Com uma história secular enraizada nas planícies alagadas, a pecuária pantaneira passa a contar agora com um olhar mais atento e planejado. O Governo de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), apresentou um ambicioso plano de fortalecimento para todas as cadeias pecuárias do Pantanal. A proposta, que nasceu a partir de um estudo técnico detalhado, visa consolidar a sustentabilidade econômica e ambiental do setor, ao mesmo tempo em que reconhece a tradição histórica da região.
O plano foi desenvolvido a partir de um diagnóstico encomendado pela Secretaria Executiva de Desenvolvimento Econômico Sustentável (Sedes), com apoio técnico dos consultores Marcelo Rondon de Barros e Janielly Barros. O relatório traça um panorama abrangente dos desafios e das oportunidades para as atividades pecuárias, abarcando não só a bovinocultura de corte, carro-chefe da produção, como também outras cadeias relevantes como piscicultura, apicultura, ovinocultura, equideocultura e até o manejo sustentável de jacarés.
A bovinocultura é a principal atividade no bioma, com mais de 4,2 milhões de cabeças de gado, representando 22,7% do rebanho estadual e movimentando, só em 2024, mais de R$ 5 bilhões. A comercialização de bezerros e bois reafirma a força do Pantanal como celeiro estratégico da pecuária nacional. “Precisávamos entender em profundidade o estágio atual de cada cadeia produtiva, e agora temos um estudo técnico que respalda a elaboração de políticas públicas eficazes”, explicou o secretário Jaime Verruck.
Entre as ações propostas para a bovinocultura estão a criação de selos de origem, ampliação da habilitação de frigoríficos para exportação, rastreabilidade do couro e incentivos para o pagamento por serviços ambientais. O relatório também enfatiza a necessidade de modernizar a infraestrutura logística da região, incluindo estradas, portos fluviais e aterros, além de aprimorar os sistemas de inspeção sanitária.
A ovinocultura, embora tenha sofrido redução de rebanho nos últimos anos, apresentou sinais de recuperação com aumento de abates e valorização da raça pantaneira. O plano prevê reconhecimento oficial da raça, combate à informalidade e adoção de protocolos de produção sustentável.
A apicultura e a meliponicultura ganham destaque pelo valor ambiental e comercial, impulsionadas pelo reconhecimento da Indicação Geográfica do Mel do Pantanal. Contudo, os produtores ainda enfrentam obstáculos logísticos e de assistência técnica. As medidas sugeridas incluem qualificação, estímulo ao uso de espécies nativas e criação de seguros específicos.
A piscicultura e a cadeia do jacaré-do-pantanal são tratadas como atividades com elevado potencial de crescimento, desde que aliadas a práticas de manejo responsável e melhorias genéticas. No caso dos jacarés, o sistema headstarting criação inicial em cativeiro com posterior retorno controlado à natureza é visto como forma de gerar renda a pequenos produtores, fortalecendo a certificação e o acesso a mercados exigentes.
A equideocultura, essencial à cultura pantaneira e à operacionalização das fazendas, também foi incluída no estudo. As ações envolvem incentivo ao registro oficial de animais e promoção da raça pantaneira, símbolo da resistência e adaptabilidade da região.
O levantamento abrange 11 sub-regiões pantaneiras, incluindo áreas do Mato Grosso e do Pantanal do Paraguai, totalizando 27% do território sul-mato-grossense e cerca de 6,8% do PIB estadual. Foram considerados dados de instituições como IAGRO, IBGE, AGRAER e SENAR, contemplando aspectos sociais, ambientais e econômicos.
Jaime Verruck reforçou a importância estratégica do plano para o futuro da região. “Temos agora um diagnóstico preciso e ações específicas para cada cadeia produtiva. Mais de 45% dos animais abatidos estão em programas estaduais como o Precoce MS e o Pecuária Sustentável. Isso mostra que estamos no rumo certo, conciliando desenvolvimento e conservação”, concluiu o secretário.
O estudo também servirá de base para iniciativas como o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) no Pacto do Pantanal, visando remunerar produtores rurais que adotam boas práticas ambientais. Ao unir tradição centenária, inovação tecnológica e responsabilidade ecológica, o governo estadual aposta em um modelo de desenvolvimento que valoriza o Pantanal como um patrimônio natural e econômico do Brasil e do mundo.
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