O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (21) ser contra jogos de azar, mas que vai sancionar o projeto de lei que legaliza o funcionamento de cassinos, bingos e jogo do bicho no Brasil, caso o Congresso aprove a matéria.
“Eu não sou favorável a jogo. Não sou favorável, mas também não acho crime. Se no Congresso for aprovado [ o projeto de lei] e for feito um acordo entre os partidos políticos, não tem por que não sancionar”, declarou durante entrevista à Rádio Meio FM, em Teresina, no Piauí.
O projeto de lei que trata sobre o tema foi aprovado pela Comissão de Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado na última quarta-feira (12).
O texto autoriza o funcionamento de cassinos e bingos no Brasil, legaliza o jogo do bicho e permite apostas em corridas de cavalos – todos proibidos por lei desde 1946.
O projeto de lei segue para votação no plenário do Senado, onde precisa dos votos da maioria dos 81 senadores para seguir adiante. Mas ainda não existe data para a votação ocorrer.
Caso a proposta seja aprovada pelo Senado, a matéria vai para a sanção do presidente Lula. O projeto de lei já foi aprovado pela Câmara dos Deputados.
Os defensores da legalização dos jogos de azar no Brasil falam que a liberação vai trazer riqueza para o país, além de empregos. Já os contrários apontam um cenário ideal para diversos crimes, como a lavagem de dinheiro, além da ocupação e legitimação de organizações criminosas. Também ressaltam que vai alimentar vícios nocivos à saúde.
Para Lula, o projeto de lei não vai solucionar os problemas do país e não vai gerar os empregos prometidos. “Eu acho que não é isso que vai resolver o problema do Brasil. Essa promessa fácil de quem vai gerar dois milhões de empregos, de que vai desenvolver … não é verdade também. Não é verdade”, afirmou.
Ainda durante a entrevista, Lula criticou as apostas eletrônicas, conhecidas como bets. “E a jogatina que você tem hoje na televisão, no esporte? A criança hoje com celular na mão fazendo aposta o dia inteiro. Quem segura isso?”, questionou.
Mesmo se posicionando contrário à legalização dos jogos de azar, o petista refutou o discurso de que a liberação fará “o pobre gastar” o dinheiro que tem e que cassino é “coisa pra quem tem dinheiro”.
“Eu não acredito no discurso de: ‘ah, que se tiver cassino, o pobre vai gastar’… O pobre não vai no cassino! O pobre vai trabalhar no cassino. Ele pode até ver a sua cidade se desenvolver. Mas ele não vai porque o cassino é uma coisa pra gente que tem dinheiro”, completou.