Mato Grosso do Sul, 3 de julho de 2025
Campo Grande/MS
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Marina Silva volta a ser alvo de ataques no Congresso e reage com firmeza diante de críticas e ofensas

Ministra do Meio Ambiente afirma que o desrespeito vem de quem não conhece o respeito e relembra trajetória marcada pela luta ambiental e pelos direitos humanos desde a militância comunitária no Acre

Convocada para prestar esclarecimentos à Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 2 de julho, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, mais uma vez enfrentou uma sessão de hostilidade e ataques pessoais. Durante o encontro, alguns parlamentares ultrapassaram os limites do debate institucional e recorreram a ofensas, com palavras que ferem não apenas a figura da ministra, mas o próprio decoro parlamentar.

Entre os episódios mais graves, o deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) classificou Marina como “adestrada” e “mal-educada”, chegando a afirmar que ela “nunca trabalhou, nunca produziu” e que teria seu discurso “alinhado com ONGs internacionais”. A agressividade do discurso refletiu um padrão de confronto que tem marcado sessões nas quais a ministra comparece para tratar de temas relacionados à preservação ambiental e à política climática.

Mesmo diante dos ataques, Marina respondeu com serenidade e compostura. Em coletiva concedida após a audiência, ela declarou: “O desrespeito às vezes é a única coisa que as pessoas que não conhecem o respeito são capazes de oferecer.” Com voz calma, reiterou que quem não defende pautas autoritárias ou negacionistas acaba sendo atacado, mas que prefere ser alvo de injustiça a cometê-la.

Durante a sessão, outros parlamentares também engrossaram o tom crítico. O deputado Zé Trovão (PL-SC) chamou Marina de “vergonha como ministra”, enquanto o capitão Alberto Neto (PL-AM) sugeriu que ela “deveria pedir demissão”. Marina, em resposta aos comentários, declarou que fez uma longa oração antes da audiência e que compareceu ao Congresso com o espírito pacificado, pronta para contribuir com o debate de forma respeitosa.

Convocada para esclarecer dados sobre o aumento das queimadas e o desmatamento, Marina explicou que os incêndios florestais no país têm sido potencializados pelas mudanças climáticas. Ela reiterou que as condições extremas — como seca prolongada, altas temperaturas e perda de umidade — criam um ambiente favorável à propagação do fogo, e que negar esses fenômenos é compactuar com uma visão negacionista. “Qualquer pessoa que não seja negacionista sabe que a seca com baixa precipitação, temperatura alta, perda de umidade, potencializa os incêndios em todos os níveis”, afirmou.

A hostilidade enfrentada por Marina nesta audiência não é um episódio isolado. Em maio, a ministra já havia abandonado uma sessão na Comissão de Infraestrutura do Senado após ser alvo de comentários considerados machistas e ofensivos. Na ocasião, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que desejava “separar a mulher da ministra”, pois “a mulher merecia respeito, a ministra, não”. Diante da recusa do senador em pedir desculpas, Marina deixou o local. “Se, como ministra, ele não me respeita, vou me retirar”, declarou.

Outro momento tenso se deu quando o presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), ao cortar repetidamente a fala da ministra, reagiu às suas reclamações com ironia. Após ela afirmar que ele desejava que ela fosse “uma mulher submissa”, ele rebateu: “Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, intensificando o tumulto. Ele tentou se justificar dizendo que se referia ao “lugar institucional” da ministra, mas o episódio já havia gerado indignação.

Apesar da onda de ataques, Marina Silva permanece como uma das figuras mais respeitadas no cenário ambiental global. Nascida em uma comunidade seringueira no seringal Bagaço, no interior do Acre, Marina cresceu em meio à floresta e às dificuldades da pobreza extrema. Alfabetizou-se aos 16 anos de idade, estudou com enorme esforço, formou-se em história pela Universidade Federal do Acre e se destacou desde jovem pela militância comunitária e ecológica.

Ao lado do líder seringueiro Chico Mendes, Marina integrou os movimentos de defesa da floresta e das populações tradicionais da Amazônia. Em sua trajetória política, foi vereadora, deputada estadual e senadora. Como ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula, Marina foi responsável pela criação de dezenas de unidades de conservação, combate efetivo ao desmatamento e pela valorização internacional da política ambiental brasileira.

Seu legado é reconhecido fora do país. Já recebeu diversos prêmios ambientais e chegou a ser indicada ao Nobel da Paz. Apesar das constantes tentativas de desqualificação, a ministra continua firme na defesa da agenda ambiental, enfrentando pressões e embates políticos sem abrir mão de seus princípios.

Marina Silva representa, para muitos, a resistência das causas ambientais frente a interesses imediatistas que ignoram os limites da natureza. Seus embates no Congresso revelam não apenas a polarização em torno das políticas ambientais, mas também a dificuldade de consolidar um debate maduro e respeitoso sobre o futuro do país diante da emergência climática.

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