A nova safra de cana-de-açúcar no Brasil vem aí, e as previsões mostram um cenário misto. De um lado, a moagem deve cair um pouco por causa do clima que não ajudou muito no Sudeste. Do outro, o açúcar pode alcançar um recorde histórico de produção, mostrando que o setor ainda tem muito fôlego.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve moer cerca de 663,4 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2025/26. Isso representa uma queda de 2% em relação à safra passada. Apesar disso, a área plantada segue praticamente no mesmo tamanho: 8,79 milhões de hectares, com aumento discreto de 0,3%.
O problema maior está mesmo no clima. Em várias regiões, principalmente no Sudeste, a estiagem, o calor intenso e até incêndios castigaram as lavouras. São Paulo, maior produtor do país, foi duramente afetado. A produtividade média nacional ficou em 75.451 quilos por hectare, 2,3% a menos do que na safra anterior.
No Sudeste, a quebra foi mais forte. A região deve colher 420,2 milhões de toneladas de cana, 4,4% a menos do que em 2024/25. Em São Paulo, as lavouras tiveram baixa pluviosidade, calor acima do normal e até focos de fogo, o que prejudicou a produtividade, estimada em 77.573 kg/ha. A área colhida também deve ser menor.
Já no Centro-Oeste, o cenário é mais animador. A região deve crescer 2,1% na produção, chegando a 148,4 milhões de toneladas. Isso acontece por conta do aumento da área plantada, que subiu 3,4%. Mesmo com uma leve queda na produtividade, a região segue puxando o setor com força.
No Sul, as coisas estão mais equilibradas. A produtividade deve continuar parecida com a do ano passado, em torno de 69 mil kg/ha. A área plantada vai subir um pouco, o que deve levar a uma produção de 34,4 milhões de toneladas.
No Nordeste, onde a colheita começa só em agosto, a expectativa é de crescimento. Com lavouras se desenvolvendo bem e área maior, a produção pode subir 3,6%, batendo 56,3 milhões de toneladas. O Norte também entra nessa onda positiva, com produção estimada em 4,2 milhões de toneladas graças ao clima favorável e mais áreas destinadas ao cultivo.
Mesmo com menos cana, vem muito açúcar
Apesar da moagem menor, a Conab prevê um aumento na produção de açúcar, que pode chegar a 45,9 milhões de toneladas. Se isso acontecer, será a maior produção da história registrada pela companhia. Isso mostra que as usinas estão focando mais na fabricação de açúcar, aproveitando os preços mais atrativos no mercado internacional.
Já o etanol vai sentir um pouco o baque da menor quantidade de cana. A produção total, somando o etanol da cana e do milho, deve cair 1%, ficando em 36,82 bilhões de litros. Quando se olha só o etanol vindo da cana, a queda é maior: 4,2%, resultado direto da menor oferta da matéria-prima.
O etanol hidratado, que vai direto para os postos e é usado nos carros flex, deve cair 12,3%, fechando em 16,74 bilhões de litros. Já o etanol anidro, que é misturado à gasolina, deve subir 10,8%, com produção de 11,3 bilhões de litros.
Mas o milho entra como reforço. A produção de etanol feito a partir do cereal deve crescer 11%, alcançando 8,7 bilhões de litros. Essa aposta vem ganhando espaço ano após ano e tem sido essencial para equilibrar o setor de biocombustíveis.
Com esse panorama, o Brasil mostra que, mesmo diante das dificuldades climáticas, o setor sucroenergético continua forte. A estratégia das usinas, apostando mais na produção de açúcar e compensando com o milho no caso do etanol, é um reflexo da adaptação do agronegócio brasileiro às novas realidades do campo e do mercado.
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