Mato Grosso do Sul, 7 de julho de 2025
Campo Grande/MS
Fuente de datos meteorológicos: clima en Campo Grande a 30 días

Mercado agrícola registra recuo nos preços do milho e do feijão em meio ao avanço das safras e maior oferta nacional

Milho atinge o menor valor do ano e feijão-carioca recua com colheita em Minas Gerais e Goiás, enquanto produtores enfrentam cenário de baixa demanda e estoques elevado

O início de julho chegou trazendo fortes sinais de pressão sobre os preços de duas das mais importantes commodities alimentares do país: milho e feijão. Segundo análises recentes do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ambas as culturas enfrentam quedas consecutivas nos valores de comercialização, impulsionadas por fatores distintos, mas com raízes comuns: maior oferta, demanda retraída e limitações logísticas.

Milho atinge piso de 2025 com ampla oferta no mercado interno

A cotação do milho caiu a níveis inéditos em 2025, alcançando os menores patamares nominais desde setembro de 2024. Na praça de Campinas (SP), referência nacional, a saca de 60 quilos foi negociada a R$ 64,05 na sexta-feira, 4 de julho, refletindo uma retração acumulada de 4,43% apenas nos primeiros dias do mês.

O principal vetor da desvalorização tem sido o aumento da oferta no mercado físico. Ainda que o ritmo da colheita da segunda safra esteja abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, produtores vêm enfrentando dificuldades relacionadas à armazenagem. Muitos optaram por liberar espaço nos silos, forçando a entrada de volumes maiores do cereal no mercado spot e aceitando preços mais baixos em troca de liquidez imediata.

A baixa atratividade da exportação, com paridade reduzida em função do câmbio e da competitividade internacional, também contribuiu para o atual cenário. Com isso, parte dos produtores se vê pressionada a comercializar o grão no mercado interno, onde os compradores, por sua vez, têm adotado uma postura cautelosa, adquirindo apenas lotes pontuais para suprir o consumo imediato.

Feijão cai diante do avanço da colheita e retração das indústrias

No mesmo compasso de baixa, o mercado de feijão segue pressionado pelo avanço da colheita da segunda safra, sobretudo em Minas Gerais e Goiás. Com a entrada de lotes de boa qualidade no mercado, os preços do feijão-carioca, principal variedade consumida no país, vêm caindo de forma acentuada. Segundo o Cepea, a cotação da saca de 60 quilos no leste goiano recuou 1,32% na última sexta-feira, sendo negociada a R$ 176,91. Já o feijão de melhor qualidade, mais valorizado por empacotadoras e distribuidores, teve queda de 1,85%, alcançando R$ 198,21 por saca.

A retração das compras por parte dos empacotadores é outro elemento decisivo. Diante da expectativa de novas quedas, esses agentes têm adotado postura conservadora, adquirindo lotes apenas para renovação de estoques, o que acentua a pressão sobre os preços mesmo em produtos de alta qualidade.

No Paraná, Estado líder na produção de feijão-preto, o cenário é semelhante. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), 98% da área da segunda safra já havia sido colhida até 30 de junho. Na metade sul do Estado, o feijão-preto foi cotado a R$ 130,09 por saca na sexta-feira, registrando queda diária de 0,81%, em linha com a tendência nacional.

Cenário agrícola desafia rentabilidade dos produtores

O atual panorama de retração nos preços do milho e do feijão levanta preocupações entre produtores, especialmente os de menor porte, que enfrentam margens mais apertadas e menor capacidade de estocagem. Com a demanda interna desaquecida e os canais de exportação enfraquecidos, a comercialização das safras vem exigindo estratégias mais cautelosas e maior atenção aos custos de produção e armazenamento.

Para o milho, a expectativa é que as pressões se mantenham até que haja uma redução da oferta no mercado spot ou uma retomada significativa da demanda externa, o que poderia dar fôlego às cotações. Já no mercado do feijão, a chegada de novos lotes da safra em curso tende a manter o viés de baixa, ao menos no curto prazo, sendo necessário acompanhar o comportamento das indústrias e dos consumidores nos próximos meses.

Conclusão

Com o avanço das safras e o aumento da oferta de milho e feijão, o mercado agrícola brasileiro entra em um novo momento de ajustes. A pressão sobre os preços sinaliza desafios importantes para a cadeia produtiva, ao mesmo tempo em que pode gerar alívio temporário para o consumidor final. A continuidade desse cenário dependerá de fatores como o câmbio, a dinâmica da exportação e o comportamento da demanda interna ao longo do segundo semestre de 2025.

#MercadoDoMilho #PreçoDoFeijão #CommoditiesAgrícolas #MilhoEmQueda #FeijãoCarioca #ProduçãoRuralBrasileira #SafraDeMilho #ColheitaDoFeijão #AgronegócioEmFoco #DemandaAgrícola #CotaçõesAgrícolas #DesafiosDoCampo

Suas preferências de cookies

Usamos cookies para otimizar nosso site e coletar estatísticas de uso.