Na manhã desta quinta-feira, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro surpreendeu o mundo esportivo ao afastar, pela segunda vez, Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol. A decisão foi assinada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também determinou a nomeação imediata de Fernando Sarney como interventor da entidade, com a tarefa prioritária de convocar novas eleições em caráter de urgência.
A medida jurídica decorre da anulação de um acordo anteriormente homologado pelo Supremo Tribunal Federal. O documento, firmado no início de 2023 e assinado por cinco dirigentes, foi o fundamento que permitiu o processo de reeleição de Ednaldo em março deste ano. No entanto, a validade do acordo foi colocada em xeque após denúncias de possível falsificação da assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, ex-presidente da CBF e uma das figuras centrais no arranjo político da confederação.
“Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela corte superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários”, escreveu o desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro em sua fundamentação.
Ednaldo Rodrigues tomou ciência de sua destituição enquanto participava de um congresso da Fifa em Assunção, no Paraguai. A decisão ainda cabe recurso e pode ser revertida nas instâncias superiores, como o Superior Tribunal de Justiça ou o Supremo Tribunal Federal, a exemplo do que ocorreu em dezembro de 2023, quando Ednaldo foi afastado pela primeira vez e conseguiu retornar ao cargo após intervenção do ministro Gilmar Mendes.
Fernando Sarney, nomeado como interventor, é um dos atuais vice-presidentes da CBF e integra a ala oposicionista. Embora ainda ocupe mandato até março de 2026, Sarney se distanciou de Ednaldo Rodrigues e não participou da chapa que reconduziu o dirigente ao cargo em março, por meio de aclamação. Recentemente, o próprio Sarney entrou com um pedido junto ao STF, em conjunto com a deputada federal Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), apontando a falsidade da assinatura do Coronel Nunes como prova de que o acordo eleitoral não deveria produzir efeitos.
O caso, que começou a ser analisado no Supremo, foi remetido novamente ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro pelo ministro Gilmar Mendes, que determinou investigação urgente sobre os fatos apresentados. O desembargador Zéfiro chegou a marcar uma audiência com o Coronel Nunes, mas ela foi desmarcada após a defesa do ex-presidente alegar problemas de saúde que o impediam de prestar esclarecimentos.
Diante da ausência de manifestação de Nunes, e do laudo técnico que aponta para a falsificação de sua assinatura, o magistrado optou por tomar a decisão de afastar Ednaldo Rodrigues e instaurar uma nova fase de intervenção administrativa na confederação.
A nova crise no comando da CBF ocorre em um momento de instabilidade política e pressões públicas. Na última segunda-feira, três dias antes de sua destituição, Ednaldo anunciou oficialmente a contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti para assumir a Seleção Brasileira. O anúncio foi feito de forma apressada, antes mesmo de qualquer confirmação do Real Madrid, clube que ainda conta com Ancelotti até o fim da temporada europeia.
O movimento foi interpretado nos bastidores como uma tentativa desesperada de manter apoio entre os dirigentes estaduais e junto à opinião pública. Na terça-feira, Ednaldo ainda se reuniu com representantes das federações estaduais na sede da CBF, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o corpo jurídico da entidade apresentou uma leitura favorável à permanência do dirigente, sustentando que havia segurança jurídica para sua continuidade à frente da confederação. Entretanto, advertiram que uma eventual decisão desfavorável no TJ-RJ poderia ser revertida no STF, como anteriormente.
Agora, com a confirmação judicial do afastamento e a instalação de uma intervenção institucional comandada por Fernando Sarney, a CBF entra novamente em um processo de incerteza e disputa pelo poder. As próximas semanas deverão ser marcadas por intensas movimentações políticas e articulações entre as federações, conselheiros e dirigentes, enquanto se aguarda o cronograma das novas eleições.
A medida reacende o debate sobre a governança e a legalidade dos processos internos da CBF, entidade que historicamente acumula episódios de disputas judiciais e crises administrativas. Resta saber se a nova gestão provisória conseguirá restaurar a credibilidade do processo eleitoral e garantir uma sucessão legítima, capaz de estabilizar a estrutura do futebol brasileiro em um momento crítico.
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