Mato Grosso do Sul, 8 de maio de 2025
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Lula diz não aos EUA e recusa classificar facções como terroristas em reunião polêmica em Brasília

Proposta americana queria colocar PCC e Comando Vermelho na lista de terrorismo, mas governo brasileiro bateu o pé e recusou alegando diferença legal e falta de base ideológica
Prédio do Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios em Brasília Foto: Rafa Neddermeyer
Prédio do Palácio da Justiça, na Esplanada dos Ministérios em Brasília Foto: Rafa Neddermeyer

Uma reunião de alto nível entre representantes do governo brasileiro e uma comitiva dos Estados Unidos esquentou os bastidores da política nesta terça-feira em Brasília. O motivo? Um pedido delicado vindo direto da Casa Branca: que o Brasil passasse a classificar as facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) como organizações terroristas. A proposta não pegou bem e foi prontamente rejeitada pela equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A comitiva americana era liderada por David Gamble, chefe interino da coordenação de sanções do Departamento de Estado. Segundo os norte-americanos, o FBI já teria rastreado a atuação das duas facções em pelo menos 12 estados dos Estados Unidos, entre eles Nova York, Nova Jersey e Flórida. O que preocupa os americanos é que o PCC e o CV estariam usando cidadãos brasileiros nos EUA para lavar dinheiro e movimentar a rede de tráfico internacional.

O argumento deles é que, ao classificar as facções como terroristas, os Estados Unidos poderiam impor sanções mais pesadas, com base na legislação antiterrorismo americana. E pediram que o Brasil seguisse o mesmo caminho.

Mas o governo Lula bateu o martelo contra. Representantes dos ministérios das Relações Exteriores, da Justiça e Segurança Pública, além de membros da Polícia Federal, explicaram que, pelas leis brasileiras, uma facção criminosa que atua com fins lucrativos não se encaixa na definição de terrorismo. O Brasil considera terrorista o grupo que tem motivação ideológica, política ou religiosa para espalhar o medo — o que não é o caso das facções.

Os representantes do governo federal ainda reforçaram que o combate ao crime organizado no Brasil já é firme. Citaram ações como o isolamento de chefes do tráfico em presídios federais de segurança máxima, operações conjuntas entre Polícia Federal e Ministério Público e o trabalho de inteligência nas fronteiras. Disseram que o Brasil tem o controle da situação e que não precisa copiar o modelo americano para mostrar força.

A visita da delegação americana ganhou ainda mais atenção depois de ter sido anunciada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele insinuou nas redes sociais que o grupo vinha pressionar o Brasil a impor sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Mas, segundo o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que também esteve com a comitiva, esse assunto nem chegou a ser mencionado oficialmente.

A tentativa dos EUA de interferir na forma como o Brasil trata suas próprias questões de segurança interna gerou desconforto em vários setores do governo. A decisão de Lula em manter a autonomia da política criminal brasileira foi vista por aliados como uma forma de não ceder à pressão externa e preservar a soberania jurídica do país.

Para especialistas em relações internacionais, o episódio expõe a tensão entre os dois países sobre como enfrentar o crime transnacional. Enquanto os EUA tratam algumas facções como ameaças de segurança nacional, o Brasil prefere manter a distinção entre terrorismo e crime organizado, justamente para não abrir brechas legais que possam gerar polêmicas ou abusos.

O certo é que, por enquanto, PCC e CV continuarão sendo tratados como grupos criminosos de alta periculosidade, mas fora da lista de organizações terroristas. A postura firme do governo brasileiro deixa claro que, mesmo sob pressão internacional, o país vai decidir com base nas suas leis e nas suas prioridades.

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