Em um ambiente de negociações contidas e atenção redobrada às movimentações do mercado interno e externo, o preço do boi gordo manteve-se estável na maioria das regiões brasileiras nesta quarta-feira, 2 de julho. Das 32 praças acompanhadas diariamente pela Scot Consultoria, 27 registraram estabilidade nas cotações em relação ao dia anterior, revelando um cenário de equilíbrio entre oferta e demanda, ao menos no curto prazo.
Entre os poucos recuos observados, destacaram-se os registrados no Mato Grosso do Sul, onde as três principais praças — Campo Grande, Dourados e Três Lagoas — apresentaram queda nos valores pagos pela arroba. Além disso, o oeste da Bahia e Santa Catarina também registraram retrações. Apesar desses movimentos pontuais, os preços seguem sustentados nas principais praças do Sudeste.
Nas referências de Araçatuba e Barretos, em São Paulo, a arroba do boi gordo permaneceu cotada a R$ 310 para pagamento a prazo, refletindo o alinhamento entre a oferta de animais terminados e a necessidade de compra dos frigoríficos. As escalas de abate, segundo a Scot, estão confortáveis e, em média, atendem à demanda por até 11 dias.
Consumo interno ainda contido e frigoríficos exportadores atuando com firmeza
Apesar da oferta ajustada, o escoamento da carne bovina no mercado doméstico permaneceu lento, o que gerou certo conservadorismo por parte dos compradores. No entanto, a expectativa é de melhora no consumo a partir do quinto dia útil do mês, com a liberação das folhas de pagamento.
Por outro lado, os frigoríficos voltados à exportação mantêm postura firme nas aquisições, garantindo certo piso para os preços, ainda que as compras estejam sendo realizadas em volumes comedidos e de forma cautelosa.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com as escalas de abate já preenchidas, os frigoríficos evitam pressionar o mercado e preferem negociar lotes pequenos, mantendo os valores estáveis ou com leves correções negativas. Os preços em São Paulo oscilaram entre R$ 310 e R$ 315, com registros esporádicos de negociações a R$ 305 por arroba.
Fêmeas em desvalorização ampliam diferença de preços em junho
Um dos fatores que vêm pressionando a média das cotações é o aumento da oferta de fêmeas para abate, especialmente vacas e novilhas. Segundo o Cepea, em junho a diferença entre os preços pagos pelas fêmeas e os do boi gordo atingiu o maior patamar desde dezembro de 2023. Este movimento rompeu a tendência de aproximação de preços observada nos primeiros meses do ano.
No Estado de São Paulo, a arroba do boi gordo foi vendida com ágio médio de R$ 27 sobre as fêmeas — 38% superior ao diferencial registrado em maio e 46% acima do observado em junho de 2024. No Mato Grosso, o deságio das fêmeas foi de R$ 22,67, alta de 29% frente ao mês anterior e de 25% em relação ao mesmo período do ano passado.
Expectativas para julho e projeções para o segundo semestre
A consultoria Agrifatto avalia que, para a primeira quinzena de julho, deve predominar uma pressão baixista, dada a combinação entre oferta ainda firme de animais e consumo interno tímido. Contudo, em uma análise de médio prazo, a expectativa é de que os preços sejam sustentados ou até mesmo apresentem recuperação no segundo semestre.
Historicamente, o segundo semestre é marcado pela redução da oferta de fêmeas, o que contribui para valorizar a arroba, especialmente com o fortalecimento da demanda doméstica e das exportações. A perspectiva é de que, superada essa fase de ajuste pontual, o mercado possa reencontrar espaço para avanços mais consistentes.
Em meio a esse cenário, produtores e agentes do setor acompanham atentamente não apenas os indicadores de consumo, mas também o desempenho das exportações e as possíveis mudanças na demanda chinesa e de outros mercados relevantes.
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