O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 1,23% em fevereiro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (25). O resultado representa uma aceleração significativa em relação a janeiro, quando o índice teve alta de apenas 0,11%. Apesar do avanço expressivo, o número veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que previa um aumento mensal de 1,33%, conforme pesquisa da Reuters.
O IPCA-15 acumula alta de 4,96% nos últimos 12 meses, um leve aumento em relação ao acumulado anterior de 4,50%. Essa elevação coloca o índice ainda acima da meta de inflação estabelecida pelo Banco Central, que busca manter a inflação dentro do intervalo de tolerância, tendo como centro 3% ao ano.
Principais pressões sobre a inflação
O aumento do IPCA-15 foi impulsionado, principalmente, pelos grupos Habitação e Educação. O setor de Habitação registrou alta de 4,34%, sendo responsável pelo maior impacto no índice geral, adicionando 0,63 ponto percentual (p.p.) ao resultado do mês. Dentro desse grupo, a energia elétrica residencial se destacou, com uma alta expressiva de 16,33% em fevereiro. Esse reajuste ocorreu após a redução registrada em janeiro (-15,46%), causada pela devolução de créditos de Itaipu na conta de luz dos consumidores. Com a reversão dessa compensação, os preços voltaram a subir.
Outro fator que pesou no bolso do consumidor foi o grupo Educação, que apresentou a maior variação entre os setores, com aumento de 4,78% e impacto de 0,29 p.p. no índice geral. Como acontece todos os anos, as mensalidades escolares sofrem reajustes no início do ano letivo, e o efeito foi sentido principalmente no ensino fundamental (7,50%), ensino médio (7,26%) e ensino superior (4,08%).
Já o grupo de Alimentação e Bebidas registrou alta de 0,61% no mês, contribuindo com 0,14 p.p. para o índice geral. A alimentação no domicílio subiu 0,63%, abaixo do resultado de janeiro (1,10%). Entre os itens que mais aumentaram estão a cenoura (17,62%) e o café moído (11,63%). Por outro lado, alguns produtos essenciais tiveram queda, como a batata-inglesa (-8,17%), o arroz (-1,49%) e as frutas (-1,18%). A alimentação fora do domicílio também subiu, mas em ritmo menor do que no mês anterior, passando de 0,93% em janeiro para 0,56% em fevereiro.
No grupo dos Transportes, que teve alta de 0,44% e impacto de 0,09 p.p., o preço dos combustíveis foi um dos principais responsáveis pelo aumento, registrando avanço de 1,88%. O etanol subiu 3,22%, o óleo diesel teve alta de 2,42% e a gasolina encareceu 1,71%. Por outro lado, as passagens aéreas caíram 20,42%, ajudando a conter um avanço ainda maior da inflação no mês.
Alívio em alguns setores
Enquanto a maioria dos setores registrou aumentos de preços, os grupos Vestuário (-0,08%) e Comunicação (-0,06%) foram os únicos a apresentar variação negativa, embora o impacto tenha sido praticamente nulo no índice geral. A estabilidade nesses segmentos pode ser explicada pelo menor consumo sazonal de roupas e acessórios neste período do ano, além de ajustes nos preços de pacotes de internet e telefonia móvel.
Impacto e perspectivas para a economia
O resultado do IPCA-15 reforça o desafio do Banco Central no controle da inflação, especialmente diante de um cenário de incertezas econômicas e instabilidades externas. A elevação dos preços, em especial no setor de serviços e na habitação, pode influenciar a política monetária, impactando as decisões sobre a taxa básica de juros, a Selic.
Atualmente, a Selic está em um ciclo de queda, mas a manutenção de pressões inflacionárias pode levar o Comitê de Política Monetária (Copom) a revisar seu ritmo de cortes nas próximas reuniões. O Banco Central já havia alertado que a inflação de serviços e os reajustes sazonais de preços poderiam trazer dificuldades adicionais para atingir a meta inflacionária ao longo de 2025.
A inflação segue sendo um dos principais desafios da economia brasileira, influenciando diretamente o poder de compra das famílias e a recuperação do consumo. O governo acompanha de perto os desdobramentos e aposta na desaceleração dos preços ao longo do ano, caso as pressões inflacionárias percam força e as expectativas do mercado se alinhem com as projeções oficiais.
Como se proteger da alta da inflação
Diante da persistência da inflação, especialistas recomendam que os consumidores adotem estratégias para minimizar os impactos no orçamento doméstico. Algumas dicas incluem:
- Fazer compras planejadas: evitar compras por impulso e comparar preços entre diferentes estabelecimentos pode gerar economia significativa no fim do mês.
- Priorizar itens essenciais: dar preferência a produtos que são indispensáveis no dia a dia e evitar gastos desnecessários.
- Aproveitar promoções e descontos: buscar ofertas em supermercados, aplicativos e programas de fidelidade pode ajudar a reduzir gastos com alimentação e serviços.
- Rever gastos fixos: avaliar despesas como planos de internet, TV a cabo e telefonia para encontrar alternativas mais baratas pode fazer diferença no orçamento.
Com os dados do IPCA-15 de fevereiro, os consumidores devem continuar atentos às movimentações do mercado e às políticas adotadas pelo governo para conter os preços. A inflação segue como um dos principais desafios para o país, e seu controle será fundamental para garantir estabilidade econômica e melhoria no poder de compra da população.
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