A tradicional festa de São João em Campina Grande, na Paraíba, marcada por celebrações culturais, música e grande participação popular, tornou-se cenário de polêmica na noite de quinta-feira, 12 de junho. O cantor sertanejo Leonardo, uma das atrações mais aguardadas do evento, subiu ao palco sob olhares perplexos do público. Visivelmente alterado, o artista foi acusado por inúmeros fãs de se apresentar embriagado, o que comprometeu o desempenho e gerou uma enxurrada de críticas nas redes sociais.
A repercussão foi imediata. Perfis no Instagram do cantor foram invadidos por comentários revoltados de fãs que se sentiram desrespeitados. Muitos deles relataram que Leonardo mal conseguia cantar suas músicas e, por vezes, demonstrava confusão nas falas. Comentários como “deveria devolver o cachê” e “foi uma vergonha nacional” se multiplicaram nas postagens. O episódio, que em outras circunstâncias poderia ser apenas folclórico, desta vez esbarrou no limite entre a irreverência e a falta de profissionalismo, segundo a avaliação de muitos presentes.
Leonardo, que há décadas é um dos nomes mais populares da música sertaneja brasileira, ainda não se pronunciou oficialmente sobre a apresentação. No entanto, a polêmica em Campina Grande reacendeu outro caso envolvendo o nome do artista: a anulação de um contrato milionário para um show em Gaúcha do Norte, município do interior do Mato Grosso.
No mês passado, a Justiça determinou a anulação do contrato firmado entre a Prefeitura de Gaúcha do Norte e a empresa Talismã Administradora de Shows e Editora Musical Ltda., responsável pela carreira de Leonardo. O motivo, segundo decisão judicial, foi o indício de superfaturamento no valor acordado para a apresentação do cantor durante a 13ª Feira Cultural da cidade, programada para o dia 1º de junho.
O valor pago, R$ 750 mil, chamou a atenção do Ministério Público Estadual, que já havia emitido um alerta sobre o contrato antes da realização do evento. Mesmo com a recomendação, o show foi realizado. Agora, a empresa terá que devolver R$ 300 mil aos cofres públicos, valor considerado como excedente e incompatível com os preços praticados para artistas do mesmo porte em cidades similares. A média de contratações em Gaúcha do Norte, segundo levantamento oficial, gira em torno de R$ 432 mil.
O ex-prefeito Volney Rodrigues Goulart também está sendo investigado por suposta participação nas irregularidades. A atual gestão municipal declarou não ter vínculo com a contratação e atribuiu toda a responsabilidade à administração anterior. Segundo o Ministério Público, além da falta de transparência, o contrato infringiu regras sobre inexigibilidade de licitação, que exige justificativa técnica e orçamentária compatível com os recursos públicos aplicados.
O caso levanta novamente discussões sobre o uso de verbas públicas em eventos culturais em cidades de pequeno porte, onde a população frequentemente enfrenta carências básicas de infraestrutura, saúde e educação. Para muitos moradores, os gastos exorbitantes com entretenimento contrastam de forma gritante com as necessidades cotidianas da comunidade.
Enquanto as críticas à apresentação em Campina Grande seguem circulando nas redes sociais, e os desdobramentos judiciais do contrato em Mato Grosso continuam em curso, Leonardo vê seu nome envolto em polêmicas que ultrapassam o universo da música. Entre fãs decepcionados e investigações oficiais, a imagem pública do cantor entra em uma zona delicada, onde a fama consolidada de décadas se vê confrontada com questionamentos éticos e comportamentais.
Resta saber se os episódios recentes provocarão algum tipo de reposicionamento por parte do artista e de sua equipe, ou se cairão no esquecimento, como tantos casos que ganham notoriedade fugaz nos ciclos velozes da internet e da opinião pública.
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