A jornalista Nathália Barros Corrêa, de 37 anos, voltou à Deam (Delegacia Especializada De Atendimento À Mulher), em Campo Grande, para apresentar novas provas contra o ex-companheiro, o músico Philipe Calazans, de 37 anos, que a agrediu no último dia 3, causando uma fratura no nariz. Além de reforçar o pedido de prisão do agressor, Nathália revelou novos episódios de violência que vinha sofrendo antes da agressão física.
O caso tomou grande repercussão após a soltura de Philipe, que foi preso em flagrante, mas liberado dias depois com uso de tornozeleira eletrônica. Para Nathália, a medida protetiva concedida pela Justiça não é suficiente para garantir sua segurança. “A gente precisa que a Justiça entenda o que é essa agressão contra a mulher, que não é um ato isolado, é uma escalada de violência. Enquanto não houver um olhar mais atento para isso, muitas mulheres continuarão sendo vítimas”, declarou a jornalista.
Novas provas e pedido de prisão
Acompanhada do advogado Luiz Kevin Barbosa, Nathália prestou um novo depoimento detalhado, apresentando fotos, áudios e relatos de testemunhas que comprovam que a violência não aconteceu apenas no dia 3, mas era recorrente. O advogado explicou que as novas provas fortalecem o pedido de prisão do agressor e que o caso já foi atualizado com uma tipificação mais grave.
“Com essas novas provas, estamos reforçando o pedido para que ele volte a ser preso. O crime não foi um ato isolado, ele já vinha praticando agressões psicológicas e morais contra a vítima antes. Agora, a Justiça tem novos elementos para reavaliar essa decisão”, explicou Luiz Kevin.
O advogado também esclareceu que a Justiça inicialmente concedeu a liberdade do músico sob monitoramento eletrônico, mas sem autorizar visitas à filha do casal, de apenas 8 meses. “Nós já manifestamos nossa posição contrária a qualquer contato entre ele e a criança. A juíza que vai regular essa questão, mas a vítima não se sente segura com essa possibilidade”, acrescentou.
Agressor é faixa preta em Karatê
Um detalhe que chamou atenção no caso foi o fato de Philipe Calazans ser faixa preta de Karatê. O tema foi levantado pelo deputado estadual Paulo Corrêa (PSDB) durante sessão na Alems (Assembleia Legislativa De Mato Grosso Do Sul). Segundo Luiz Kevin Barbosa, essa informação pode ser relevante no julgamento, pois o músico tem conhecimento técnico para causar danos graves com suas agressões.
“O agressor sempre se declarou faixa preta de caratê, e isso faz uma diferença enorme na hora de avaliar a gravidade da violência cometida. Uma pessoa com esse tipo de treinamento tem capacidade de machucar ainda mais”, explicou o advogado.
A defesa de Philipe tenta alegar que ele agiu em legítima defesa, mas as provas apresentadas por Nathália e os relatos de testemunhas desmontam essa versão.
Erro no Indiciamento e possível reviravolta no caso
Durante o registro do caso, a Deam teria cometido um erro ao indiciar o irmão da vítima, o que gerou questionamentos na Alems. O deputado Paulo Corrêa criticou a falha e cobrou explicações. Segundo o advogado de Nathália, o erro foi corrigido rapidamente e não trouxe prejuízo ao processo. “Foi um erro de digitação, nada que afetasse o andamento da investigação. O importante é que a delegacia está conduzindo o caso corretamente e já cogita pedir nova prisão do agressor”, pontuou Luiz Kevin.
A delegada responsável pelo caso também foi a mesma que atendeu a jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo em fevereiro. Nathália mencionou sua amiga durante a entrevista e fez um alerta sobre a necessidade de um olhar mais rigoroso da Justiça em casos de violência doméstica.
“Vanessa já tinha medida protetiva contra o agressor e mesmo assim foi morta. Quantas mulheres mais precisarão morrer para que isso mude? No meu caso, eu sobrevivi, mas poderia não estar aqui hoje para contar essa história”, disse Nathália, emocionada.
Justiça sob pressão para revisar a decisão
Com os novos elementos, a defesa da jornalista acredita que a Justiça pode rever a soltura de Philipe Calazans nos próximos dias. O caso já foi encaminhado ao Judiciário para nova análise. Enquanto isso, Nathália segue sob medida protetiva, mas teme por sua segurança.
“A medida protetiva, por si só, não traz segurança. O que traria segurança de verdade seria ele estar preso até que tudo fosse investigado minuciosamente”, desabafou a jornalista.
A decisão sobre um possível novo pedido de prisão agora depende do desembargador responsável pelo caso. Com as novas provas e a repercussão do caso, há uma forte expectativa de que a Justiça possa tomar uma nova decisão em breve.
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