Mato Grosso do Sul, 12 de junho de 2025
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Investidores globais redirecionam capitais para a América Latina em busca de estabilidade e retornos atrativos

Crise geopolítica, tarifas comerciais e instabilidades em mercados tradicionais impulsionam migração de recursos financeiros para os países latino-americanos, com destaque para Brasil e México

Em um cenário internacional cada vez mais marcado por tensões geopolíticas, escaladas tarifárias e incertezas econômicas, a América Latina vem ressurgindo como uma rota estratégica para investidores institucionais e fundos internacionais que buscam alternativas viáveis a Wall Street e aos mercados tradicionalmente dominantes. Impulsionados pelo desejo de diversificação, menores riscos geopolíticos e promissoras oportunidades de valorização, investidores estão voltando seus olhos para os mercados latino-americanos, especialmente para Brasil e México.

A mudança de rota dos fluxos de capitais não é apenas resultado das guerras comerciais e conflitos militares em regiões da Ásia e da Europa Oriental. Ela também decorre da percepção de que a América Latina oferece ativos subvalorizados, estabilidade relativa e retorno financeiro elevado, mesmo que em um ambiente considerado de risco.

Segundo Leonard Linnet, chefe de ações do banco Itaú BBA, “a história da América Latina tornou-se mais fácil de ser contada. A região conta com ativos baratos, e os investidores estão ficando sem opções viáveis nos mercados emergentes tradicionais”. Ele salienta que, enquanto a China sofre os efeitos diretos da guerra comercial com os Estados Unidos e a Índia enfrenta entraves geopolíticos com o Paquistão, além de apresentar valuations elevados, o Brasil e o México oferecem hoje um porto mais seguro e atraente para alocação de capital.

Ainda que os mercados da América Latina não figurem entre os mais robustos globalmente, em termos de volume, sua performance recente tem despertado atenção. O Brasil, maior economia da região, representa atualmente cerca de 60% do índice MSCI Latam, embora detenha menos de 5% do índice geral de mercados emergentes. Já o México, cuja economia se mantém interligada à dos Estados Unidos, tem demonstrado resiliência surpreendente mesmo com a escalada das tensões comerciais.

Os mercados acionários dos dois países vêm sendo negociados perto de recordes históricos, com múltiplos de preço sobre lucro ainda abaixo dos mercados desenvolvidos. Investidores têm pago cerca de nove dólares por cada dólar de lucro gerado pelas empresas latino-americanas, valor significativamente inferior à média de dezenove dólares nos países desenvolvidos.

Este diferencial tem sido determinante para a atratividade da região, especialmente diante de um contexto em que os bancos centrais adotam posturas monetárias mais brandas. Além disso, os títulos soberanos de países como Brasil e Colômbia oferecem rendimentos competitivos e líquidos, mesmo com as dificuldades de classificação de risco ou menor liquidez em outros mercados locais, como Bolívia ou Paraguai.

Rob Citrone, fundador do fundo de investimentos Discovery Capital, reforça essa visão: “a oportunidade de investir na América Latina não exige reestruturações drásticas nos portfólios globais. Pequenas mudanças nas grandes alocações, como as dos Estados Unidos, podem impactar substancialmente mercados menores como os nossos”.

Essa lógica ajuda a explicar o crescimento dos investimentos em países com economias menores e emergentes, que até então eram pouco exploradas. Segundo a LAVCA (Associação para o Capital de Risco na América Latina), somente o Brasil recebeu mais de 1.400 startups apoiadas com capital de risco entre 2013 e o primeiro semestre do ano passado. Colômbia, Chile e Uruguai também emergiram como polos de inovação, criando um ecossistema favorável ao empreendedorismo e à tecnologia.

Além do mercado acionário, o mercado cambial também oferece oportunidades significativas. O real, por exemplo, com sua taxa de juros de 14,75%, figura entre as moedas preferidas para operações de “carry trade”, atraindo investidores que buscam lucros através de arbitragem entre moedas de alta e baixa remuneração. Até o momento, o real valorizou-se mais de 9% frente ao dólar neste ano. O índice de moedas latino-americanas acumulou alta de quase 15% e alcançou, na semana passada, seu maior nível em 14 anos.

Contudo, analistas ainda recomendam cautela. Graham Stock, estrategista sênior da RBC Global Asset Management, pondera que embora haja perspectivas favoráveis para os mercados da América Latina, é prematuro afirmar que haverá uma realocação massiva de capitais para a região. “Há sim espaço para operações pontuais, especialmente com o dólar mais fraco e o apetite por moedas de alto rendimento. Mas o movimento ainda é marginal”, conclui.

A conjuntura atual, no entanto, aponta para um realinhamento gradual das estratégias financeiras internacionais, em busca de portos mais seguros e lucrativos. A América Latina, com sua complexidade histórica, instabilidade ocasional e capacidade de resiliência econômica, pode estar vivendo um novo ciclo de valorização, no qual seu protagonismo finalmente ganha o devido reconhecimento no tabuleiro global dos investimentos.

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