Em visita ao Vietnã, o ministro dos Transportes, Renan Filho, destacou neste sábado (29) a importância dos investimentos público-privados em rodovias e ferrovias para fortalecer a posição estratégica do Brasil no abastecimento alimentar global. Durante o Fórum Econômico Brasil-Vietnã, realizado em Hanói, o ministro enfatizou que o país tem hoje o maior programa de concessões rodoviárias do mundo, atraindo bilhões de dólares para melhorar a infraestrutura de transporte.
“O Brasil se notabiliza como referência global na capacidade de atrair investimentos. Somente em 2025, realizaremos 15 leilões na Bolsa de Valores de São Paulo para concessão de rodovias à iniciativa privada, garantindo novos recursos para nossa malha viária”, afirmou Renan Filho.
A carteira de investimentos, segundo o ministro, inclui aproximadamente US$ 50 bilhões (R$ 300 bilhões) para rodovias e US$ 15 bilhões (R$ 75 bilhões) para ferrovias. Um dos principais projetos destacados é o Corredor Ferroviário Leste-Oeste, conhecido como Fico-Fiol, que ligará o Brasil Central a portos no Nordeste e no Sul da Bahia, ampliando a exportação agropecuária.
“Essa ferrovia será transformadora para a segurança alimentar mundial, oferecendo mais uma via de escoamento da produção agrícola brasileira para o mercado internacional”, destacou Renan Filho.
Dificuldades no Escoamento de Safras e a Necessidade de Ferrovias
Atualmente, grande parte da produção agropecuária brasileira ainda depende de caminhões para chegar aos portos, o que gera desafios logísticos, encarece o custo do transporte e compromete a competitividade no mercado internacional. Sem uma rede ferroviária moderna e eficiente, toneladas de grãos e outros produtos agrícolas enfrentam dificuldades para serem escoadas, principalmente durante o período de safra.
O transporte rodoviário, apesar de essencial, tem limitações. As longas distâncias percorridas por carretas graneleiras, que transportam soja, milho e outras commodities, geram impactos no custo do frete, maior consumo de combustível e aumento do desgaste das rodovias. Além disso, a dependência quase total de caminhões para o transporte da safra torna o Brasil mais vulnerável a crises no setor, como a alta do diesel e paralisações de caminhoneiros.
O Corredor Ferroviário Leste-Oeste surge como uma alternativa para desafogar as rodovias e reduzir a dependência do transporte rodoviário, permitindo um escoamento mais ágil e econômico da produção agrícola. Com a nova ferrovia, o Brasil poderá reduzir gargalos logísticos e oferecer uma alternativa de transporte mais eficiente e sustentável.
Perigos nas Estradas Brasileiras com Carretas Graneleiras
A predominância do transporte rodoviário também gera um problema grave: o aumento do risco de acidentes nas estradas. Com o intenso fluxo de carretas graneleiras carregadas de soja, milho e outras cargas pesadas, as rodovias brasileiras sofrem com buracos, congestionamentos e um alto índice de acidentes envolvendo caminhões.
A BR-163, por exemplo, é um dos principais corredores de exportação do agronegócio, ligando o Mato Grosso aos portos do Norte do país. No período da colheita, longas filas de caminhões se formam ao longo da rodovia, dificultando o tráfego e aumentando o risco de colisões e tombamentos. Além disso, motoristas enfrentam estradas malconservadas, chuva intensa e até trechos sem pavimentação, tornando o trajeto ainda mais perigoso.
Estatísticas mostram que o transporte de cargas pesadas está entre as principais causas de acidentes fatais nas estradas brasileiras. Caminhões carregados têm menor capacidade de frenagem e, em muitas rodovias sem acostamento adequado, ultrapassagens arriscadas se tornam frequentes, colocando em risco motoristas e passageiros de veículos menores.
Diante desse cenário, a ampliação da malha ferroviária surge como uma solução não apenas para a eficiência logística, mas também para a segurança nas estradas. Com mais investimentos em ferrovias, será possível reduzir o fluxo de carretas graneleiras nas rodovias, diminuindo acidentes e tornando o transporte de cargas mais seguro.
Fortalecimento da Parceria Brasil-Vietnã
Na sexta-feira (28), Brasil e Vietnã firmaram um Plano de Ação para aprofundar a Parceria Estratégica entre os dois países. O documento, assinado em Hanói durante encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente vietnamita Luong Cuong, estabelece metas para o período de 2025 a 2030.
O plano abrange desde a ampliação do comércio até a cooperação em infraestrutura, tecnologia e energia, além de reforçar o diálogo político entre as nações. Em 2024, o comércio bilateral entre Brasil e Vietnã atingiu US$ 7,9 bilhões (R$ 45,5 bilhões), com projeção de alcançar US$ 15 bilhões (R$ 86,4 bilhões) até 2030.
“O Vietnã é o principal destino das exportações brasileiras entre os países da Asean. Nosso objetivo é fortalecer esse laço e abrir novas oportunidades comerciais para os dois países”, explicou Renan Filho.
A parceria estratégica se alinha à estratégia do Governo Federal de expandir relações internacionais e consolidar o Brasil como um dos grandes fornecedores globais de alimentos. O Vietnã, com seus 101 milhões de habitantes e crescimento econômico médio de 6% ao ano, é um dos mercados mais dinâmicos da Ásia e se torna cada vez mais relevante na cadeia global de distribuição.
Crescimento e Futuro da Infraestrutura Brasileira
O fortalecimento da infraestrutura de transporte no Brasil, impulsionado por investimentos público-privados, visa melhorar a competitividade do país no cenário global. As concessões rodoviárias e projetos ferroviários, aliados ao crescimento do setor agropecuário, consolidam o Brasil como potência no abastecimento alimentar mundial.
Além da geração de empregos e do desenvolvimento regional, a ampliação da malha ferroviária poderá trazer mais segurança e eficiência para o transporte de cargas, reduzindo o impacto ambiental e os riscos nas estradas.
“Saio do Vietnã com a certeza de que nossa parceria só tem a crescer. O desafio de desenvolver infraestrutura e garantir melhores condições de vida para a população é um compromisso que compartilhamos”, concluiu Renan Filho.
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