O investigador da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Sérgio Garutti Júnior, foi oficialmente desligado de seu cargo público após ter sua demissão publicada no Diário Oficial do Estado nesta terça-feira, dia 1º. A decisão administrativa se deu após a conclusão de processo disciplinar instaurado para apurar a conduta do servidor, que foi condenado por envolvimento direto no contrabando de aparelhos celulares. O caso, que ganhou notoriedade no início de 2024, revelou a participação de Garutti em um esquema de transporte ilegal de eletrônicos de alto valor, numa prática que atenta contra a integridade da função pública e a credibilidade das instituições policiais.
A operação que culminou com a prisão do policial foi realizada pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF), no dia 12 de janeiro de 2024. Sérgio foi flagrado em flagrante na MS-379, na zona rural de Laguna Carapã, a bordo de um veículo Nissan Versa. O carro estava carregado com 255 iPhones e 20 aparelhos da marca Xiaomi, todos ocultados em compartimentos especialmente preparados para dissimular o transporte do material. A carga, estimada em centenas de milhares de reais, seguia destino incerto e, segundo as investigações, não possuía qualquer documentação fiscal que justificasse sua origem ou comercialização lícita.
No momento da abordagem, o investigador estava acompanhado da perita papiloscopista Ana Carla Ferreira Sabacianks, que conduzia o automóvel. Ela permaneceu em silêncio durante o interrogatório e não forneceu informações às autoridades responsáveis pela lavratura do flagrante. Ambos foram levados à delegacia para prestar esclarecimentos, mas apenas Sérgio foi preso preventivamente. Poucos dias depois, o agente obteve liberdade provisória mediante o pagamento de fiança fixada em R$ 6 mil.
A repercussão do caso abalou o ambiente institucional da Polícia Civil sul-mato-grossense e mobilizou a Corregedoria-Geral da instituição, que determinou a abertura imediata de procedimento disciplinar. Embora o texto do ato de demissão não mencione de forma expressa a condenação judicial como causa direta da exoneração, fontes ligadas ao processo indicam que o desfecho do julgamento influenciou diretamente a decisão. Sérgio foi sentenciado, em novembro de 2024, a um ano e três meses de prisão em regime aberto, além do pagamento de duas prestações pecuniárias equivalentes a salários mínimos e a obrigatoriedade de prestar serviços comunitários em entidade a ser designada pelo Juízo da Execução Penal.
Entretanto, os problemas judiciais de Sérgio Garutti Júnior não se limitam ao episódio de contrabando. Em março de 2024, ele também foi formalmente denunciado pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul por agressão e ameaça, decorrentes de um episódio registrado em 8 de julho de 2022. Na ocasião, o então servidor se envolveu em uma briga em um restaurante na cidade de Dourados, a 251 quilômetros da capital, Campo Grande. Segundo o inquérito, Garutti desferiu uma cabeçada contra a vítima e ainda a intimidou, proferindo a ameaça: “sou polícia, vou voltar”.
O julgamento referente à denúncia de agressão ainda não foi realizado, mas a reincidência de comportamentos incompatíveis com a conduta de um agente da lei já era considerada preocupante pela cúpula da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). A demissão definitiva, assinada pelo secretário Antônio Carlos Videira, põe fim ao vínculo de Garutti com a Polícia Judiciária de Mato Grosso do Sul, após uma trajetória marcada por denúncias, escândalos e desvio grave de conduta funcional.
A perita papiloscopista que acompanhava o agente no momento da apreensão continua sendo investigada, mas não há informações públicas sobre medidas disciplinares adotadas contra ela até o momento. A corregedoria da Polícia Civil acompanha o caso com discrição, e fontes internas não descartam a possibilidade de sanções futuras.
O episódio evidencia mais uma vez os desafios enfrentados pelo sistema de segurança pública em manter a integridade de seus quadros frente à crescente influência de atividades ilícitas que rondam a fronteira entre Brasil e Paraguai, notoriamente marcada por intensa circulação de produtos contrabandeados, drogas e armas. A atuação firme dos órgãos de controle e fiscalização, como o DOF e a Corregedoria da Polícia Civil, tem se mostrado essencial para a preservação da moralidade institucional.

Para a sociedade sul-mato-grossense, a punição exemplar de servidores envolvidos em crimes é vista como passo necessário no combate à impunidade e na reafirmação dos princípios éticos que regem o serviço público. No contexto atual, em que a confiança da população nas instituições depende cada vez mais da transparência e da responsabilidade na condução das ações disciplinares, o caso de Sérgio Garutti Júnior se inscreve como marco de intolerância com desvios de conduta entre os agentes da lei.
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