O ex-ministro do Turismo Gilson Machado, filiado ao Partido Liberal (PL), foi solto na noite de sexta-feira, dia 13, após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Machado havia sido detido pela Polícia Federal sob a suspeita de tentar intermediar a obtenção de um passaporte português para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. A liberação do ex-ministro, no entanto, não encerra a investigação. Ele agora responderá ao processo em liberdade, mas sob medidas cautelares rigorosas impostas pelo Supremo.
Entre as restrições, Gilson Machado está obrigado a comparecer periodicamente à Justiça, teve seu passaporte cancelado, está proibido de deixar o território nacional e de manter contato com os demais envolvidos na investigação. O caso integra o inquérito mais amplo que apura uma suposta articulação golpista e tentativas de obstrução das investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
A atuação de Machado chamou atenção dos investigadores ao surgir como possível facilitador de uma rota de fuga internacional para Mauro Cid. De acordo com a Polícia Federal, há indícios de que o ex-ministro teria buscado recursos diplomáticos ou políticos para viabilizar a documentação europeia do militar. As suspeitas ganharam corpo com a informação de que familiares de Cid, incluindo esposa e filhas, deixaram o Brasil com destino aos Estados Unidos no mês anterior, o que gerou preocupação sobre uma eventual tentativa de saída do país por parte do militar, que é um dos principais delatores no caso que envolve a cúpula do antigo governo federal.
Na mesma sexta-feira, Mauro Cid foi interrogado pela Polícia Federal e negou qualquer intenção de fugir do Brasil. Segundo sua defesa, o pedido de cidadania portuguesa não tem relação com os recentes acontecimentos políticos, e sim com vínculos familiares. O advogado do militar, Cesar Bittencourt, explicou que o processo de obtenção da cidadania teve início em janeiro de 2023, pouco depois dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília, mas que a motivação teria sido pessoal.
“A esposa e as filhas do tenente-coronel já possuem cidadania portuguesa. Ele apenas deu entrada no processo para igualar sua situação familiar”, afirmou o advogado. Bittencourt ainda acrescentou que uma carteira de identidade portuguesa já foi expedida e entregue em 2024, esclarecendo que o documento serve unicamente como identificação, não sendo equivalente a um passaporte ou a um visto de residência no exterior.
A defesa de Gilson Machado, por sua vez, ainda não apresentou pronunciamento oficial detalhado, mas nega qualquer participação do ex-ministro em tentativa de fuga ou obstrução de Justiça. Machado, que ocupou o comando do Ministério do Turismo durante o governo de Jair Bolsonaro e se manteve próximo ao ex-presidente mesmo após o fim do mandato, está sendo monitorado de perto pelas autoridades enquanto prosseguem as diligências do inquérito.
A decisão de Moraes em revogar a prisão preventiva levou em conta a inexistência de indícios de risco iminente de fuga ou destruição de provas por parte de Gilson Machado, desde que cumpridas as medidas cautelares estipuladas. A decisão, contudo, mantém o ex-ministro vinculado à investigação e sob escrutínio judicial.
Este episódio se soma à crescente lista de figuras políticas e militares investigadas por conexões com atos antidemocráticos e possíveis tentativas de desestabilizar a ordem institucional no Brasil. O papel de Mauro Cid é considerado central nesse contexto, por ter atuado como operador direto das agendas e ações de Bolsonaro e por colaborar com as autoridades desde sua prisão, firmando acordos de delação premiada que apontam para uma possível rede de proteção e evasão.
A evolução da investigação deve trazer novos desdobramentos nas próximas semanas, especialmente com o aprofundamento da análise das comunicações entre os investigados, a movimentação de documentos internacionais e o rastreio das conexões políticas ainda ativas entre ex-integrantes do governo federal.
Enquanto o cenário se desenrola nos bastidores da Justiça, o caso reacende o debate público sobre o alcance das articulações que sobreviveram ao término do governo Bolsonaro, e até onde se estenderam os esforços para evitar que alguns de seus protagonistas enfrentem a Justiça em solo brasileiro.
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