Mato Grosso do Sul, 22 de abril de 2025
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Ira! no olho do Furacão: polêmica política gera cancelamento de shows no sul do Brasil

Após fala contra bolsonaristas em show, Nasi divide público e leva produtora a suspender apresentações por falta de apoio e patrocinadores
Produtora atribui cancelamentos a "últimos acontecimentos envolvendo a banda"
Produtora atribui cancelamentos a "últimos acontecimentos envolvendo a banda"

O embalo nostálgico dos clássicos do rock nacional deu lugar a um verdadeiro vendaval nos bastidores da turnê do Ira!. A banda, que está celebrando os 20 anos do consagrado disco “Acústico MTV”, teve quatro shows cancelados após uma fala polêmica do vocalista Nasi durante uma apresentação em Contagem, Minas Gerais, no fim de março. O motivo? Um confronto direto com parte do público que se identificava com o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Durante o show, Nasi se posicionou veementemente contra a ideia de anistia aos responsáveis pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro. A manifestação causou reações imediatas da plateia, com vaias de parte dos presentes. Sem se intimidar, o vocalista respondeu com firmeza e deixou clara sua posição.

“Para vocês que estão vaiando, vou falar uma coisa: tem gente que acompanha o Ira!, mas nunca entendeu o Ira! Tem gente que nos segue e é reacionário, tem gente que é bolsonarista. Isso não tem nada a ver, gente”, disse ele, exaltado. “Por favor, vão embora da nossa vida! Vão embora e não apareçam mais em shows, não comprem nossos discos.”

A resposta do público e dos bastidores veio logo em seguida. A produtora 3LM Entretenimento, responsável por organizar os shows do Ira! em Jaraguá do Sul e Blumenau, em Santa Catarina, e em Caxias do Sul e Pelotas, no Rio Grande do Sul, anunciou o cancelamento das apresentações.

Em nota, a empresa alegou que, após a polêmica, enfrentou uma enxurrada de pedidos de cancelamento de ingressos, desistência de patrocinadores e queda expressiva nas vendas. “Diante desse cenário, e com grande pesar, não tivemos outra alternativa a não ser cancelar os shows”, declarou a produtora. Ainda na mesma nota, a 3LM pontuou que artistas deveriam subir ao palco apenas para “apresentar suas músicas e talentos”, criticando o tom político adotado por Nasi no show.

O estorno dos valores dos ingressos será feito automaticamente, dentro de um prazo de até 30 dias, seguindo o método de pagamento utilizado na compra.

Apesar da confusão, a turnê do Ira! segue firme em outras regiões do país. A banda tem compromissos marcados até outubro em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Belém e diversas localidades no interior e em capitais. O repertório da turnê reúne sucessos como “Dias de Luta”, “Flores em Você”, “Tarde Vazia” e “Envelheço na Cidade”, resgatando o espírito rebelde e contestador que sempre marcou a trajetória do grupo.

Esse episódio reacende o debate sobre o espaço de manifestações políticas nos palcos brasileiros. Muitos artistas têm usado a visibilidade dos shows para se posicionar sobre temas relevantes. Anitta, Daniela Mercury e Nando Reis são alguns nomes que, assim como Nasi, já criticaram publicamente a possibilidade de anistia aos envolvidos nos ataques golpistas.

De acordo com o último levantamento do Datafolha, a maioria da população brasileira também rejeita a ideia de anistia. Segundo os dados, 56% dos entrevistados são contra a medida, enquanto 34% acham que as penas aplicadas até agora são justas. Já 36% acham que foram brandas demais, e 25% as consideram severas.

Nasi, por sua vez, segue fiel à sua história e à essência da banda, marcada desde os anos 1980 por letras críticas e uma postura combativa. O episódio mostra que, mesmo em tempos de turnês comemorativas, o rock ainda pode ser espaço para provocação, posicionamento e conflito. E no caso do Ira!, parece que essa chama está longe de apagar.

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