Em um gesto que combina pressão diplomática e necessidade de atenuar os impactos de uma crise humanitária cada vez mais grave, Israel aceitou nesta quarta-feira, 21 de maio, um acordo proposto pelos Emirados Árabes Unidos para permitir o envio de ajuda emergencial à Faixa de Gaza. A medida, embora limitada, representa uma abertura simbólica e logística diante do colapso social no enclave palestiniano.
A iniciativa partiu de uma conversa telefônica entre Abdallah ben Zayed Al-Nahyane, chefe da diplomacia emiradense, e Gideon Saar, ministro israelita dos Negócios Estrangeiros. Segundo comunicado oficial da agência de notícias estatal WAM, o acordo viabilizará a entrega de mantimentos e alimentos essenciais para cerca de 15 mil civis em Gaza. A região, cercada por bombardeios e restrições severas, vive uma situação crítica de escassez alimentar e sanitária.
O acordo chega em um momento em que as ações israelitas são alvo de duras críticas internacionais. Organismos de direitos humanos, lideranças políticas globais e a própria Organização das Nações Unidas têm denunciado possíveis crimes de guerra e acusações de genocídio, com Israel sendo acusado de realizar uma limpeza étnica sistemática na região.
Na última terça-feira, a ONU emitiu um alerta alarmante: cerca de 14 mil bebês poderiam morrer em um prazo de 48 horas se não houvesse o envio imediato de suprimentos à Faixa de Gaza. No mesmo dia, o governo do Reino Unido suspendeu as negociações comerciais com Israel, convocando o embaixador israelita em Londres para expressar seu descontentamento com o bloqueio à ajuda humanitária.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pressionado pelas repercussões internacionais e pela deterioração da imagem do país, declarou que Israel permitiria uma “retomada limitada” da entrada de alimentos, declarando que imagens de fome em massa poderiam prejudicar a legitimidade da ofensiva militar em curso. Apesar da autorização para a entrada de 93 caminhões da ONU, apenas algumas dezenas conseguiram efetivamente atravessar as barreiras, segundo relato da própria instituição.
Enquanto a ajuda internacional enfrenta barreiras, os ataques aéreos continuam. Relatórios das autoridades de saúde palestinianas apontam que 85 pessoas morreram em ataques israelitas apenas na última noite. O Exército de Israel informou que os bombardeios tinham como alvo centros de comando do grupo Hamas e afirmou ter emitido alertas prévios aos civis da região.
A tensão diplomática também atingiu a União Europeia. Em reunião realizada em Bruxelas, uma maioria expressiva de ministros decidiu pela revisão do acordo que rege as relações políticas e econômicas com Israel. Kaja Kallas, alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, declarou que a medida visa avaliar se Israel está cumprindo as obrigações de direitos humanos previstas no pacto.
“A situação é catastrófica. A ajuda permitida por Israel é insuficiente. O fluxo deve ocorrer de maneira imediata, sem obstruções e em escala adequada”, afirmou Kallas.
Em resposta, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel emitiu uma nota rejeitando as críticas de Bruxelas. A nota afirma que os pronunciamentos europeus ignoram a complexidade da realidade israelita e apenas encorajam o Hamas a manter a luta armada.
O governo israelita reforçou que tem aceitado propostas norte-americanas de cessar-fogo e troca de reféns, todas, segundo Telavive, recusadas pelo Hamas. A nota oficial conclui responsabilizando o grupo palestiniano por prolongar a guerra e reiterando a legitimidade das operações em defesa do povo israelita.
Enquanto os embates diplomáticos e militares prosseguem, a população de Gaza segue em uma espiral de sofrimento. As imagens de hospitais lotados, crianças desnutridas e cidades reduzidas a escombros reforçam a urgência de ações concretas por parte da comunidade internacional.
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