A indústria brasileira de massas, pães, bolos e biscoitos não recebeu bem o novo pacote econômico anunciado pelo Governo Federal para combater a inflação dos alimentos. Para a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), as medidas não apenas falham em trazer alívio para o consumidor, mas também prejudicam a indústria nacional ao favorecer produtos importados.
O pacote, anunciado na quinta-feira (6/3) pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, prevê uma série de medidas para tentar conter a alta nos preços da cesta básica. Entre as principais ações está a isenção do Imposto de Importação para produtos como biscoitos e massas alimentícias, com o objetivo de tornar esses itens mais acessíveis para a população.
Indústria Nacional Se Diz Prejudicada
Claudio Zanão, presidente executivo da Abimapi, criticou a medida e alertou para os impactos negativos que ela pode ter para o setor produtivo nacional.
“Entendemos que o governo precisa encontrar formas de reduzir os custos dos alimentos, mas é preciso cuidado, porque nem sempre essas decisões são benéficas para o Brasil. O que está acontecendo é um incentivo aos produtos importados, o que pode prejudicar diretamente as indústrias brasileiras”, afirmou Zanão.
O representante da Abimapi destacou que, historicamente, medidas semelhantes não resultaram em redução de preços para o consumidor final. “Já tentaram zerar impostos de importação antes e isso não resolveu o problema. Nosso mercado tem suas próprias regras e funciona de maneira independente”, disse.
Efeitos No Mercado Nacional
Zanão também enfatizou que as indústrias brasileiras fizeram investimentos significativos para atender à demanda por determinados produtos que antes não eram comuns no Brasil, como o macarrão de grano duro. Agora, com a isenção do imposto para produtos estrangeiros, essas empresas podem perder competitividade e enfrentar dificuldades.
“O próprio governo, que sempre fala sobre estimular a indústria nacional, acaba criando medidas que vão no sentido oposto. Nós investimos, capacitamos funcionários, modernizamos nossas fábricas, e agora somos colocados em desvantagem em relação aos concorrentes internacionais”, reclamou o executivo.
Inflação E Custos Elevados
A inflação dos alimentos tem sido um dos principais desafios econômicos do país nos últimos meses. A alta do dólar e o aumento dos preços de commodities, como trigo e óleo de palma, impactaram diretamente os custos da indústria de massas.
O governo decidiu incluir a redução da alíquota de importação para o óleo no pacote, mas não tomou nenhuma medida específica para o trigo, um dos principais insumos do setor. O Brasil não é autossuficiente na produção desse cereal e precisa importar grandes quantidades, o que acaba encarecendo a produção interna.
“Se o governo quer realmente reduzir custos para a indústria nacional e para os consumidores, deveria olhar para o trigo, que é um insumo essencial para nós. Sem isso, fica difícil melhorar os preços finais dos produtos”, argumentou Zanão.
Indústria Pede Revisão Das Medidas
Diante desse cenário, a Abimapi pretende solicitar uma revisão das decisões tomadas pelo governo. “Vamos procurar o vice-presidente Alckmin para tentar esclarecer a situação. Não podemos simplesmente aceitar uma medida que já demonstrou no passado que não funciona”, disse o presidente da associação.
O setor alega que a solução para a inflação dos alimentos deve passar por uma estratégia mais ampla, incluindo incentivos para a produção interna e redução da carga tributária sobre os insumos básicos utilizados na fabricação de massas e biscoitos.
Discussão Segue Em Aberto
O pacote do governo também inclui incentivos regulatórios e apoio à produção de itens da cesta básica no próximo Plano Safra, além de um pedido para que os governos estaduais reduzam o ICMS na comercialização de alimentos essenciais. Resta saber se essas medidas serão suficientes para conter a inflação e garantir um preço mais acessível para o consumidor, sem prejudicar a indústria nacional.
A discussão sobre o tema deve continuar nas próximas semanas, com a pressão das indústrias para que o governo reveja os pontos considerados prejudiciais.
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