Mato Grosso do Sul, 22 de maio de 2025
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Governo anuncia bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 e eleva alíquota do IOF como parte do ajuste fiscal

Medida visa conter crescimento das despesas, garantir a estabilidade fiscal e assegurar o cumprimento do novo arcabouço; bloqueio atinge investimentos e funcionamento da máquina pública
Lula ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: EFE/ Andre Borges
Lula ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad Foto: EFE/ Andre Borges

O Governo Federal anunciou oficialmente, nesta quinta-feira, 22 de maio, a realização de um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no Orçamento da União de 2025. A decisão, tomada em consonância entre o Ministério da Fazenda e o Ministério do Planejamento e Orçamento, busca assegurar a execução das metas fiscais estabelecidas no novo arcabouço fiscal aprovado pelo Congresso Nacional no ano anterior. A medida vem acompanhada ainda de um aumento no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), instrumento tributário tradicionalmente utilizado para ajustar a arrecadação em momentos de necessidade fiscal.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o bloqueio é necessário diante das projeções atualizadas de receitas e despesas para o próximo exercício, que revelaram uma tendência de expansão dos gastos públicos acima do permitido pela legislação. “Nesse momento, essas medidas nos parecem suficientes para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal”, afirmou o ministro, reiterando o compromisso do governo com a sustentabilidade das contas públicas e a manutenção da credibilidade fiscal do país.

O contingenciamento atinge principalmente as chamadas despesas discricionárias, ou seja, aquelas não obrigatórias, que englobam investimentos em infraestrutura, programas sociais, manutenção da máquina pública, tecnologia da informação, energia elétrica, locação de bens móveis, passagens, diárias e serviços de comunicação. O impacto atinge diretamente a capacidade operacional dos ministérios e limita a execução de projetos que dependem de recursos livres.

A equipe econômica do governo justificou o bloqueio com base na revisão das projeções orçamentárias. Segundo os dados oficiais, as despesas inicialmente previstas estavam cerca de R$ 10,6 bilhões acima do teto estabelecido pelo arcabouço fiscal, o que exigiu a adoção de medidas imediatas para evitar o descumprimento da regra. Além disso, foi determinado um contingenciamento adicional de R$ 20,7 bilhões para assegurar que a meta fiscal seja cumprida integralmente.

A meta fiscal fixada para o ano de 2025 prevê a eliminação do déficit primário, que, em 2024, somou R$ 43 bilhões. No entanto, o novo arcabouço fiscal admite certa flexibilidade, permitindo um déficit de até 0,25% do Produto Interno Bruto (PIB), equivalente a aproximadamente R$ 31 bilhões, sem configurar violação formal da meta. Para reforçar o ajuste, o governo também excluiu do cálculo fiscal cerca de R$ 44,1 bilhões em precatórios, seguindo a regra que permite o tratamento excepcional desses passivos judiciais.

O anúncio da elevação do IOF também faz parte do esforço do governo para ampliar as receitas e criar espaço fiscal para o atendimento das despesas obrigatórias e a manutenção de programas prioritários. Embora os detalhes sobre as novas alíquotas e a abrangência da medida ainda não tenham sido divulgados, especialistas apontam que o aumento poderá incidir sobre operações de crédito, câmbio e seguros, setores tradicionalmente afetados por ajustes nesse tributo.

O ajuste fiscal promovido pelo governo ocorre em um contexto de desafios significativos na gestão das contas públicas. De um lado, há pressões por mais investimentos e ampliação de programas sociais; de outro, a necessidade de manter o equilíbrio fiscal para conter a inflação, preservar a confiança dos investidores e assegurar a estabilidade macroeconômica do país.

Além disso, o bloqueio orçamentário tem implicações políticas relevantes. O governo precisará administrar os efeitos da medida sobre os ministérios e os parlamentares, que muitas vezes destinam recursos do orçamento para obras e programas em suas bases eleitorais. O contingenciamento tende a limitar essa capacidade, o que pode gerar insatisfação entre aliados e tensões no Congresso Nacional.

Nos bastidores de Brasília, a decisão do governo foi interpretada como um sinal de comprometimento com a disciplina fiscal, mas também como um reconhecimento das dificuldades para ampliar a arrecadação de forma sustentável. As discussões sobre uma reforma tributária mais ampla seguem no centro da pauta econômica, com o objetivo de simplificar o sistema, aumentar a eficiência da arrecadação e reduzir a dependência de tributos de natureza regressiva, como o próprio IOF.

Este não é o primeiro ajuste fiscal promovido pelo governo nos últimos anos. Em 2023, o Executivo já havia implementado um bloqueio de cerca de R$ 15 bilhões, também com o objetivo de assegurar o cumprimento das metas fiscais. A diferença, agora, está na magnitude do bloqueio e no contexto de maior rigidez imposto pelo novo arcabouço fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos e introduziu uma regra mais flexível, porém igualmente rigorosa, para o crescimento das despesas públicas.

O cenário para 2025 permanece desafiador, com expectativa de crescimento econômico moderado, pressões inflacionárias e necessidade de avanços na agenda de reformas estruturais. A condução da política fiscal será, portanto, determinante para a trajetória da economia brasileira nos próximos anos e para a consolidação de um ambiente de estabilidade e confiança.

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