O Ministério Público de São Paulo denunciou o juiz aposentado Edward Albert Lancelot Dodd Canterbury Caterham Wickfield, de 67 anos, por falsidade ideológica e uso de documento falso. Segundo a Promotoria, ele viveu por 40 anos sob uma identidade fictícia, enquanto sua verdadeira identidade, José Eduardo Franco dos Reis, permaneceu oculta. A descoberta ocorreu quando ele tentou tirar uma nova via do RG em um Poupatempo da capital paulista, em outubro do ano passado. 🏛️
O que aconteceu
Conforme reportagem de Reynaldo Turollo Jr, g1, a investigação revelou que Reis usou o nome falso para ingressar no curso de Direito da USP na década de 1980, prestar concurso e atuar como magistrado em São Paulo. Durante sua carreira, assinou milhares de sentenças com a identidade fictícia e chegou a ocupar cargos de destaque no Tribunal de Justiça de São Paulo. Sua aposentadoria foi publicada em 2018. 🕵️
Filho de nobreza
A farsa foi sustentada por documentos aparentemente legítimos. Em 1980, ele obteve um RG com dados falsificados, alegando ser filho de nobres britânicos. Com essa identidade, obteve outros documentos, incluindo título de eleitor e carteira de trabalho, que permitiram sua entrada no Judiciário. Em 1995, uma reportagem da Folha de S.Paulo o identificou como descendente de magistrados ingleses.
Fato real
No entanto, registros de nascimento indicam que seus pais tinham nomes brasileiros e não há comprovação da existência das pessoas que ele declarou como progenitores. A polícia conseguiu desmascará-lo ao comparar suas digitais nos registros antigos e atuais, utilizando novas tecnologias de identificação.
Documentos falsos apresentados
A denúncia do Ministério Público aponta três ocasiões recentes em que Reis emitiu documentos com informações falsas: em 2020, no Registro Nacional de Veículos Automotores; em 2021, no Departamento Estadual de Trânsito; e em 2024, ao tentar renovar sua identidade. Esses eventos permitiram que as autoridades rastreassem sua trajetória de falsificações.
Processo
Como medida cautelar, a Promotoria solicitou o cancelamento dos documentos emitidos com o nome falso e pediu restrições à liberdade do acusado, incluindo a entrega do passaporte e a proibição de deixar sua cidade. O processo segue em segredo de Justiça, e a defesa do ex-juiz ainda não se manifestou.
Falhas
O caso levanta questionamentos sobre falhas nos sistemas de identificação e fiscalização, além de provocar debates sobre como um magistrado pôde exercer sua função durante décadas sem ser descoberto. A história do “juiz de duas faces” revela os desafios do combate à falsidade ideológica no Brasil. 🔎⚖️