A semana será de articulação política e econômica de alto nível para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em um giro diplomático que começa pela Rússia e termina na China, Lula parte com o objetivo de firmar acordos, abrir novos caminhos para exportações brasileiras e reforçar o protagonismo do país na construção de um mundo multipolar. A viagem marca também os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e a realização do IV Fórum China-Celac, que reúne representantes da América Latina e do Caribe com os chineses.
De 8 a 10 de maio, Lula participa em Moscou da cerimônia do Dia da Vitória, data que relembra a rendição da Alemanha nazista e o fim das operações militares em 1945. Além da presença simbólica nesse evento histórico, o presidente brasileiro tem encontro marcado com o presidente Vladimir Putin. No pacote de compromissos, estão previstas assinaturas de acordos na área de Ciência e Tecnologia. A visita também serve para manter vivo o diálogo bilateral em temas como comércio agrícola, fertilizantes e segurança alimentar.
Na conversa com jornalistas, o embaixador Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico do Ministério das Relações Exteriores, destacou que a relação com a Rússia é estratégica. “O Brasil é um país que busca a paz e tem um diálogo ativo com a Rússia. Temos uma balança comercial desequilibrada e buscamos corrigir isso com mais exportações de produtos brasileiros”, afirmou o diplomata.
De janeiro a março de 2025, o Brasil exportou cerca de 1,45 bilhão de dólares para a Rússia, mas importou mais de 10,9 bilhões, principalmente em fertilizantes e derivados de petróleo. Soja, carne bovina, café e tabaco são os produtos mais enviados pelo Brasil ao mercado russo. Hoje, a Rússia é o quinto maior fornecedor de importações para o Brasil.
Logo após Moscou, Lula embarca para a China, onde permanece entre os dias 12 e 13 de maio. Lá, ele participa do IV Fórum China-Celac e mantém uma agenda cheia com representantes do governo chinês e do setor empresarial. Estão previstas novas assinaturas de acordos que envolvem áreas como agricultura, energia, infraestrutura, ciência, saúde, cultura, turismo, indústria e tecnologia.
A China já é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. No primeiro trimestre de 2025, o volume de trocas entre os dois países chegou a quase 39 bilhões de dólares. O Brasil exportou pouco mais de 19,8 bilhões, com destaque para petróleo, soja e minério de ferro. Em contrapartida, importou cerca de 19 bilhões em produtos como equipamentos eletrônicos, máquinas, embarcações e sistemas de telecomunicação.
Na visão do Itamaraty, essa visita é mais uma etapa da aproximação entre Brasil e China, que nos últimos anos se consolidou também em fóruns multilaterais como os BRICS, o G20 e a OMC. Segundo o embaixador Saboia, “há uma força-tarefa atuando para alinhar os planos de desenvolvimento do Brasil com os da China, criando sinergia entre os dois países em áreas fundamentais para o futuro”.
O Fórum China-Celac, que Lula também participa em Pequim, é um espaço para conectar as estratégias de desenvolvimento da América Latina com os interesses chineses. A embaixadora Gisela Padovan, secretária para a América Latina e Caribe do Itamaraty, lembrou que “a CELAC é o único fórum que reúne os 33 países em desenvolvimento da América Latina e Caribe, e é essencial para ampliar a voz da região nas decisões globais”.
Um novo Plano de Ação 2025-2027 está sendo discutido e inclui temas como economia digital, saúde, combate a desastres, transição energética, comércio e segurança alimentar. O Brasil enxerga neste diálogo com a China e a CELAC uma oportunidade de aprofundar a integração regional e internacional.
Vale lembrar que em 2023, Lula já havia feito uma visita importante à China, da qual saíram 15 atos governamentais e 32 acordos entre empresas, abrangendo setores como energia renovável, agronegócio, tecnologia, saúde e transporte. Também foi assinada uma declaração conjunta sobre mudança climática, o que reforça a parceria dos países em temas ambientais.
A China, além de principal parceira comercial, é uma das maiores investidoras estrangeiras no Brasil, especialmente nos setores de energia, petróleo, transportes, telecomunicações e serviços financeiros. Com a nova visita, o governo brasileiro espera ampliar ainda mais essa participação, atraindo mais investimentos, gerando empregos e diversificando as exportações nacionais.
A agenda internacional de Lula mostra que o Brasil não quer ficar à margem dos grandes acordos e decisões do planeta. Pelo contrário, busca espaço para influenciar a construção de uma ordem mais justa, equilibrada e com maior cooperação entre os países do Sul Global.
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