Na noite de 12 de fevereiro de 2020, o jornalista Lourenço Veras, conhecido como Leo, foi brutalmente assassinado em Pedro Juan Caballero, cidade fronteiriça com Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul. O crime chocou a comunidade jornalística brasileira e paraguaia, gerando repercussão internacional devido ao seu envolvimento com diversos veículos de comunicação, especialmente os de Mato Grosso do Sul. Porém, cinco anos depois, o assassinato de Leo continua cercado de polêmicas, acusações e uma sensação de impunidade que só cresce.
Nesta quarta-feira (12), data em que se completam cinco anos do assassinato, a viúva de Leo, Cinthia González, fez novas declarações que reacenderam a crise política no Paraguai. Ela denunciou publicamente o promotor de Justiça, Andrés Arriola, por tentar forçá-la a acusar o traficante Waldemar Pereira Rivas, o “Cachorrão”, como o mandante da morte de seu marido. O caso voltou a ser assunto nos principais jornais paraguaios, e a troca de acusações entre Cinthia e o promotor levantou questões sobre a eficácia da investigação e a interferência política no processo judicial.
De acordo com Cinthia González, o promotor acusou-a de mudar seu depoimento durante o julgamento de Waldemar Rivas, que foi absolvido, apesar de já responder a outros processos criminais e estar na lista vermelha da Interpol. Após ser inocentado, “Cachorrão” foi colocado em liberdade por juízas de Pedro Juan Caballero, mas, atualmente, se encontra foragido.
Em um comunicado divulgado à imprensa, Cinthia se defendeu veementemente das acusações e afirmou que foi pressionada a fazer um depoimento falso, no qual deveria afirmar que “Cachorrão” estava presente na noite do crime. “Eu disse o que vi e descrevi a fisionomia das três pessoas que entraram na nossa casa naquela noite e atiraram em Leo. Talvez eles [promotores] quisessem que eu dissesse que vi Waldemar naquela noite”, declarou a viúva, ressaltando que “Cachorrão” tinha uma oficina mecânica perto de sua casa, o que fazia com que ela o conhecesse pessoalmente.
Cinthia também questionou a condução da investigação, apontando que o Ministério Público paraguaio omitiu informações cruciais sobre o caso. Ela revelou que foi intimada a prestar depoimento apenas um ano após o assassinato e destacou que, semanas após o crime, cerca de 20 suspeitos foram presos, mas liberados misteriosamente sem explicações claras. “Por que demorou mais de um ano para chamar a mim e outras testemunhas? Por que liberaram silenciosamente os suspeitos?”, indagou Cinthia, sem esconder a frustração com o andamento do caso.

Lourenço Veras, o Leo, foi morto por pistoleiros ontem à noite em Pedro Juan Caballero (Foto: Reprodução)
A investigação sobre o assassinato de Leo Veras passou a ser conduzida inicialmente pelo promotor Marcelo Pecci, que foi morto por pistoleiros durante sua lua de mel em Cartagena das Índias, na Colômbia, em maio de 2022. Após a morte de Pecci, o caso foi assumido por Andrés Arriola, mas a troca de acusações entre ele e a viúva de Leo reacendeu dúvidas sobre a imparcialidade do processo.
Na semana passada, um novo capítulo dessa polêmica foi revelado com a divulgação de mensagens e áudios extraídos do celular do deputado paraguaio Eulálio Gomes, o “Lalo”, que atuou para livrar “Cachorrão” da prisão. O político, acusado de envolvimento com o tráfico de drogas, foi morto em uma operação policial em sua casa, em Pedro Juan Caballero, no final do ano passado.
Além disso, duas juízas da cidade estão sendo investigadas por supostas ligações com “Lalo” Gomes. Carmen Elizabeth Silva e Ana Graciela Aguirre Núñez foram responsáveis pela decisão que absolveu Waldemar Rivas, apesar das evidências contra ele. A investigação dessas juízas expõe ainda mais a rede de influência que pode ter prejudicado o andamento do caso, levando a uma sensação de impunidade para o assassinato de Leo Veras.
O assassinato de Leo Veras, que completou cinco anos sem uma solução definitiva, segue sendo um marco de impunidade na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. Enquanto a família de Leo e a sociedade aguardam justiça, as denúncias de Cinthia González reforçam a falta de transparência e os questionamentos sobre a condução da investigação.
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