O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) atingiu a marca de R$ 10,7 milhões em volume de crédito rural evitado a proprietários de terras com indícios de desmatamento ilegal em Mato Grosso do Sul, entre fevereiro de 2023 e abril de 2025. O estado ocupa a 13ª posição no ranking nacional de valores absolutos de financiamento não concedido, reflexo direto da política rigorosa adotada pela instituição financeira no combate a práticas ambientais irregulares.
Em todo o Brasil, o BNDES evitou o financiamento de R$ 806,3 milhões a produtores rurais que tiveram suas propriedades sinalizadas com alertas de desmatamento ilegal, de acordo com o balanço divulgado na quarta-feira, 5 de junho, data em que se celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente. O monitoramento é realizado em parceria com a plataforma MapBiomas, que utiliza imagens de satélite para rastrear a dinâmica dos biomas brasileiros e identificar indícios de desmatamento irregular.
Em Mato Grosso do Sul, o valor de crédito bloqueado corresponde a 0,4% do total de R$ 2,4 bilhões solicitados no período, índice que coloca o estado na 21ª posição nacional em percentual de financiamento evitado. O levantamento revelou que em 1% das operações de crédito rural solicitadas ao BNDES por produtores sul-mato-grossenses foram registrados alertas de indícios de desmatamento ilegal.
Em âmbito nacional, o número de alertas ativos de indícios de desmatamento ilegal chegou a 3.723, o que representa cerca de 1% das 337,2 mil solicitações de crédito rural encaminhadas ao BNDES desde o início da parceria com o MapBiomas, em 2023. As operações consideradas como crédito rural abrangem financiamentos dos programas agropecuários do Governo Federal, linhas do BNDES Crédito Rural e aquelas classificadas como crédito agrícola pelo Banco Central.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a importância da tecnologia e da governança rigorosa na análise das operações de crédito e no enfrentamento das mudanças climáticas. “Só no mês de abril deste ano, o volume de crédito evitado para quem possui indício de desmatamento ilegal foi de quase R$ 25 milhões. O BNDES é um grande parceiro do agronegócio e da pecuária, mas não é complacente com o agronegócio que destrói o meio ambiente. O banco acredita e apoia a agropecuária que tem o meio ambiente como aliado, que inova e é sustentável. O tempo do crédito para o agro que desmata já passou”, afirmou Mercadante.
A plataforma MapBiomas, por sua vez, valida os alertas de indícios de desmatamento por meio de imagens de alta resolução e elabora laudos técnicos que confirmam a ocorrência recente de desmatamentos. A integração automatizada entre os sistemas do MapBiomas e do BNDES permite ao banco não apenas avaliar novas solicitações, mas também monitorar operações já contratadas, com base nos registros das propriedades no Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SICAR) do Ministério da Agricultura e Pecuária.
O BNDES estabeleceu normas próprias que vão além do que determina o Manual de Crédito Rural (MCR) do Banco Central. O banco não autoriza a contratação de operações de crédito rural cujo beneficiário tenha embargos vigentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mesmo que o embargo não recaia sobre a propriedade objeto do financiamento, a menos que sejam apresentadas medidas efetivas de regularização ambiental.
Nos casos em que o embargo é imposto após a contratação do crédito, a liberação de recursos é imediatamente suspensa até a apresentação de documentação comprobatória da regularização perante o órgão ambiental competente. Se a regularização não ocorrer em até 12 meses, a operação é liquidada antecipadamente. Além disso, caso o cliente descumpra qualquer medida de regularização pactuada, a instituição financeira responsável pela operação deve efetuar a liquidação antecipada em até 30 dias.
O levantamento também revelou o panorama das demais regiões brasileiras. A região Norte apresentou o maior percentual de financiamentos evitados, com 2,2% dos R$ 4,3 bilhões solicitados, e uma taxa de 2,5% de alertas ativos de indícios de desmatamento ilegal sobre as 7,2 mil solicitações feitas. No Nordeste, embora tenha sido registrada a maior taxa de alertas ativos (2,8% das mais de 9,4 mil solicitações), o percentual de financiamentos evitados foi de 1,6%, o segundo maior entre as regiões, sobre um montante de R$ 5,95 bilhões.
A região Sudeste apresentou os melhores indicadores de sustentabilidade, com bloqueio de apenas 0,4% do total de R$ 15,4 bilhões solicitados e alertas de indícios de desmatamento ilegal correspondentes a 0,3% das 46,3 mil operações analisadas. No Centro-Oeste, onde se encontra Mato Grosso do Sul, foram bloqueados 0,8% dos R$ 20,1 bilhões solicitados, com cerca de 1% das 22,3 mil solicitações contendo alertas de desmatamento irregular. No Sul do país, o volume de crédito evitado foi de 0,9% sobre os R$ 42,3 bilhões solicitados, enquanto 1,1% das 252,1 mil solicitações apresentaram indícios de desmatamento ilegal.
O estado do Amazonas liderou o ranking nacional dos percentuais de financiamento evitado, com 12,64% do valor solicitado bloqueado e 6,25% das operações apresentando alertas de desmatamento em apenas 48 solicitações. Entre os dez estados com maiores percentuais de financiamento evitado, quatro pertencem à região Norte (Amazonas, Tocantins, Acre e Rondônia) e seis ao Nordeste (Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Ceará). O Distrito Federal e o Amapá foram as únicas unidades da federação sem qualquer alerta de indício de desmatamento, resultado associado ao baixo número de solicitações de crédito rural feitas ao BNDES nesses territórios.
Atualmente, os empréstimos do BNDES a produtores rurais alcançam 95% de todos os municípios brasileiros, com o apoio de uma ampla rede de 70 instituições financeiras credenciadas, responsáveis por repassar os recursos e garantir a observância dos critérios ambientais estabelecidos.
Assim, a atuação do BNDES, especialmente em estados como Mato Grosso do Sul, consolida-se como referência na promoção de uma política de crédito rural ambientalmente responsável, que valoriza a produção sustentável e combate, de forma rigorosa e sistemática, práticas que comprometem os ecossistemas brasileiros.
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