local.
Líderes de países árabes também se manifestaram contra a proposta. A Jordânia declarou que qualquer tentativa de anexar terras e deslocar os palestinos será duramente condenada. “Sua Majestade, o Rei Abdullah II, enfatiza a necessidade de pôr fim à expansão dos assentamentos [israelenses], expressando rejeição a qualquer tentativa de deslocar os palestinos”, afirmou um porta-voz do governo jordaniano.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, ressaltou que Gaza é parte integrante do Estado da Palestina e que os palestinos não abrirão mão de sua terra, de seus direitos e de seus locais sagrados. Segundo Abbas, qualquer tomada de Gaza pelos EUA violaria gravemente o direito internacional.
O Egito também entrou na discussão. O chanceler egípcio, Badr Abdelatty, reforçou a importância de reconstruir Gaza sem remover sua população. “O povo palestino tem o direito de permanecer em sua terra, e qualquer tentativa de forçá-los a sair será combatida”, declarou.
Netanyahu apoia Trump, mas enfrenta resistência interna
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi um dos poucos a apoiar a sugestão de Trump, afirmando que a proposta americana poderia “mudar a história” e que valia a pena ser considerada. No entanto, dentro de Israel, a ideia também gerou controvérsias.
Setores da oposição israelense alertaram que entregar Gaza aos Estados Unidos poderia criar um novo tipo de instabilidade na região. Alguns militares e especialistas em segurança também demonstraram ceticismo, alegando que a presença americana poderia alimentar mais conflitos.
A história por trás da disputa de Gaza
A Faixa de Gaza é um dos territórios mais disputados do mundo. Originalmente parte do Império Otomano, a região passou para o controle do Reino Unido após a Primeira Guerra Mundial. No final da Segunda Guerra Mundial, milhares de judeus europeus migraram para a Palestina em busca de refúgio após o Holocausto, acirrando os conflitos com os árabes locais.
Em 1947, a ONU propôs dividir a Palestina em dois estados, um judeu e outro árabe. No entanto, a criação do Estado de Israel, em 1948, resultou na expulsão de centenas de milhares de palestinos, dando início a um conflito que persiste até hoje.
Israel ocupou Gaza por quase 40 anos, retirando suas tropas e colonos em 2005. Desde então, o território tem sido governado pelo Hamas, grupo considerado terrorista por Israel e pelos EUA. A relação entre Gaza e Israel se deteriorou ainda mais nos últimos anos, resultando em sucessivas ofensivas militares.
E agora? O que pode acontecer?
A proposta de Trump ainda é vista como especulativa, mas já conseguiu gerar grande repercussão no cenário internacional. A rejeição quase unânime por parte de líderes mundiais e da população palestina indica que a ideia pode enfrentar resistência massiva para ser levada adiante.
Por outro lado, o apoio de Netanyahu e a possível influência dos EUA na reconstrução de Gaza mostram que Washington poderá desempenhar um papel significativo no futuro do território.
O que fica claro é que a guerra em Gaza continua a moldar o futuro da região e que qualquer decisão sobre seu destino terá impactos profundos não apenas para palestinos e israelenses, mas para o mundo inteiro.
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