Mato Grosso do Sul deu um passo fundamental na promoção da saúde infantil ao ampliar, de maneira pioneira, o teste do pezinho realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de agora, o exame passa a identificar mais de 40 doenças congênitas, genéticas e metabólicas, consolidando o Estado como uma das referências nacionais na triagem neonatal.
O teste do pezinho, também conhecido como triagem neonatal, consiste na coleta de gotas de sangue do calcanhar do recém-nascido, entre o terceiro e o quinto dia de vida. Tradicionalmente, essa triagem permitia a detecção de sete doenças, conforme estipulado pelo Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN). Entretanto, com a ampliação oficializada por meio da Resolução n.º 381, publicada no Diário Oficial do Estado, o rol de doenças identificáveis cresce exponencialmente, representando uma vitória na prevenção e tratamento precoce de enfermidades que, muitas vezes, são silenciosas e potencialmente fatais.
A medida integra o Projeto Bem Nascer MS, iniciativa que visa garantir a todas as crianças do Estado o acesso ao diagnóstico precoce e, consequentemente, ao tratamento adequado, antes mesmo da manifestação de sintomas ou de danos irreversíveis à saúde.
As doenças detectadas pelo novo teste do pezinho
Com a versão ampliada, o teste passa a contemplar a detecção de uma ampla gama de doenças raras, muitas delas de difícil diagnóstico clínico nas fases iniciais da vida. Entre as patologias agora rastreadas destacam-se:
- Fenilcetonúria: distúrbio metabólico hereditário que impede a metabolização adequada da fenilalanina, podendo causar atraso mental se não tratada precocemente.
- Hipotireoidismo congênito: disfunção da glândula tireoide que, se não diagnosticada, compromete o desenvolvimento neurológico e físico da criança.
- Doença falciforme e outras hemoglobinopatias: doenças hereditárias que afetam a estrutura da hemoglobina, podendo provocar episódios dolorosos, anemia e complicações vasculares.
- Fibrose cística: enfermidade genética que compromete principalmente os sistemas respiratório e digestivo, necessitando de tratamento multidisciplinar desde o nascimento.
- Hiperplasia adrenal congênita: desordem endócrina que afeta a produção hormonal pelas glândulas suprarrenais, podendo causar alterações no desenvolvimento sexual e risco de crises adrenalinas.
- Deficiência de biotinidase: condição que afeta o metabolismo da biotina, vitamina essencial para várias funções metabólicas; sem tratamento, pode levar a convulsões, atraso no desenvolvimento e surdez.
- Toxoplasmose congênita: infecção causada pela transmissão do protozoário Toxoplasma gondii da mãe para o bebê, com potencial risco de complicações neurológicas e oftalmológicas.
Além dessas, a ampliação inclui a triagem de várias outras doenças metabólicas hereditárias, imunodeficiências primárias e condições neuromusculares graves:
- Atrofia muscular espinhal (AME): doença genética que afeta a força e os movimentos musculares, podendo ser letal na infância se não tratada.
- Imunodeficiências primárias: grupo de doenças genéticas que comprometem a defesa imunológica do organismo, deixando o bebê vulnerável a infecções graves.
- Galactosemias: distúrbios do metabolismo da galactose, que podem causar danos hepáticos, catarata e deficiência intelectual.
- Síndromes de acidemias orgânicas e aminoacidopatias: disfunções metabólicas que resultam em acúmulo tóxico de substâncias no organismo, podendo levar a crises metabólicas fatais.
- Distúrbios da oxidação de ácidos graxos: falhas na quebra de gorduras para produção de energia, que podem causar hipoglicemia grave, insuficiência hepática e morte súbita.
- Doenças peroxissomais: grupo de distúrbios metabólicos que afetam a função dos peroxissomos, essenciais para várias vias metabólicas no organismo.
- Hiperfenilalaninemias: distúrbios relacionados ao metabolismo da fenilalanina, que incluem formas mais brandas que a fenilcetonúria clássica, mas igualmente perigosas se não identificadas.
A importância do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce de tais doenças possibilita a implementação imediata de terapias específicas, capazes de evitar complicações graves, reduzir sequelas e, principalmente, salvar vidas. Para a gerente de Atenção à Saúde da Criança, Cristiana Schulz, a ampliação representa um avanço histórico: “Com o diagnóstico precoce, conseguimos iniciar o tratamento antes que a criança apresente sintomas ou desenvolva complicações. Isso significa mais qualidade de vida, menos sofrimento e, em muitos casos, a chance real de salvar vidas”, destaca.
O processamento das amostras é realizado pelo IPED/APAE de Campo Grande, laboratório de referência credenciado pelo Ministério da Saúde, que também assegura o acompanhamento multiprofissional dos casos alterados. Este acompanhamento envolve endocrinologistas, geneticistas, pediatras, psicólogos, nutricionistas, entre outros especialistas, garantindo suporte integral às crianças e suas famílias.
Impacto social e alcance da triagem neonatal em Mato Grosso do Sul
Atualmente, aproximadamente 3 mil testes do pezinho são realizados mensalmente em Mato Grosso do Sul, cobrindo todos os 79 municípios do Estado. A Secretaria de Estado de Saúde garante o repasse regular de recursos ao laboratório de referência, assegurando a continuidade e a sustentabilidade do programa de triagem neonatal ampliada.
A decisão de antecipar-se ao cronograma nacional e expandir o escopo do exame reforça o compromisso de Mato Grosso do Sul com a saúde pública, especialmente no que tange à proteção da infância e à garantia de um começo de vida saudável para todas as crianças.
Junho Lilás e a conscientização das famílias
Em sintonia com essa política de vanguarda, o Governo de Mato Grosso do Sul promove, durante o mês de junho, a campanha Junho Lilás, dedicada à conscientização sobre a importância do teste do pezinho. Com o lema “O primeiro passo é o mais importante”, a iniciativa busca informar as famílias sobre a necessidade de realizar o exame entre o 3º e o 5º dia de vida do bebê, enfatizando os benefícios da triagem e os riscos de diagnóstico tardio.
O Junho Lilás também celebra o Dia Nacional do Teste do Pezinho, comemorado em 6 de junho, reforçando o direito inalienável de toda criança a um início de vida saudável, protegido por políticas públicas eficazes e abrangentes.
Com a ampliação do teste do pezinho, Mato Grosso do Sul consolida-se como referência nacional em saúde neonatal, reafirmando seu compromisso com a vida e com o futuro de suas crianças.
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