Mato Grosso do Sul, 9 de maio de 2025
Campo Grande/MS
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Incendio no pantanal bate marca de 800 mil hectares queimados neste ano

Área queimada em 2024 é 2.362% maior do que o registrado no mesmo período de 2023. Com previsão de seca e calor extremo, os próximos meses são preocupantes para o bioma, avalia especialista.
Pantanal está sendo destruído pelo fogo — Foto: Mayke Toscano - Secom - MT
Pantanal está sendo destruído pelo fogo — Foto: Mayke Toscano - Secom - MT

O Pantanal bateu a marca de 800 mil hectares queimados pelo fogo neste ano. O número da área destruída é o equivalente a 800 mil campos de futebol, segundo levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

Foram 802.875 hectares queimados no Pantanal de 1º de janeiro a 23 de julho de 2024. Se comparado com o mesmo período do ano passado, quando 32 mil hectares foram queimados, o número de 2024 é 2.362% maior.

As queimadas no Pantanal em 2024 também superaram o ano recorde de queimadas no bioma, segundo a série histórica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Em 2020, de janeiro a julho, foram destruídos 395.075 hectares. Se comparados os dois períodos, o aumento em 2024 é de 103%.

⚠️O fogo é esperado anualmente no Pantanal, entre o fim de julho e o mês de agosto. Entretanto, os eventos climáticos extremos, seca severa e a ação humana fizeram com que a temporada das chamas fosse antecipada neste ano, começando ainda em junho.

Seca e calor ainda são preocupações

Fogo consome vegetação no Pantanal. — Foto: Araquém Alcântara

Fogo consome vegetação no Pantanal. — Foto: Araquém Alcântara

Conforme previsão da Climatempo, os próximos meses devem ser mais secos e de muito calor em boa parte do Brasil. Um forte bloqueio atmosférico vem desviando frentes frias para alto mar, o que mantém uma grande massa de ar seco sobre a região Centro-Oeste, onde fica o Pantanal.

Com a alta temperatura e baixa umidade, o cenário fica muito mais propício ao fogo no bioma. Após duas semanas de frio, baixas temperaturas e zerar os focos de incêndio na região pantaneira, as chamas voltaram ao bioma por causa das condições climáticas no início desta semana.

O presidente do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Angelo Rabelo, vê com preocupação as previsões para os próximos meses. “As previsões sugerem um cenário muito preocupante. O período mais seco ainda está por vir, conforme o histórico que temos. É por isso que não é o momento de desmobilização. O cenário preocupante segue até o final do ano”.

No fim de junho, o Lasa alertou sobre o cenário de seca histórico no bioma. A região do Pantanal está sob regime de “seca persistente de intensidade extrema a moderada pelo menos nos últimos 12 meses”. Os fatores que contribuem para as condições críticas do Pantanal são:

  • Aumento expressivo das temperaturas;
  • Menos contraste entre o período seco e chuvoso na região.

Além do calor, umidade baixa e seca, o fogo subterrâneo também é uma preocupação dos brigadistas. Chamada de turfa, a matéria orgânica é resultante da decomposição da vegetação que se acumula no solo e pode alcançar vários metros de profundidade, tornando-se altamente inflamável.

Frente às diversas preocupações, o biólogo da SOS Pantanal afirma que a resposta rápida contra o fogo é a melhor forma de controle aos incêndios. “É importante essa mobilização que continua no Pantanal, de brigadistas. Essa mobilização tem que oferecer uma resposta rápida aos focos. É difícil evitar focos novos, isso depende muito das pessoas, mas a melhor estratégia é responder rápido a esses focos”.

Perdas de fauna e flora

Imagem – Ueslei Marcelino

Os incêndios que atingem o Pantanal há mais de 100 dias fizeram com que o bioma se tornasse um grande cemitério a céu aberto. De acordo com o Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), cobras, jacarés e anfíbios são a maioria entre os animais encontrados mortos pelo fogo.

A médica veterinária e bióloga Paula Helena Santa Rita está em Corumbá (MS), cidade com maior número de focos de incêndio do Brasil, e relata que muitos animais morreram incinerados ou por hipertermia devido aos incêndios florestais.

Gustavo Figueirôa explica que muitas áreas queimadas neste ano já sofreram com o fogo em outros períodos. Isso faz com que a fauna e flora do bioma não se recomponham das maneiras adequadas.

“Perde-se muita biodiversidade, o que sobrou de biodiversidade lá. O que está tentando se recuperar, sofre mais uma vez com os impactos. Perdemos espécies da fauna, espécies da flora, que são super importantes. Estão perdendo a capacidade de procriar, de habitar esse ambiente que está sendo impactado pelo fogo ano após ano”.

O fogo deste ano consumiu um pouco mais de 5% do bioma. Angelo Rabelo, representante do IHP, reforça a necessidade da rápida resposta contra o fogo e a concentração de esforços dos brigadistas para oferecer agilidade aos combates. “Um grande problema é a perda do habitat, ameaça para diversas espécies, e um impacto transversal potencial para atividades socioeconômicas, devido ao ecoturismo”, explicou Rabelo.

Forças de combate

Combate é feito direto contra o fogo. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal

Combate é feito direto contra o fogo. — Foto: Gustavo Figueirôa/Arquivo Pessoal

Brigadistas do PrevFogo, Corpo de Bombeiros, Exército e militares enviados pela Força Nacional atuam no combate às chamas no Pantanal.

São mais de 500 profissionais, e 11 aeronaves usadas no combate ao fogo, incluindo Air Tractors, helicópteros e o cargueiro KC-390. A estrutura ainda conta com 39 veículos, entre caminhonetes, caminhões e lanchas. Algumas cidades de Mato Grosso do Sul seguem em situação de emergência, após decreto do governo estadual.

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